Na Polônia da Segunda Guerra, um muro separa família alemã de judeus de um campo de concentração. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Foi necessário digerir as cinzas e imagens sugeridas, deglutir as cenas de felicidade da família alemã e tentar separar realidade de ficção para, enfim, depois de seis semanas, escrever sobre o longa-metragem britânico vencedor do Oscar 2024 de Melhor Filme Internacional e de Melhor Som. “The Zone of Interest” (título original), adaptado do romance homônimo de Martin Amis (2014), utilizou o som com maestria para fazer chegar ao espectador os horrores do Holocausto, sem a necessidade de mostrar uma única cena de guerra.

O tom cinza fala por si. A postura de submissão, tensão e medo das empregadas judias da casa nos deixam em sobressalto o tempo todo. Revolve o estômago ver a alegria de Hedwig (Sandra Hüller: “Anatomia de uma Queda”, “Munique – No limite da Guerra”) e outras esposas dos militares mostrando e comentando sobre roupas, joias e produtos de maquiagem ganhos de seus maridos –e roubadas daquelas vítimas que estavam, sem o saber, a caminho da morte.

O som de gritos abafados, de tiros ao longe e de trens sobre trilhos, nos trazem à mente o que aprendemos nos bancos escolares ou que ouvimos em depoimentos de sobreviventes (e à disposição de quem quiser conhecer melhor os fatos ocorridos há quase oito décadas). O clarão cor de laranja oriundo dos fornos ilumina a noite e cala na garganta o grito do pavor, que nem mesmo a sogra do comandante nazista Rudolf Höss (Christian Friedel: “A Fita Branca”, “O Perfume”) conseguiu suportar, indo embora da casa durante a madrugada.

Ali, na longínqua Cracóvia (Polônia), apenas um muro separava aquela feliz família alemã e os milhões de judeus trazidos para serem queimados vivos no campo de concentração de Auschwitz. Em entrevista à CNN, o diretor e roteirista Jonathan Glazer afirmou que “A Zona de Interesse é sobre aquilo em que escolhemos prestar atenção –e o que somos capazes de ignorar”. Finalizando, trago à reflexão: o que cada um de nós, hoje, escolhe não ver do outro lado do muro? Disponível no Prime Video, Google Play e Apple TV.

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Série

‘The Undoing’

A série é estrelada por Nicole Kidman e Hugh Grant. Foto / HBO/Divulgação

A família Fraser tem um casamento perfeito e vida de alto padrão. Juntamente com outros pais de uma das melhores escolas de Nova Iorque, sofrem um abalo diante do bárbaro assassinato de Elena (Matilda de Angelis: “Sugar Baby”. Série “As Leis de Lidia Poët”), artista plástica e mãe de um aluno bolsista, onde estuda Henry Fraser (Noah Jupe: “Um Lugar Silencioso”, “Extraordinário”).

Recentemente, a vítima havia se aproximado da psicóloga Grace Fraser (Nicole Kidman: “Australia”, “De Olhos bem Fechados”) e na noite do assassinato estivera no leilão beneficente da escola, onde também estava Frank Fraser (Hugh Grant: “Um Lugar Chamado Notting Hill”, “O Diário de Bridget Jones”), que fora o oncologista pediatra de seu filho.

A trama é lenta, permeada de mistério e muito bem montada, levando o espectador a culpar diferentes personagens que mesclam mentiras, preconceito, infidelidade e outros sentimentos obscuros. Em única temporada, cada um de seus seis episódios (com cerca de 60 minutos de duração) leva o espectador a não perder o próximo… A série foi um grande sucesso lançado pela HBO em 2020 e está disponível na Claro TV e Max.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há 12 anos na Vila Ema.

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