Foto / Ecovias/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

− Ei, mulher, feriado prolongado está aí. Junte a tralha e a criança e simbora. Só voltamos na segunda, bem cedinho.

Tudo festa, se esquecendo das estradas cheias, repletas de motoristas domingueiros, parando o trânsito, calor infernal. Não levando em conta as agruras de um banhista mais sensível, suportando as malcriações dos Maicon Jackson e Suelen da vida, o som alto dos alto-falantes, tocando música de qualidade duvidosa. Para fugir, toca para a água, evitando ainda o assédio dos ambulantes. Não adianta. Depara-se enojado com os marinheiros soltados no mar por banhistas apertados.

Delícia dos brasileiros em geral, viva o país dos feriados. Não tem igual. E não só, devidamente prolongados com as proverbiais emendas. Cai na quinta, ótimo, emenda a sexta: cai na terça, junta a segundona, graças a Deus!

Muito conveniente para os trabalhadores sob vínculo, alguns gastando o que não podem, bom para os comerciantes dos destinos turísticos de praia ou montanha. Não muito interessante para os outros que vivem como ambulantes, da venda em dias normais, vendo seus mercados esvaziar. Ruim para a indústria e o comércio, com queda na produção, além de negativo para o ensino também.

Eu, aposentado, agora fujo deles: congestionamentos, praia invadida por milhões de farofeiros, comércio cheio, com gente se acotovelando, produtos caríssimos.  Mas já desfrutei bem disso.

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Lembro-me, em São José dos Campos, na Prefeitura onde trabalhei, que um prefeito, Joaquim Bevilacqua chegou a fazer um calendário anual já com todas as folgas para a emenda dos feriadões, prevendo uma compensação dessas horas não trabalhadas com acréscimos de minutos no expediente normal. Vige até hoje.

O tema voltou agora à baila, com autoridades falando de um melhor calendário em 2024, sem tantas chances de emendas prejudiciais ao PIB. Mas o povinho na verdade está é maldizendo os feriados que caem nos sábados ou domingos. Torceu o nariz, como a implacável tia Filoca:

− O que tava bom já tá ameaçado por esses políticos demagogos. Um bendito, pra fazer média e dar ares de zeloso, já tá agourando o ano que vem. Deixe o povo se divertir, estafermo!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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