Greve em São Paulo foi deflagrada em protesto contra privatizações do governo estadual. Foto / Paulo Pinto/Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Decisão foi tomada no final da noite de terça-feira em assembleia dos trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp; serviços afetados devem voltar ao normal nesta quarta-feira

 

DA REDAÇÃO*

Terminou a paralisação na cidade de São Paulo e todos os serviços afetados devem funcionar normalmente nesta quarta-feira (4). Em assembleia concluída no final da noite de terça-feira (3), funcionários do Metrô de São Paulo, CPTM e Sabesp decidiram suspender a continuidade da greve. A paralisação de 24 horas durou da 0h até as 23h59 da terça-feira.

A volta ao trabalho foi aprovada por 79% dos votantes na assembleia, enquanto 19% defendiam a continuação do movimento. Em outra votação, 39% optaram por não haver assembleia e nem greve na próxima semana.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na manhã da terça-feira que a greve do Metrô e CPTM desrespeitava a decisão da Justiça de manter 100% das linhas funcionando nos horários de pico (das 6h às 9h) e 80% nos demais horários. Para o governador, tratava-se de uma greve ilegal, abusiva, política e com interesse corporativo.

Tarcísio afirmou ainda que a lei estabelece que processos de concessão, desestatização ou privatização têm que ser precedidos de audiências públicas e consultas à população. O governador disse que os estudos de privatização continuarão sendo realizados. “Nós vamos continuar estudando esses processos para prestar o melhor serviço para o cidadão. Não é esse tipo de movimento egoísta, abusivo, ilegal que vai nos afastar do objetivo”.

Tarcísio de Freitas citou que várias medidas foram tomadas para atenuar os impactos aos cidadãos durante a paralisação. Entre elas, a decretação do ponto facultativo e a mudança das rotas dos ônibus. A prefeitura da capital colocou mais de 12 mil ônibus em circulação, 200 a mais em relação aos dias normais.

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Dia de greve

Desde as primeiras horas da manhã de terça-feira, os paulistanos enfrentaram muitas dificuldades para se locomover pela cidade. As quatro linhas operadas pelo Metrô (incluindo o monotrilho) ficaram totalmente paralisadas, enquanto na CPTM as linhas Rubi e Coral funcionaram parcialmente, e as linhas Turquesa, Safira e Jade também foram totalmente paralisadas.

Por causa da greve, tanto o governo de São Paulo quanto a prefeitura paulistana decretaram ponto facultativo, o que fez diminuir a quantidade de pessoas que teriam de transitar pela cidade. A medida, no entanto, não aliviou o problema. Desde cedo, muitas pessoas se aglomeravam em ônibus, estações e no trânsito, com congestionamento muito acima do normal, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Por volta das 17h, por exemplo, havia 282 quilômetros de congestionamento na cidade.

Para tentar contornar a volta para casa, a Prefeitura de São Paulo informou ter adotado uma operação especial de transporte, mantendo 100% da frota em circulação e o reforço de mais 200 veículos para o pico da tarde.

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Justiça aplica multas

O Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foram à Justiça contra a greve alegando que o sindicato não cumpriu determinação judicial que previa 100% do contingente trabalhando no horário de pico e 80% nos demais horários. Com isso, a CPTM acionou o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho) e pediu que os sindicatos fossem multados em R$ 1 milhão.

Em decisão no começo da tarde, a juíza Raquel Gabbai de Oliveira entendeu que os sindicatos descumpriram a decisão e elevou a pena, multando cada um deles em R$ 500 mil. A decisão anterior previa multa de R$ 500 mil a ser repartida entre os sindicatos dos trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil e em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana. As três entidades representam funcionários da CPTM. A juíza adiou a decisão sobre multa ao Sindicato dos Metroviários.

No caso da Sabesp, o desembargador Marcelo Freire Gonçalves determinou a manutenção de 85% do efetivo dos setores de serviços básicos, como abastecimento de água e esgoto, sob risco de multa de R$ 100 mil.

 

*Com informações da Agência Brasil e do Governo de São Paulo.

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