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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Violeta Parra

 

Voltar aos 17

Depois de viver um século

É como decifrar sinais.

Sem ser inteligente competente

Voltando a ser de repente

Tão frágil quanto um segundo

Sentindo profundo de novo

Como uma criança diante de Deus

Isso é o que eu sinto

Neste momento fecundo

 

Se vai enredando, enredando

Como, na parede, a hera.

E vai brotando, brotando

Como o musguito na pedra.

Como o musguito na pedra.

Sim, sim, sim, sim

 

Meu passo recuado

Quando o de vocês avança

O arco das alianças.

Penetrou no meu ninho.

Com todo o seu colorido

Ele tem andado nas minhas veias

E até a corrente dura

Com que o destino nos amarra

É como um diamante fino.

Que ilumine minha alma serena

 

Se vai enredando, enredando

Como, na parede, a hera.

E vai brotando, brotando

Como o musguito na pedra.

Como o musguito na pedra.

Sim, sim, sim, sim

 

O que o sentimento pode

Ele não pode saber

Nem o mais claro procedimento

Nem o mais largo pensamento

Tudo muda no momento

Qual mágico condescendente

Nos afasta docemente

De ressentimentos e violência.

Apenas amor com sua ciência.

Torna-nos tão inocentes

 

Se vai enredando, enredando

Como, na parede, a hera.

E vai brotando, brotando

Como o musguito na pedra.

Como o musguito na pedra.

Sim, sim, sim, sim

 

O amor é turbilhão

De pureza original

Até o animal feroz

Sussurra seu doce trino

Pare os peregrinos.

Liberte os prisioneiros.

Amor com seus esmeros

O velho torna-o criança.

E o malvado, só o carinho.

Torna puro e sincero.

 

Se vai enredando, enredando

Como, na parede, a hera.

E vai brotando, brotando

Como o musguito na pedra.

Como o musguito na pedra.

Sim, sim, sim, sim

 

De par em par, a janela

Abriu como por charme.

O amor entrou com seu manto

Como uma manhã quente

Ao som da sua bela Diana.

Fez brotar o jasmim

Voando qual serafim

Pôs brincos no céu

E meus anos em dezessete

Os transformou o querubim.

 

Se vai enredando, enredando

Como, na parede, a hera.

E vai brotando, brotando

Como o musguito na pedra.

Como o musguito na pedra.

Sim, sim, sim, sim

 

Violeta del Carmen Parra Sandoval foi cantora, compositora, artista plástica e ceramista, considerada a mais importante folclorista e destaque da música popular chilena. Nasceu em 4 de outubro de 1917, em San Carlos (Chile) e morreu em 5 de fevereiro de 1967, em La Reina (Chile). Fonte: Wikipédia

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Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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