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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Vinicius de Moraes

 

Eu não ando só

Só ando em boa companhia

Com meu violão

Minha canção e a poesia

 

Para viver um grande amor, preciso

É muita concentração e muito siso

Muita seriedade e pouco riso

Para viver um grande amor

Para viver um grande amor, mister

É ser um homem de uma só mulher

Pois ser de muitas – poxa! – é pra quem quer

Nem tem nenhum valor

Para viver um grande amor, primeiro

É preciso sagrar-se cavalheiro

E ser de sua dama por inteiro

Seja lá como for

Há de fazer do corpo uma morada

Onde clausure-se a mulher amada

E postar-se de fora com uma espada

Para viver um grande amor

 

Eu não ando só

Só ando em boa companhia

Com meu violão

Minha canção e a poesia

 

Para viver um grande amor direito

Não basta apenas ser um bom sujeito

É preciso também ter muito peito

Peito de remador

É sempre necessário ter em vista

Um crédito de rosas no florista

Muito mais, muito mais que na modista

Para viver um grande amor

Conta ponto saber fazer coisinhas

Ovos mexidos, camarões, sopinhas

Molhos, filés com fritas, comidinhas

Para depois do amor

E o que há de melhor que ir pra cozinha

E preparar com amor uma galinha

Com uma rica e gostosa farofinha

Para o seu grande amor?

 

Eu não ando só

Só ando em boa companhia

Com meu violão

Minha canção e a poesia

 

Para viver um grande amor, é muito

Muito importante viver sempre junto

E até ser, se possível, um só defunto

Pra não morrer de dor

É preciso um cuidado permanente

Não só com o corpo, mas também com a mente

Pois qualquer “baixo” seu a amada sente

E esfria um pouco o amor

Há de ser bem cortês sem cortesia

Doce e conciliador sem covardia

Saber ganhar dinheiro com poesia

Não ser um ganhador

Mas tudo isso não adianta nada

Se nesta selva escura e desvairada

Não se souber achar a grande amada

Para viver um grande amor!

 

Eu não ando só

Só ando em boa companhia

Com meu violão

Minha canção e a poesia

 

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes foi poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor. Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia o apelido “Poetinha”, que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Vinicius de Moraes nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 19 de outubro de 1913 e morreu na mesma cidade em 9 de julho de 1980. Fonte: Wikipédia

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> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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