Ando de moto há 50 anos. Minha primeira vez foi no jardim da casa de um amigo rico, com uma Honda SS 50, moto rara na época e hoje peça de colecionador. Naquela época, década de 70, havia poucas motos, uma ou outra sem o miolo (abafador interno do escapamento), o que gerava um ruído diferente e transgressor.
Quem tinha a felicidade (e muita grana) de possuir uma das Honda da linha CB (400 Four, 500 Four, 550 Four e 750 Four) muitas vezes não resistia e trocava os escapamentos por um 4 em 1. O som do motor 4 cilindros da Honda dessa época é algo inexplicável, até hoje inigualável.
Bom, mas tudo isso para chegar aos nossos dias, a esta selva de motoboys zumbindo por entre corredores de carros, fazendo barbaridades diariamente em quase todas as cidades do país. Não quero generalizar, sempre há profissionais que seguem as normas e leis de trânsito, mas os bons pagam pelos maus.
A impressão é que os caras correm contra o tempo 24 horas por dia. Pra piorar, alguns trocam os escapamentos por outros, superbarulhentos, com decibéis muito acima do permitido pela atual legislação. E não basta apenas buzinar quando estão passando pelos corredores de carros. Muitos também aceleram para alertar que estão passando. Um caos sonoro e um desrespeito às leis.
Por isso, é bem-vindo o projeto de lei 133/2019, de autoria do vereador Marcão da Academia (DEM), autorizando a Guarda Municipal, agentes de mobilidade urbana e Polícia Militar quando em atividade delegada a fiscalizar motocicletas para verificar se o ruído emitido nos escapamentos está acima do limite permitido por lei.
Tudo isso vai mudar daqui alguns anos, quando a maior escala de produção diminuir o preço de bikes e motos elétricas. Aí teremos um mar de tranquilidade, apenas o zumbido baixinho dos motores elétricos. Enquanto isso não chega, vamos cobrar as autoridades para que essa fiscalização seja rigorosa.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.