Não gostaria de maneira nenhuma de repetir o assunto do meu último artigo, no qual comentei sobre o aumento absurdo da violência praticada por policiais no combate ao crime no estado de São Paulo. Não leu e quer ler? Clique [aqui].
Apesar de detestar esse tema, tenho que voltar a ele. E por que faço isso? Porque fatos novos aconteceram. Um deles, positivo “pero no mucho”, foi a reação do governador Tarcísio José de Freitas (Republicanos), o carioca que veio a São Paulo trazendo alguns vícios típicos do seu estado no combate ao crime.
Por bem ou por mal, Tarcísio deve ter sido alertado pelos seus marqueteiros quanto ao grande risco que estava correndo ao ser associado a um “justiceiro” defensor de uma polícia matadora. Isto apesar da sua frase famosa que terminou com um “tô nem aí”.
Que bom, pesquisa de opinião é tudo.
Na contramão da História, logo depois de publicar o artigo que citei acima, tive que aceitar o direito de opinião de conhecidos e desconhecidos, a grande maioria descendo o cacete no colunista. Fiquei até ruborizado ao ler os argumentos de alguns mais exaltados.
O que os mais radicais não percebem é que o inocente de hoje pode ser o culpado de amanhã, e vice-versa. Do mesmo modo, também não sabem que o estranho de hoje que sofre violência ilegal das polícias, pode ser o seu parente próximo –cônjuge, irmão, filho, primo, cunhado e por aí afora, seja homem, mulher, adulto ou criança.
O mesmo sujeito que quer ver morto o autor de um mero furto, pode ser o que irá se revoltar se alguém próximo a ele for o alvo do excesso. Nesse caso, irá dizer que o autor do delito é gente boa, pacata e respeitadora das leis, só pecou por um único deslize e, por isso, deve ser entregue à família, que irá dar um bom puxão de orelhas no “garoto levado”.
Mas se ele não tiver nenhuma ligação com o personagem da ocorrência, dirá que o poder público tem que livrar a sociedade desses marginais que estão prontos para tirar a vida de cidadão de bem. Por isso, essa “cambada” merece tudo o que a polícia fizer. E, que fique claro, a polícia está lá para matar em vez de morrer.
Percebeu a diferença?
Dito isto, gostaria até de encerrar este artigo, certo de que você, leitor, irá compreender que as leis e os direitos são feitos para todos, não só para os pobres, pretos, ignorantes etc. Para compensar os “mais realistas que o rei” de sempre, digo que as tais forças policiais reunidas em São José dos Campos sob a marca São José Unida, têm muito mais méritos do que defeitos e, por isso, os índices de criminalidade no município são dignos de comemoração. Assim como existe o SUS de São José, ou a Educação de São José, também existe a segurança de São José, que são bem diferentes do que se vê por aí.
Apesar disso, ainda não estou convencido da razão de o pessoal da nossa Guarda Civil Municipal (GCM) usar fuzis e outras armas de grosso calibre se ela não foi criada para ocupar o lugar da Polícia Militar e da Polícia Civil, que devem exercer o policiamento ostensivo e investigativo, respectivamente. Quer dizer, eu até sei o motivo, mas isto é assunto para um outro dia.
Finalizando este repeteco de tema na minha coluna, deixo uma boa notícia para você que preza os direitos do cidadão e o respeito integral à Constituição. O recuo do governador é uma vitória da sociedade organizada e Tarcísio deve ser reconhecido por atender aos apelos desta parcela da população.
Mas quem sabe, o “joseense” Tarcísio, que votou em 2022 aqui na rua Padre Rodolfo, na Vila Ema, poderia ganhar um dez no quesito “mudei de ideia”. Que tal afastar o radicalíssimo Guilherme Derrite do comando da Secretaria de Segurança Pública? Os métodos do indicado do ex-presidente Jair Bolsonaro parecem ter ficado ultrapassados e a melhor decisão seria uma aposentadoria do notório matador da Rota.
Vou encerrar da mesma forma que no meu artigo anterior: “Governador, pode ser ou está difícil?”.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 49 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 23 anos.