Me desculpe algumas expressões que eu vou usar aqui. Há quase 50 anos, quando comecei a exercer o jornalismo, esses termos seriam impensáveis. Mas hoje, em pleno 2025, parecem ser absolutamente aceitáveis. Então vou logo dizendo que uma parcela dos jornalistas atuais não vale coisa nenhuma, são jornalistas de merda.
Quando você descobre que um dos ídolos da imprensa televisiva da Rede Globo, o carismático Rodrigo Bocardi, é um picareta comum, aí você se pergunta: “em quem eu posso confiar para me orientar em relação a tudo o que acontece no dia a dia?”.
O que eu vou dizer a você? Vou me desculpar profundamente e reconhecer que, muito do que diz a tal Rede Globo e vários outros veículos de comunicação, não merece nenhuma credibilidade.
Um sujeito como este Bocardi, com quem todos nós simpatizávamos e até achávamos que praticava uma linguagem inovadora no telejornalismo, transformou-se, da noite para o dia, em um sujeitinho a quem, lá nos anos 70, a classe dos jornalistas tachava como picaretas.
É muito doloroso usar este termo em relação a um colega de profissão. Mas também é preciso ter coragem de usar exatamente este termo quando o compliance de uma das maiores empresas de mídia do país desliga esse profissional, da noite para o dia, sem direito a nenhuma indenização.
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O pior de tudo é saber que, conforme as informações disponíveis até agora, o “nobre colega” treinava políticos e outras fontes de informação, inclusive banqueiros e bancários do Bradesco, para serem entrevistados justamente pelos profissionais da Rede Globo e de outros veículos de primeiro nível.
Não sei se é verdadeiro o valor, mas fala-se em uma cobrança de R$ 55 mil por hora para que o nosso Bocardi treinasse gente para ser entrevistada justamente pelo veículo de comunicação no qual o grande Bocardi trabalhava.
A boa notícia desta sexta-feira (7) é que o próprio SBT, do finado Silvio Santos, que apesar de nunca ter sido um exemplo de jornalismo sério, parece ter encerrado as negociações com o Bocardão por achar que ele estava mais sujo do que pau de galinheiro.
Antes que você, leitor, me lembre disso, digo que é uma tarefa terrivelmente dolorosa citar colegas de profissão quando eles “pisam na bola”. Mas, pior ainda, é continuar praticando um “espírito de corpo” para defender qualquer que seja o comportamento de quem se desvia do comportamento correto.
Vou encerrar este artigo lembrando que no próximo mês de outubro vou completar 50 anos de atuação como jornalista. E deixar claro quer nunca me passou pela cabeça cobrar R$ 55 mil por hora para oferecer “mídia training” para quem precisa lidar com a imprensa. Nem por R$ 5 mil… rsrs.
Nem sei se teria competência para cobrar valores desse tamanho. Mas posso garantir que, em outubro, vou comemorar meio século de jornalismo honesto e combativo. Com a graça de Deus, vamos todos os colegas –ou quase todos– morrer pobres (ou remediados) e dignos.
“O resto”, como dizia um velho, bom e pobre jornalista desta cidade, o professor Álvaro Gonçalves, “é silêncio”.
P.S. – Depois que publiquei o texto acima, ao relê-lo, percebi que faltou fazer justiça com a categoria dos jornalistas profissionais e com a imprensa séria e bem-intencionada. Tenho certeza de que mais de nove entre dez jornalistas desempenham o seu trabalho com correção e idealismo, mesmo em uma sociedade que tem desvalorizado essas qualidades. Da mesma forma, boa parte das empresas de comunicação lutam bravamente para sobreviver em meio ao “golpe” sofrido com a ação predatória das big techs que dominam as redes sociais, ficando com quase toda a receita de publicidade e deixando os verdadeiros produtores de conteúdo à míngua. Fica, então, este post scriptum como um reconhecimento aos bons profissionais de imprensa e aos veículos que procuram praticar o bom jornalismo.
> Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 49 anos. É editor do SuperBairro. Mora na Vila Guaianazes há 24 anos.
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