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Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Belchior

 

Quando eu cantar

Quero ficar molhado de suor

E por favor não vá pensar

Que é só a luz do refletor

 

Será minha alma que sua

Sob um sol negro de dor

Outro corpo, a pele nua,

Carne, músculo e suor

 

Como um cão que uiva pra lua

Contra seu dono e feitor

Uma fera-animal ferido

No dia do caçador.

 

Humaníssimo gemido

Raro e comum como o amor.

 

Quando eu cantar

Quero lhe deixar

Molhada em bom humor

E por favor não vá pensar

Que é só a noite ou o calor

 

Quero ver você ser

Inteiramente tocada

Pelo licor da saliva

A língua, o beijo, a palavra.

 

Minha voz quer ser um dedo

Na tua chaga sagrada

Uma frase feita de espinho

Espora em teus membros cansados

Sensual como o espírito

Ou como o verbo encarnado

 

Antônio Carlos Gomes Belchior, mais conhecido como Belchior, foi cantor, poeta, compositor, músico, produtor, artista plástico e professor. Nasceu em 26 de outubro de 1946, em Sobral (CE). Belchior foi um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira. Em 1974, lançou seu primeiro álbum, mas foi com o segundo disco, “Alucinação”, de 1976, que emplacou sua carreira com hits como “Velha Roupa Colorida” e “Apenas um Rapaz Latino-Americano”. Morreu em 30 de abril de 2017, em Santa Cruz do Sul (RS). Fontes: Wikipédia e Google

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Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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