Foto / casamentos.com.br/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Terríveis imagens que há meses atrás vi numa filmagem, o ruinoso estado em que se encontra o Clube de Campo Luso-Brasileiro. Foi num vídeo no Youtube, não guardo os dados. O sujeito soltou um drone com câmera e filmou integralmente as instalações do clube, hoje parecendo um lugar mal-assombrado.

Esse clube, de bastante importância para São José dos Campos, foi fundado pela comunidade portuguesa da cidade, da Sociedade Beneficente Luso-Brasileira de N. S. de Fátima. Essa entidade existe há décadas e eu costumava ir com meu pai, na década de 1960, comer uma bacalhoada ali na Praça Nossa Senhora de Fátima, onde existe uma capela, no Jardim Nova América. Que delícia!

Anos depois fundaram o clube de campo, lá na Estrada da Vargem Grande, zona norte, aliás, na mesma região onde o grande poeta Cassiano Ricardo nasceu e cresceu, pois seu pai, Francisco Leite Machado, o Chiquinho Leite, tinha um sítio por aquelas bandas. Instalou-se o clube onde era a sede da antiga fazenda do Donato Mascarenhas, conhecida figura de político e cartorário de São José, uma espécie de coronel.

Aqui cabem parêntesis. Era o titular do cartório do registro de imóveis. Poderoso, Donato tinha evidentemente alguns desafetos, um dos quais parece que tentou matá-lo, não sei bem da história nem de sua veracidade. O fato é que um tal Rios, suposto assassino profissional que estava preso, certo dia, ao sair do fórum, aquele da Praça Afonso Pena, foi morto a tiros, alguns acreditando que a mando do coronel, o que duvido.

Numa ocasião, muitos anos após os fatos, meu sogro me apresentou na rua um senhor de boa aparência, pacato, fazendeiro, que mais tarde explicou ser o matador do bandido Rios. Parece que não pegou muito tempo de cana e ficou de bico calado. Outra época, talvez lenda urbana.

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Mas, voltando ao Clube Luso e ao vídeo feito pelo drone, que judiação!  A filmagem passou por tudo, pelas antigas belas alamedas, as quadras, as piscinas, o velhão casarão e o grande salão de bailes. Total abandono, de doer o coração.

Eu nunca fui sócio, porém lá fui inúmeras vezes, em seu belo salão de festas, para formatura e outros eventos, como o Baile do Rubi.  Era uma lindeza, tudo muito amplo, o mezanino, com estacionamento fácil, local aprazível. Era um clube popular e muita gente desfrutou daquilo por anos. Depois, soube que fechou, até agora não sei o motivo, uma perda para a cidade, fiquei consternado.

Aliás, a importância dos clubes reduziu-se muito, já não tendo muito apelo entre a população.  As casas e condomínios hoje têm piscina, área de lazer, quadras, as pessoas parecem não querer mais ir a clubes. Além do que, existem os clubes ligados a entidades, públicas e privadas. Saudades do Luso, como também dos bons tempos da Associação (Santa Rita) e do Tênis. Ainda querem cobrar um imposto altíssimo dessas entidades: fica difícil mantê-las.

Os tempos mudaram −nós também− só nos resta ficarmos perdidos em boas recordações.

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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