Em “As Horas”, Nicole Kidman interpreta a lendária escritora britânica Virginia Woolf. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Um bom filme é a soma de diversos elementos muito bem combinados entre si: elenco, cenografia, direção, figurino, roteiro, entre outros. “As Horas” (“The Hours”) é uma prova disso. Entrelaçando três diferentes épocas, tornou-se um filme atemporal, em que o diretor Stephen Daldry (“O Leitor”. Série “The Crown”) nos apresenta três mulheres que, vivendo em períodos distintos, têm em comum a dor e a leitura de um mesmo romance. Lançado nos cinemas brasileiros em 2003, a cada reprise possibilita um novo ponto de vista.

Insatisfação, medo, tristeza, morte, dúvidas, são alguns dos sentimentos muito bem tecidos na trama, que a cada diferente década são expostos como feridas na carne de três personagens: a escritora Virginia Woolf na década de 1920 (Nicole Kidman: “Austrália”, “Reencontrando a Felicidade”), Laura –a dona de casa dos anos 50 (Julianne Moore: “Para Sempre Alice”, “Longe do Paraíso”)– e a editora Clarissa, no início do século XXI  (Meryl Streep: “A Dama de Ferro”, “O Diabo Veste Prada”).

Quando uma delas nos leva ao fundo de um rio, imperceptivelmente emergimos no onirismo da outra e, de repente, a terceira nos escancara uma porta para temas como Aids e relação homoafetiva, num tempo em que ainda transitavam entre o tabu e a liberdade. Mulheres fortes, representadas por três magníficas estrelas cinematográficas.

O tempo vai sendo tecido no compasso de uma inesquecível trilha sonora que nos leva e nos traz, como ondas, às respectivas décadas em que vive cada uma dessas mulheres. E ela reverbera por muito tempo em nossos ouvidos, como a marcar as reflexões dos caminhos trilhados e das páginas viradas do romance de Virginia Wolf, “Senhora Dalloway”, avidamente lidas pelas protagonistas.

Uma obra primorosa, disponível no Now e na Amazon Vídeo.

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TOC TOC

Sucesso no teatro espanhol, a comédia “Toc Toc” chegou às telas dos cinemas em 2017. O atraso de um psiquiatra leva um grupo de pacientes a aguardá-lo numa sala de terapia, trazendo à tona seus mais diversos problemas e fobias. Federico (Oscar Martínez: “Relatos Selvagens”, “Cidadão Ilustre”) não tem controle sobre suas falas obscenas diante da religiosa Ana Maria (Rossy de Palma: “Ata-me”, “Julieta”) e de Bianca (Alejandra Jiménez: “Embarazados”; série “The Affair”), que é obsessiva por limpeza. Esses e outros personagens, carregados de humor e bem construídos, dão leveza ao tema título do filme, que tem um final surpreendente. Disponível na Netflix.

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> Séries

VOCÊ (YOU)

Garanta a sua pipoca, pois este é o tipo de série da Netflix que nos convida a maratonar. A escritora novata Guinevere (Elizabeth Lail: séries “Era Uma Vez…”, “The Blacklist”) entra em uma livraria e conhece o gerente Joe (Penn Badgley: “O Dia Antes do Fim”, “A Mentira”), que acredita em amor à primeira vista e de imediato a define como a mulher da sua vida. Inteligente, detalhista, manipulador e calculista, ele vasculha as redes sociais em busca de informações sobre a amada, passando a criar coincidências perigosamente apaixonantes. Entretanto, essa paixão se transforma em obsessão e nos leva da admiração ao ódio pelo protagonista, que não hesita em excluir a tudo e a todos que signifiquem uma ameaça ao seu relacionamento. Com ótimos jovens atores, “You” tem três temporadas de tirar o fôlego!

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CARTER

A mancha na carreira de um ator de famosa série investigativa em Hollywood o leva de volta para sua cidade natal, no Canadá. Ao se deparar com alguns crimes locais, Carter (Jerry O’Connell: “O Segredo – Ouse Sonhar”. Série “Billions”) imita a arte usando sua experiência para investigá-los, até ser nomeado detetive. Dentro ou fora das investigações, Carter é sempre acompanhado por dois amigos de infância: a bela policial Sam (Sydney Tamiia Poitier, filha do ator Sidney Poitier: Séries “Homecoming”, “Chicago P.D.”) e o inseguro e fiel Dave (Kristian Bruun: séries “Mistérios do Detetive Murdoch”, “The Handmaid’s Tale”). Parte da comicidade da série conta com a ajuda inusitada de um casal oriental a quem o ator-detetive considera família. Os episódios são bem leves, ideais para o fim da noite. Disponível no Now.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.