Até agora, apenas metade das mais de 6 milhões de doses distribuídas foi aplicada no público-alvo, composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos
DA REDAÇÃO*
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta na última sexta-feira (24) sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para um grupo restrito de pessoas em 1.900 cidades nas quais a doença é mais frequente.
Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foi aplicada. A vacina está disponível em 39 municípios da RMVale.
De acordo com a pasta, de 2024 a 20 de janeiro de 2025, foram distribuídas 6.370.966 doses. A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indica que 3.205.625 foram aplicadas até o momento.
Em 2024, o país teve registro recorde de dengue: 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes. Existem ainda 761 óbitos em investigação. Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde, que traz informações até 28 de dezembro de 2024. Em 2025, são 101.485 casos prováveis e 15 mortes confirmadas.
A vacina
A vacina contra a dengue, Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no país em fevereiro de 2024.
Por causa da capacidade limitada do fabricante, a quantidade de doses adquiridas pelo governo brasileiro precisou ser restrita ao público-alvo de crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa. A Qdenga é aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias.
A presidente da SBIm, Mônica Levi, destaca que o Brasil foi o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. No entanto, lamenta o que classifica como “baixa procura”. Ela ressalta que a Qdenga é um imunizante seguro e eficaz.
“Qualquer vacina, para ser aprovada e licenciada no país, passa por uma série de critérios de aprovação, e essa vacina Qdenga, do laboratório Takeda, foi aprovada no Brasil, na Europa, na Argentina e em vários [outros] países do mundo”, afirma.

Duas doses
Ela reforça o benefício de completar o ciclo de duas aplicações. “A segunda dose é responsável, principalmente, pela proteção de mais longa duração, de pelo menos mais quatro anos e meio”, explica.
Mônica orienta quem perdeu o prazo de 90 dias a tomar a dose adicional normalmente. “Se houver atraso do esquema, a primeira dose continua válida, jamais [deve] recomeçar. Dose dada é dose computada no nosso sistema imunológico e o resultado final não tem nenhum prejuízo em um alargamento do intervalo entre as doses. Mas a gente sempre recomenda, dentro do possível, fazer as doses no esquema recomendado”, completa.
O Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciou no último dia 22 o início da produção dos imunizantes contra a dengue. A vacina se chamará Butantan-DV. Mas ainda é preciso aprovação da Anvisa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse não acreditar que o país terá vacinação em massa em 2025.
*Com informações da Agência Brasil.
