Eu sua cinebiografia, Spielberg é o garoto Sammy Fadelman (ao centro). Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

“Filmes são sonhos dos quais você nunca se esquece.”

Steven Spielberg

Ratifico aqui a frase de colunas anteriores: nada substitui a emoção de um filme na telona! E é exatamente esta a ideia apresentada por Steven Spielberg aos telespectadores nos primeiros minutos de “Os Fabelmans”, a mais nova obra deste grande diretor, inspirada em sua infância.

Passeamos pela vida do garoto Sammy/Sam, apelido de Samuel Fabelman (o excelente jovem ator Gabriel LaBelle: “O Predador” e série “Gigolô Americano”), que numa noite de 1952 é levado ao cinema pelos pais, Mitzi (brilhante atuação de Michelle Williams: “Manchester à Beira-mar”, “Sete Dias com Marilyn”, “O Segredo de Brokeback Mountain”) e Burt (Paul Dano: “Pequena Miss Sunshine”, “Looper”).

Impressionado com as cenas de “O Maior Espetáculo da Terra”, do diretor John Ford, o menino tenta reproduzi-las em casa, com seus trens e uma velha câmera do pai; depois de muitas tentativas e alguns estragos, finaliza seu primeiro filme, que mostra para a mãe às escondidas –belíssimo o close no rosto atônito de ambos nesse momento de indescritível emoção.

A partir daí Sam passa a filmar tudo ao redor: passeios e outros momentos da família –com a presença constante do amigo do pai, Bennie (Seth Rogen: “Ligeiramente Grávidos”, “A entrevista”)–, faz filmes de guerra (com os amigos do escotismo, criando cenas cada vez mais realistas e que impressionam a todos) etc. Entretanto, mesmo com o visível aprimoramento e paixão pelos filmes, seu pai ainda considera isso apenas um hobby e enxerga para o filho um futuro profissional semelhante ao seu, desenvolvedor de computadores.

Desde o início, as tradições judaicas dos Fabelmans são bem marcadas com o dialeto iídiche das avós, a festa de Chanuka (próxima ao Natal), o luto (Shivá), assim como o preconceito (numa nova escola, o adolescente Sam sofre agressões físicas e verbais pelo fato de ser judeu) e as contradições religiosas ao namorar Monica (Chloe East: “O Lobo de Snow Hollow”, série “Generation”) que, em ótimas cenas cômicas, o ensina a adorar Jesus –antes e depois de momentos íntimos.

Ao emergirem questões que afetam a família, agravadas pelas mudanças constantes de cidade em virtude do trabalho do pai (engenheiro famoso, que passou por empresas como GE e IBM), a saúde da mãe fica abalada ao mesmo tempo em que o jovem Sam constata um problema conjugal do casal, perdendo a vontade de usar sua câmera… E eu paro por aqui, sugerindo a você que não demore a ir numa das salas de cinema da cidade onde o filme está em exibição –e, claro, dê preferência à opção de sessão legendada. Capture cada momento e desfrute intensamente dos 151 minutos deste filme inesquecível!

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Série

Wandinha

“Wednesday” é o título original desta nova série da Netflix, um programa que certamente vai agradar a todos os gostos e idades. Aquela garotinha, filha de Mortícia Addams (Catherine Zetha-Jones: “Terapia de Risco”, “A Máscara do Zorro”, “Chicago”) cresceu, mas permanece fria, inteligente, impassível, sagaz, com um delicioso repertório de sarcasmo que emoldura a grandeza da atriz.

Wandinha (Jenna Ortega: “O Homem de Ferro 3”, “Pânico – 2022”, série “Jane the Virgin”) foi expulsa de várias escolas e é levada pelos pais para a famosa academia Nevermore (Nunca Mais), frequentada por jovens “diferentes”. Única a usar roupas pretas e compridas, não sorrir nem admitir toques corporais, além de caminhar com rigidez, a jovem desperta a atenção de todos; aos que duvidam ou zombam dela, mostra suas várias habilidades vingativas –como jogar um pacote de piranhas famintas na piscina onde estão os jovens que praticaram bullying com seu irmão caçula numa escola anterior.

Wandinha sai da Família Addams para protagonizar uma divertida série na Netflix. Foto / Divulgação

Em Nevermore, Wandinha começa a investigar assassinatos estranhos que têm ocorrido na cidade e acaba descobrindo segredos de muitos colegas com poderes paranormais. A diretora de Nevermore, Larissa (Gwendoline Christie: “Mentes sombrias”, série “Game of Thrones”), é arqui-inimiga de Mortícia, sua ex-colega de academia – ambas guardam um segredo que envolve o pai de Wandinha, Gomez Addams (Luis Guzmán: “9/11”, “Família do Bagulho”, série “Code Black”). A simpática professora de Botânica é Marilyn (Cristina Ricci: (“A Família Addams” [a pequena Wandinha], “Um Amor Após a Vida”, “Gasparzinho”), que aparenta ser “normal”, sem poderes sobrenaturais, mas pouco a pouco vemos que esconde alguns mistérios.

Tim Burton (“Edward Mãos de Tesoura”, “Dumbo”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) dirige a série e capricha nos efeitos especiais. Já preparou a pipoca? Então chama a família porque todos vão se divertir!

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.

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