O filme retrata duas lutas de Golda Meir: por seu país e por sua vida. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Sábado à noite. Entre o megashow The Town, na Capital, e a Festa do Morango, no Jardim Oriente, muitos preferiram, como eu e meu marido, ir ao Cinemark Colinas (como já destaquei na coluna anteriormente, é uma das poucas salas com filmes legendados na cidade!). Às 18h, quando fomos comprar os ingressos, havia lugares de sobra; às 19h25, entretanto, a sala estava praticamente lotada para assistir à cinebiografia “Golda: A Mulher de uma Nação”.

No ano que completa meio século da sangrenta guerra do Yom Kipur (Dia do Perdão, uma das datas mais simbólicas do judaísmo), quando Israel foi invadida pelo Egito e pela Síria, o filme retrata a primeira-ministra Golda Meir (Helen Mirren, numa atuação particularmente espetacular: “A Dama Dourada”, “A 100 Passos de um Sonho”, “Decisão de Risco”) em seus últimos anos de vida.

As primeiras imagens mostram a Dama de Ferro (como era conhecida esta judia nascida na Ucrânia em 1898, durante o império russo) a caminho de seu depoimento sobre os fatos ocorridos e as decisões que precisou tomar durante o período de 6 a 24 de outubro de 1973, os 19 dias da batalha que ceifou milhares de vidas de ambos os lados do confronto.

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Um dos marcantes resultados dessa guerra foi a assinatura do Acordo de Paz em Camp David (EUA), em que o Egito passa a ser o primeiro país árabe a reconhecer a existência do Estado de Israel. Diálogos bem interessantes entre Golda Meir e o então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger (Liev Schreiber: “Não Olhe Para Cima”, “A 5ª Onda”. Série “Ray Donovan”), que foi a Tel-Aviv para negociar a paz com a primeira-ministra.

Com um gabinete composto apenas de homens e opiniões controversas, a experiente diplomata mostrou seu pulso durante o conflito, tomando decisões dramáticas e de altíssimo risco. Numa guerra paralela, conhecemos a luta de Golda contra o câncer, com o apoio incondicional da assistente pessoal e amiga Lou Kaddar (Camille Cottin: “Meu Legionário”, “Casa Gucci”. Série “Dix pour Cent”), fato que a levaria à renúncia do cargo no ano seguinte. Filmes como este nos dão a possibilidade de conhecer faces por vezes ocultas de grandes nomes da História.

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Série

‘Império da Dor’

A série aborda uma história real ocorrida nos EUA, um escândalo que levou muitas pessoas à dependência de um medicamento. Foto / Divulgação

“Pain killer” escancara um drama ao telespectador logo na abertura: uma mulher emotiva, usando camiseta preta, informa que a série foi produzida com nomes e algumas informações fictícias, mas baseada nos fatos reais que levaram seu filho à morte. A investigadora Edie Flowers (Uzo Aduba: Série “Orange is the New Black”) escava fatos e nomes ligados às origens do OxyContin, medicamento para dor que gerou uma verdadeira epidemia de opioides nos Estados Unidos dos anos 90.

Com forte apelo de marketing, a pílula tornou milionário Richard Sackler (Matthew Broderick: “Curtindo a Vida Adoidado”, “Lazy Susan”), que criou o conceito de união entre “o fim da dor e o prazer”, excluindo a antiga ideia de morte –então ligada ao Contin, remédio que continha morfina e habitualmente prescrito para pacientes em estado terminal de câncer.

Sackler omitiu dos órgãos públicos de saúde o aspecto viciante de OxyContin e, com a obtenção de sua aprovação, a indústria farmacêutica Purdue Pharma passou a produzi-lo e distribuí-lo em grande escala, levando à dependência e causando muitas mortes por overdose.

A série é baseada no livro de mesmo nome (título original: “Pain Killer”), do premiado repórter investigativo Patrick Radden Keefe. Disponível na Netflix para adultos e, sugiro fortemente, para adolescentes também.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há 11 anos na Vila Ema.

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