Ilustração / Google/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Que o mundo não é mais o mesmo, não é preciso que eu escreva aqui, você já sabe decor e salteado. Tudo muda a uma velocidade espantosa. Não vai demorar muito e, por exemplo, uma realidade que jamais passou da mais delirante ficção nas nossas infâncias, vai acabar acontecendo: teremos carros voadores. Sim, serão grandes drones transportando pessoas e você poderá estar ao “volante” de um deles.

É claro que quanto mais a tecnologia evolui, menos ela nos deixa mexer com ela, o que me faz lembrar uma piada que tem como personagens macacos e um brasileiro –nada a ver com o nosso senador e ex-astronauta Marcos Pontes–, como na moda atual, é apenas ficção. A piada é a seguinte:

A Nasa enviou ao espaço três macacos e um brasileiro. Da central, comunicam:

– Nasa para a Nave. Macaco nº 1, configurar painel de controle da nave espacial.

Depois de alguns segundos:

– Configuração efetuada!

– Macaco nº 2, verificar a pressurização da nave espacial –comandam da central.

Depois de alguns segundos:

– Pressurização verificada!

De volta da central:

– Macaco nº 3, alinhar a rota da Nave espacial.

Alguns segundos e…

– Rota alinhada!

E por fim, a Nasa diz:

– Astronauta brasileiro…

E responde o brasileiro:

– Já sei, já sei. Põe comida para os macacos e não mexe em nada.

Pois é. Até nas piadas o ser humano, que a gente ainda acredita que seja o topo na escala da evolução, perde para as máquinas e, nesse caso, até para os animais.

Pois me parece que as grandes corporações que controlam conquistas tecnológicas, como Google, Facebook, WhatsApp, Instagram e outras gigantes de alcance planetário estão pensando exatamente como a Nasa na anedota acima.

Nesta segunda-feira, acordei animado, por volta de 6h, como quase sempre, rabisquei a minha agenda do dia, os textos que iria escrever e/ou editar aqui neste SuperBairro, e coloquei a mão na massa. Como parte da rotina, é claro, verifiquei meu WathsApp e meu Facebook –estou meio ausente no Instagram por absoluta falta de tempo.

Como havia turbinado, ou seja, feito um anúncio pago de um conteúdo do SuperBairro no Facebook, fui até lá conferir como os acessos e o engajamento estavam caminhando. Em seguida, dei copidesque e editei um texto da Agência Brasil –uma boa agência de notícias comandada pelo governo federal com informações úteis e sem muita propaganda oficial– e publiquei o texto no site do SuperBairro e nos seis perfis e páginas do Facebook onde costumo compartilhar o conteúdo.

Tudo normal. Até que, como o dia estava tão agradável, resolvi convidar novas pessoas para seguir o grupo do SuperBairro no Facebook. Quando completei a seleção dos primeiros 100 nomes, comandei o envio dos convites e fui automaticamente presenteado com o bloqueio da minha conta, que gerencia uma página e dois perfis.

Adivinhe o aviso que entrou no monitor do micro. Foi mais ou menos isto: como você fez algo incomum na sua rotina aqui no Facebook, sua conta foi bloqueada para te proteger. Verdade, foi isso mesmo. Quase igual o brasileiro da piada que só podia dar comida aos macacos e nada mais.

Quase igual também o que o atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho, pretende fazer ao impedir saques nos aniversários das contas do FGTS porque, segundo ele, sabe como é, brasileiro não sabe administrar e vai acabar gastando todo o seu saldo em bobagens. Isto mesmo. Ele quer impedir que o trabalhador mexa na sua própria conta, decida como usar o seu próprio dinheiro, porque simplesmente acha que o seu ministério deve ser o tutor do dono do dinheiro, uma espécie de “pai dos pobres” moderno.

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BBB da vida real

Veja você, leitor, a situação em que eu fui me meter. Estou com a conta do Facebook bloqueada porque cometi o “crime” de querer ter mais seguidores e porque não fazia isso há algum tempo. Tento entrar em contato com o suporte deles e é impossível porque, para acessar o suporte, meu perfil tem que abrir. E como a conta está bloqueada, não abre nada.

Agora pense… este não é um mundo comandado por um “big brother”, como o criado pelo escritor George Orwell no célebre romance “1984”? Nele, o “grande irmão”, ou o “irmão mais velho”, que dizem ser a melhor tradução para o português, comanda a vida das pessoas nos mais mínimos detalhes, transformando a todos em robôs obedientes. E ai de quem desobedecer…

É assim que estou me sentindo em relação ao Facebook e à minha conta. Aguardo o “irmão mais velho” voltar a falar comigo, já que eu não consigo falar com ele. O pior é que, enquanto ele não falar comigo, não posso também falar com vocês. Portanto, não sei quando você irá ler esta crônica, já que para isso terá que entrar direto no site.

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Vem aí o metaverso

Mas se você achava que o mundo do BBB parou por aí, espere só pra ver como será o tal metaverso criado pela mesma empresa dona do Facebook e do Instagram, a Meta, do norte-americano Mark Zuckerberg. Ele está chegando e promete transformar gente de todas as idades e QIs em meros zumbis.

Segundo o Google, “o metaverso é uma espécie de universo que mistura o mundo real e o virtual, sendo considerado uma evolução da internet. Ele é um ambiente digital onde é possível se inserir, ou seja, entrar nele, e é construído por diversas tecnologias como, por exemplo, realidade virtual e realidade aumentada”. Ele diz mais: “Por meio do metaverso, as pessoas poderão utilizar avatares para terem uma vida social e até adquirir bens em uma realidade na internet”.

Percebeu? Esses malucos transformaram em realidade o velho e manjado golpe de vender terrenos na Lua! E acredite, muita gente vai comprar, da mesma forma que tenta comprar “terrenos no céu” enriquecendo igrejas e templos.

E quando você precisar falar com eles, assim como acontece no Facebook, fique frio, pois isso é praticamente impossível. Aguarde: talvez eles falem com você um dia.

 

> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 46 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

 

*Texto atualizado às 19h10 do dia 31/1/23 para revisão ortográfica, gramatical e de estilo.

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