Morreu no domingo, aos 86 anos, um gênio da música brasileira. Raul de Souza, trombonista muito conhecido no meio musical, era carioca e ganhou o mundo com sua forma peculiar de tocar.
Tive o prazer de assistir a um show com Raul no pequeno auditório do Sesc São José, há uns três anos. Que absurdo! Raul arrasou no trombone. Não bastasse, pegou um sax tenor e mostrou que também mandava muito bem em outro instrumento.
Explico: a embocadura para tocar trombone ou trompete é completamente diferente do saxofone (que usa uma boquilha com palheta). O cara não era desse planeta. Nunca vi nada igual, pular de um instrumento para outro com uma desenvoltura que deixou todos pasmos na plateia.
Samba, jazz e bossa.
João José Pereira de Souza começou na música cedo. Nasceu no Rio de Janeiro, em 1934, e começou a tocar ainda na adolescência. Adotou o nome Raul por sugestão de Ary Barroso.
O primeiro disco que gravou foi em 1957, como integrante da banda apresentada como Turma da Gafieira.
Logo se destacou e tocou com músicos como Baden Powell, Sivuca e Sérgio Mendes. Com o pianista, gravou o LP “Você ainda não ouviu nada” e fez turnês internacionais na década de 60 como membro do grupo Bossa Rio.
Raul transitou pelo mundo do jazz ao longo dos quase 70 anos de atividade, gravando e se apresentando ao lado de grandes nomes. Saiu do Brasil no fim da década de 1990 e foi morar na França, onde nos deixou depois de lutar contra um câncer.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.