Paulo César Pinheiro
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras
Eu quero ver a procissão dos suicidas
Caminhando para a morte pelo bem de nossas vidas
Eu quero crer na solução dos evangelhos
Obrigando os nossos moços ao poder dos nossos velhos
Eu quero ler o coração dos comandantes
Condenando os seus soldados pela orgia dos farsantes
Eu quero apenas ser cruel naturalmente
E descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras
Eu quero ser da legião dos grandes mitos
Transformando a juventude num exército de aflitos
Eu quero ver a ascensão de Iscariotes
E no sábado um Jesus crucificado em cada poste
Eu quero ler na sagração dos estandartes
Uma frase escrita a fogo pelo punho de deus Marte
Desabando sobre as flores
Caminhando para a morte
Obrigando os nossos moços
Condenando os seus soldados
Transformando a juventude
Um Jesus crucificado
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Paulo César Francisco Pinheiro é compositor e poeta. Tem mais de duas mil canções, das quais mais de mil gravadas, compostas com cerca de 120 parceiros. Nasceu em 28 de abril de 1949, no Rio de Janeiro (RJ). Sua primeira composição foi aos 14 anos, “Viagem”, em parceria com João de Aquino. Quatro anos depois, começou a destacar-se como letrista, estabelecendo parcerias com Baden Powell, principalmente na voz de Elis Regina, como sua primeira canção registrada, “Lapinha”. Foi vencedor do I Festival da OTI 1972, realizado em Madrid, com a canção “Diálogo”, composição com Baden Powell. Fonte: Wikipédia
> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.