Porto Alegre continua sofrendo os efeitos das chuvas. Foto / Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Entrada de uma massa de ar frio e seco irá ocasionar queda acentuada das temperaturas e, ao mesmo tempo, diminuir a possibilidade de chuva durante a próxima semana; veja os números recentes da catástrofe

 

DA REDAÇÃO*

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em conjunto com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) atualizou nesta sexta-feira a nota técnica sobre os riscos geo-hidrológicos para o Rio Grande do Sul. O documento traz um alerta para queda acentuada das temperaturas no estado nos próximos dias.

De acordo com a nota, a partir de segunda-feira (13) está prevista a passagem de uma frente fria mais intensa sobre a região Sul do Brasil e o posterior ingresso de uma massa de ar frio e seco, o que irá ocasionar uma queda acentuada das temperaturas e ainda diminuir a possibilidade de chuva durante a próxima semana.

O período da tarde da segunda será de bastante frio em parte do Rio Grande do Sul. Em algumas localidades, a temperatura não irá passar dos 13°C, como em pontos da campanha e da serra. Em Porto Alegre e região metropolitana, as máximas devem oscilar entre 16°C e 18°C.

Logo na manhã da terça-feira (14), as temperaturas tendem a baixar mais, podendo chegar a 3°C e 4°C na região da campanha e serra gaúcha. A previsão indica possibilidade de geada, especialmente nas áreas de fronteira com o Uruguai. Na capital do estado, a mínima deve ficar em torno dos 8°C. Neste dia, as máximas em alguns municípios da serra gaúcha não irão passar dos 10°C.

Na quarta-feira (15), por sua vez, o ar frio e seco ganha força e o amanhecer do dia pode ter mínima de 0°C a 1°C, com possibilidade de geada moderada a forte em alguns pontos. Na região da campanha e serra do sudeste, as mínimas ficarão em torno dos 2°C. O período da tarde será de temperaturas baixas na maior parte do estado.

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116 mortos

Ao menos 116 pessoas perderam a vida e outras 143 estão desaparecidas em consequência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último dia 26, com maior intensidade a partir do dia 29. Desde quinta-feira (9), a Defesa Civil estadual está divulgando os nomes de pessoas que morreram, bem como das cujo paradeiro é desconhecido. A lista já tem seis páginas. E não para de crescer.

Até o meio-dia desta sexta-feira (10), a Defesa Civil estadual contabilizava cerca de 1,9 milhão de pessoas que foram afetadas de alguma forma, em 437 cidades, por efeitos adversos das chuvas, como inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos, desmoronamentos e outros.

Em todo o estado, ao menos 337.346 pessoas desalojadas tiveram que, em algum momento, buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos –muitas delas seguem aguardando que o nível das águas baixe para poderem retornar a suas casas. Outras 70.772 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, precisaram se refugiar em abrigos públicos ou de instituições assistenciais.

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Governador comenta

Frente a dimensão dos estragos, o governador Eduardo Leite (PSDB) reconheceu que não só o Rio Grande do Sul, mas todo o Brasil terá que se ajustar a um novo contexto, no qual os eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes. Segundo especialistas, isto ocorre como consequência das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta.

“Já temos uma série de políticas em andamento, mas está muito nítido que precisamos fazer [ações efetivas] em outro grau, em outro patamar”, disse Leite a jornalistas nesta manhã. “[No estado] Já existem estruturas [para lidar com as mudanças climáticas]. O que vamos ter que fazer é transformá-las, dando outra robustez para essas estruturas. […] Precisamos passar a um nível excepcional de qualidade técnica, tecnológica e de recursos. […] Precisamos ter preparo para conviver com situações excepcionais como esta. Preparo que envolve desde sistemas de proteção e defesa das cidades; realocação de espaços e novas técnicas construtivas resistentes a outro patamar de comportamento do clima; sistema de alertas e de informação à população, para que ela saiba lidar com estas situações [extremas]”, acrescentou Leite.

 

*Com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e da Agência Brasil.