O trabalho de supressão e retirada do tronco e galhos interrompeu o trânsito na rua durante quase todo o dia. Foto / SuperBairro

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Supressão ocorreu sete dias após reunião de representantes do bairro com o prefeito Anderson Farias, devido a “danos ao patrimônio público e privado”; líder do grupo disse que irá pedir compensação com plantio no próprio bairro

 

DA REDAÇÃO

A Prefeitura de São José dos Campos suprimiu nesta terça-feira (22) uma árvore de grande porte na rua Remo Cesaroni, na Vila Ema, a cerca de 20 metros da esquina com a rua Justino Cobra. O trânsito na rua ficou interrompido durante boa parte do dia para o serviço de corte e retirada dos troncos e galhos.

Contatada pelo SuperBairro, a Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade (Seurbs), que tem o poder de definir o destino das árvores urbanas da cidade, não mencionou que a espécie estava condenada por comprometimento fitossanitário de suas raízes ou tronco. “A equipe [técnica] optou pelo deferimento da supressão, pois a árvore causou danos ao patrimônio público e privado devido ao crescimento acentuado da raiz”, explicou.

A nota informou que “o diagnóstico que justificou a supressão foi emitido no laudo 59/2022, em resposta ao processo 137809/2021, feito por equipe interna [da secretaria]”. E concluiu: “Este motivo está previsto no Inciso IV do artigo 9º da Lei Municipal 5097/1997 e suas alterações”.

Perguntada por que a supressão foi decidida somente agora, uma vez que, segundo um morador de residência próxima à árvore cortada, cerca de 15 solicitações foram feitas desde 2012, sempre indeferidas, a assessoria da Seurbs pediu os protocolos –que o SuperBairro não possui–, justificando que “precisamos dos números de protocolos para checar estas informações”.

O tronco principal, com um diâmetro fora do comum, ocupava quase todo o espaço da calçada. Foto / SuperBairro

Compensação

Patrícia Borges, líder do grupo “Moradores Vila Ema”, criado no Facebook para levar até o Poder Público reivindicações da população do bairro, disse que esteve no local conversando com a equipe que executou a supressão. “Fico muito triste por ver uma árvore como aquela sendo retirada, mas devemos confiar na avaliação técnica realizada”, afirmou.

Ainda segundo Patrícia, na reunião com o prefeito Anderson Farias (PSD) no último dia 15, foi tratada a questão das árvores da Vila Ema. “Ressaltei a importância do estudo sobre a situação das árvores do bairro, particularmente sobre a segurança, tendo em vista a tragédia que ocorreu no último dia 13 de julho [na avenida Paulista, Jardim Esplanada], e ele garantiu que nenhuma árvore seria suprimida sem necessidade”, explicou.

Enquanto a supressão dividiu opiniões no grupo de moradores, a líder do movimento disse que irá solicitar ao prefeito “que sejam plantadas árvores adequadas em nosso bairro como forma de compensação”.

A Prefeitura explicou, ainda por meio da Seurbs, que os pedidos de supressão de árvores são analisados pelos técnicos do Departamento de Gestão Ambiental e, caso autorizados, “são encaminhados para equipes da Secretaria de Manutenção da Cidade, que executam o serviço seguindo as demandas já existentes e dando prioridades para situações emergenciais, onde há risco de queda da árvore, entre outros possíveis danos”.

O SuperBairro fez contato com dois membros da família que teria solicitado as supressões, porém, após a confirmação de terem feito os pedidos, até a publicação desta reportagem não houve novo retorno. Caso haja manifestação sobre o assunto, o texto será atualizado.

[Leia a atualização a seguir.]

Cadeirante sendo obrigada a passar pela rua, pois a árvore ocupava toda a calçada. Foto cedida

Mais de 10 pedidos

A família da dentista Gabriela Nishioka é proprietária do imóvel cuja árvore ocupava boa parte da calçada. Há cerca de um ano ela mantém um consultório odontológico no local. “A árvore era linda, quando vi sendo cortada bateu uma tristeza muito grande, mas esse tipo de árvore não foi feito para estar no meio urbano”, disse ao SuperBairro, dias após a supressão.

Gabriela contou que a família vinha fazendo pedidos de supressão desde 2012. “Foram mais de dez pedidos, pois o processo expirava e tínhamos que entrar com outro”, relatou. “Pedíamos também a adequação da calçada, pois já aconteceram quedas de pessoas, veículos não conseguiam estacionar no local e cadeirantes tinham que transitar pela rua.”

Ela lembrou que “há dois ou três anos, uma engenheira avaliou a árvore e disse que, quando uma árvore está danificando o imóvel, ela tem que ser retirada. Nosso portão tinha que ser consertado de tempos em tempos porque empenava com o crescimento da raiz”. Além disso, segundo Gabriela, pessoas jogavam lixo junto ao tronco e o local chegou a ser ponto de entregadores de comida.

“Não fomos avisados da supressão, mas agora que o problema foi resolvido estamos esperando a destoca, que nos disseram que pode levar até 30 dias”, afirmou.

Quanto à arborização urbana da rua e de toda a Vila Ema, Gabriela disse que “deveria haver mais plantio de árvores, mas desde que sejam próprias para áreas urbanas, como o ipê”. E concluiu: “a princípio, o replantio de uma nova muda é bom, mas primeiro é preciso reparar a calçada e o asfalto da rua”.

 

*Texto atualizado às 20h40 do dia 22/8/23 para revisão ortográfica e de estilo.

**Texto atualizado às 16h43 do dia 31/8/23 para inclusão de entrevista com a dentista Gabriela Nishioka.

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