Jogos Olímpicos. O tema está em todas as redes sociais, na TV (com exclusividade de imagens da Globo), rádio, enfim. Brasil decepcionando em alguns esportes em que temos tradição de medalhas (vôlei de praia, natação, judô) e surpreendendo no skate com a Fadinha e na ginástica com duas medalhas para Rebeca.
Na vela, ouro para as nossas jovens bicampeãs Martine Grael e Kahena Kunze, prata já garantida no futebol masculino e possibilidade de outras medalhas no boxe e na canoagem.
Agora, é triste ver a discrepância entre algumas modalidades. Como o Comitê Olímpico Brasileiro organiza todo o processo de escolha de atletas, apoio, treinamentos? Vi dois relatos de atletas do atletismo que são de embasbacar.
Jucilene Lima [na foto acima], que competiu no lançamento de dardo, mas foi eliminada antes das finais, disse que estava há oito meses sem receber um real. Teve ajuda da família, do noivo e de uma empresa de seguros para poder treinar. Como pode?
A corredora Vitória Rosa, sexta colocada na bateria classificatória dos 200m rasos, ficou fora das semifinais. Emocionada, disse que só conseguiu treinar neste ano graças à Marinha. Durante a pandemia teve falta de patrocínio, salário do clube reduzido e por aí vai.
Já Thiago Braz, ouro no salto com vara na Rio-2016 e bronze agora em Tóquio, disse que passou muito perrengue durante esses anos entre as competições, pensou em abandonar o esporte, mas conseguiu apoio de uma empresa para poder treinar com condições de tentar o pódio olímpico.
E assim vamos, tentando ser o país do “futuro” mas que não consegue organizar e apoiar o “presente”.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.