Trabalhadores da Winnstal aprovam fim da paralisação na manhã desta segunda-feira. Foto / Roosevelt Cássio/Sindmetal SJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Fim da greve na Winnstal foi decidido nesta segunda-feira (21); antes, a Assecre acusou o Sindicato dos Metalúrgicos de espantar investimentos na região

 

DA REDAÇÃO

Após sete dias de greve, os trabalhadores da Winnstal, empresa com cerca de 100 empregados instalada no bairro Chácaras Reunidas, região sul da cidade, decidiram voltar ao trabalho e aprovaram a proposta de acordo em assembleia. Na sexta-feira (18), antes da aprovação da proposta patronal, a paralisação na indústria colocou frente a frente a Assecre (Associação das Empresas do Vale do Paraíba) e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (Sindmetal).

A entidade cobrou mais diálogo, destacando a necessidade de “serem firmadas Convenções Coletivas de Trabalho com os sindicatos patronais, uma vez que a falta de negociação tem espantado investimento na região e denota um cenário de insegurança jurídica”. Segundo a Assecre, a Winnstal ofereceu renovação das cláusulas sociais e reajuste salarial acima da inflação, mas “mesmo com uma reunião agendada para o mesmo dia, na terça-feira (15), o sindicato mobilizou cerca de 20 homens para impedir que os trabalhadores entrassem na empresa”.

A entidade lembrou que “a lei de greve proíbe o bloqueio e o impedimento da entrada dos trabalhadores nas fábricas, sendo apenas permitido ao sindicato utilizar meios pacíficos para aliciar e persuadir os trabalhadores a aderirem à greve, sendo vedado qualquer tipo de constrangimento aos trabalhadores”. E destacou que “a Polícia Militar prestou apoio aos trabalhadores que não aderiram ao movimento grevista”.

A Assecre criticou o fato de, há sete anos, o Sindicato dos Metalúrgicos não firmar Convenção Coletiva de Trabalho com os principais sindicatos patronais da indústria de peças automotivas, setor aeroespacial, eletroeletrônica e máquinas e equipamentos, entre outros. Segundo ela, sem Convenção Coletiva de Trabalho, esses segmentos “não têm um piso salarial ou direitos sociais garantidos de maneira uniforme e muitas empresas sequer têm uma norma coletiva que proteja os seus trabalhadores”, explicou.

APOIO SUPERBAIRRO

Redução de direitos

Procurado pelo SuperBairro, o Sindmetal respondeu que “esses grupos patronais, como os setores aeronáutico e de autopeças, querem reduzir direitos históricos dos trabalhadores como condição para assinar a convenção”, exemplificando que um dos direitos colocados em jogo pelos patrões é a garantia de estabilidade para vítimas de doenças e acidentes de trabalho. “Para o sindicato, esse é um direito inegociável”, destacou.

O Sindmetal também criticou a presença da Polícia Militar em frente à fábrica em greve. “A decisão em assembleia é soberana e deve ser respeitada por todos, mas a empresa não respeitou a legislação e, como a própria Assecre admite em seu comunicado, a Winnstal convocou a Polícia Militar para acompanhar a assembleia”, protestou.

A nota do Sindicato dos Metalúrgicos acrescentou que a categoria está reivindicando nesta campanha salarial “reajuste de 10,5% com base em estudo sobre a lucratividade das empresas realizado pelo Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos)”.

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Volta ao trabalho

A greve na Winnstal teve início no último dia 15, após os metalúrgicos rejeitarem a proposta de reajuste de 5% oferecida pela empresa. A volta ao trabalho foi aprovada depois de reunião entre o sindicato e a direção da empresa na manhã desta segunda-feira. O acordo prevê 5,75% de reajuste salarial retroativo a 1º de setembro. Segundo o sindicato, “o percentual corresponde a 3,71% de reposição da inflação na data-base, mais aumento real”.

A entidade informou também que os metalúrgicos da Winnstal conquistaram reajuste de 8,3% do vale-refeição, que passou de R$ 30 para R$ 32,50 por dia, além de abono salarial de R$ 500, que será pago em novembro. As cláusulas sociais foram renovadas por dois anos, os dias de greve serão abonados e os trabalhadores terão 90 dias de estabilidade no emprego.

A Winnstal faz usinagem, montagem e pintura em peças de alumínio, principalmente para a Embraer.