Tem chamado atenção a fase que várias equipes esportivas de São José dos Campos estão atravessando nos últimos dias. No basquete masculino, o Coop São José Basketball está irresistível, com sete vitórias seguidas no NBB e um ótimo sexto lugar, por enquanto, na classificação entre as melhores equipes do país.
No vôlei masculino, a equipe do Farma Conde Vôlei São José já conseguiu, simplesmente, cinco vitórias em cinco partidas pela Superliga e ocupa, no momento, a segunda colocação. Outras boas notícias têm vindo do basquete feminino, que conquistou o título brasileiro na categoria sub-23, e do futsal masculino, que está fazendo a final da Liga Paulista.
Nem é preciso dizer que o torcedor de futebol da “Águia do Vale” está no céu com a sua equipe, que fez uma ótima campanha no Paulista da série A3 e vai disputar a A2 no ano que vem, pretendendo voltar à elite pulando para a série A1.
O curto relatório acima é para a gente ficar apenas nas modalidades mais populares. Se formos mais ao fundo, vamos encontrar excelentes resultados nas categorias de base de diversas modalidades, com atletas se destacando nacionalmente, como, por exemplo, a lutadora Lais Nunes, que se tornou campeã panamericana de wrestling no início de novembro, em Santiago, no Chile.
É preciso destacar que os bons resultados no topo estão vindo sem se descuidar da prática esportiva pela população, da formação promovida pelo Programa Atleta Cidadão e da montagem de equipes competitivas para participar dos principais campeonatos do estado de São Paulo e do país. Prova disso foi, em outubro, a conquista do sétimo título dos Jogos Abertos do Interior para São José, sendo cinco consecutivos.
Já abordei esse assunto –o sucesso do esporte joseense– em uma crônica aqui no SuperBairro. Clique [aqui] se quiser recordar. De lá para cá, o que mudou foi a aproximação de equipes da cidade do topo de suas categorias. Ou seja, os bons resultados gerados na base começaram a produzir equipes competitivas também no alto da pirâmide.
O que não mudou foi o segredo desse sucesso: o apoio de empresas privadas para fortalecer os elencos, contratar bons treinadores e dar uma estrutura profissional para as equipes de ponta. Isto tem ocorrido com maior intensidade com a chegada de patrocinadores e promotores como Farma Conde, Oscar Calçados e Coop. Essas empresas vieram se somar a apoiadoras tradicionais como, por exemplo, a Vinac Consórcios.
Mas o negócio, para funcionar, não se resume a dinheiro. A Prefeitura de São José dos Campos conseguiu criar um mecanismo eficiente, transparente e atrativo para que o investimento dos patrocinadores possa chegar às equipes. A Lei de Incentivo Fiscal (LIF), a cada ano gera mais recursos para o esporte por meio de renúncia fiscal, ou seja, as empresas podem trocar parte de seus impostos municipais para apoiar projetos esportivos. Em 2024, serão destinados mais de R$ 13 milhões.
O modelo foi ainda mais aperfeiçoado recentemente com a concessão de espaços esportivos para serem geridos pela iniciativa privada. É o caso da Arena de Esportes, adotada pela Farma Conde, e do Estádio Martins Pereira, assumido pelo Grupo Oscar.
O que mais faltaria para essa receita de sucesso? Adivinhou, faltaria o apoio do torcedor, o público, que deve ser a razão de ser do esporte de alto rendimento. E ele não tem faltado. No Paulista de série A3, o Martins Pereira recebeu, em vários jogos, público de série A1. O basquete e o vôlei também têm levado muita gente ao Ginásio Linneu de Moura e à Farma Conde Arena, respectivamente.
É claro que os eternos reclamões dirão: “O que interessa é ser campeão!”. A eles eu digo que não, o que interessa é ter equipes competitivas, ter bons projetos, produzir bons espetáculos e ter as contas em dia. Títulos são bem-vindos, é claro, mas são perseguidos também por adversários poderosos.
Outros, ainda mais injustos, dirão: “Estão colocando dinheiro público nos bolsos das empresas, isso é ilegal!”. E eu direi também que não, não é ilegal, e as regras do jogo valem para quem quiser entrar nele. Basta querer, e poder.
No esporte, assim como no amor, umas vezes a gente ganha e outras a gente perde. O que importa é que o esporte de São José dos Campos, mais do que nunca, está no jogo.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 48 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 22 anos.