Atos golpistas em Brasília recebem condenação geral

O país e o mundo foram surpreendidos na tarde de domingo (8) pela ação de desordeiros na depredação dos símbolos da República e da democracia brasileiras. A resposta veio nas horas seguintes: intervenção do governo federal na segurança pública do GDF (Governo do Distrito Federal) até o dia 31 e afastamento por 90 dias do governador Ibaneis Rocha (MDB) pelo SFT (Supremo Tribunal Federal).

Como acontece depois de um terremoto ou de um furacão, começa nesta segunda-feira o longo trabalho de rescaldo, de remoção de toda a sujeira provocada pelo desastre. No caso da presepada de Brasília, a limpeza deve acontecer com a prisão, identificação e abertura de processo contra os criminosos, além do mesmo procedimento contra seus mandantes e financiadores.

É hora também de separar as coisas. De um lado ficam os opositores do novo governo, que devem continuar exercendo seu direito de criticar, fiscalizar, denunciar e tentar retirá-lo do poder nas próximas eleições. De outro lado ficam os que não acreditam nos métodos democráticos e acham que podem atentar contra um governo eleito legitimamente, gostem dele ou não. A estes, as instituições devem aplicar uma política de tolerância zero, lotando prisões se isto for necessário.

A coluna Política & Políticos estava em recesso depois de um período eleitoral conturbado e voltaria na próxima semana. Os acontecimentos precipitaram o retorno. Vamos acompanhar de perto a política nacional e suas repercussões em São José dos Campos e região.

REPERCUSSÃO

Defesa da democracia

Os atos de vandalismo em Brasília repercutiram rapidamente na classe política de São José, a quase totalidade condenando duramente a ações dos golpistas e a omissão de autoridades. A seguir, declarações publicadas nas mídias sociais e outras ouvidas pela coluna.

“Manifestações populares são um grande sinal de alerta para governos democráticos, desde que sejam feitas com ordem e respeito às pessoas e ao patrimônio público. O que estamos assistindo e vivenciando em Brasília é um péssimo exemplo de exercício de direito democrático. Depredação e invasões às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não podem ser toleradas. Esses atos me lembram as antigas invasões e depredações do MST e MTST no Congresso e ministérios. Esquerda ou direita, sempre defenderei a verdadeira democracia.”

Felicio Ramuth

PSD, vice-governador do Estado de São Paulo

“Repudio profundamente os atos de violência acontecidos hoje [ontem] em Brasília, capital do nosso país. Acredito na democracia do diálogo e do respeito. Toda manifestação pacífica é legítima e deve ser respeitada, mas não é o que estamos assistindo em Brasília.”

Anderson Farias

PSD, prefeito de São José dos Campos

“Quem agride e destrói patrimônio público deve ser punido com o máximo rigor da lei. Nada, absolutamente nada justifica isso. Para alguém que, como eu, sempre lutou e combateu o vandalismo militante da esquerda, é inadmissível o que aconteceu ontem em Brasília.”

Eduardo Cury

PSDB, deputado federal

“Civismo e patriotismo sim, vândalos não! Faço parte de uma direita conservadora, defensora da ordem e do progresso, um movimento referência de respeito às instituições, à liberdade e à democracia, e não de vandalismo. Foi assim que tiramos uma ex-presidente do poder e que elegemos Bolsonaro em 2018. Assim vamos permanecer, combatendo o bom combate. A direita conservadora permanece sim, mas as atos de hoje [ontem], a meu ver, tem infiltrados, e isso não nos representa.”

Leticia Aguiar

PP, deputada estadual

“Lamentável o ataque de terroristas bolsonaristas à democracia, ao estado de direito e ao patrimônio cultural nacional. São criminosos que devem pagar por seus atos. Defender ideias e reivindicações é legítimo, mas propagar golpe de estado é crime.”

Carlinhos Almeida

PT, ex-deputado federal e ex-prefeito de São José dos Campos

TOQUE FINAL

As vivandeiras de sempre

“Eu os identifico a todos. São muitos deles os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias ao poder militar.”

Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco

Primeiro presidente do regime militar (1964 a 1985), referindo-se aos civis que, três décadas antes, apelaram ao poder militar para livrar-se da Velha República, comparando-os com os que, em todos os tempos, tentam atrair os militares para aventuras golpistas contra a democracia.

*Texto atualizado às 13h04 do dia 9/1/2023 para inclusão de depoimento do ex-prefeito e ex-deputado Carlinhos Almeida (PT).