Com a pandemia os animais domésticos ganharam peso, o que não é nada bom para eles. Foto / Barbara Danázs/Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Levanta a patinha aí quem ganhou peso nessa pandemia?

Não é pra rir não, porque de acordo com uma pesquisa realizada pela Hill’s Pet Nutrition, em parceria com a Petlove, os tutores indicaram que 30% dos cães e gatos engordaram cerca de três quilos durante a pandemia e outros 5% afirmaram que o ganho de peso foi superior a isso.

Lógico que a pandemia ajudou muito nesse processo de engorda, mas a verdade (verdadeira) é que, assim como nós humanos, os pets estão ficando cada vez mais gordinhos e a pandemia só fez desmascarar aqueles que comem e dão comida escondido para os bichinhos.

Mas vamos combinar:  quem resiste àqueles olhos pidões enquanto estamos comendo alguma coisa? Aqueles olhinhos iguaizinhos aos do gato de botas do desenho Sherek?

Eu confesso que não consigo ignorar um animalzinho me pedindo alguma coisa e já vou logo dividindo seja lá o que estiver comendo.

Lógico que algumas coisas eu não dou por saber que faz muito mal para o pet, como chocolate, por exemplo (até porque, chocolate, nunca, em momento algum, pode ser dividido… rsrsrs).

Eles sabem qual mão procurar

O principal problema do ser humano é que ele expressa o seu amor pelo animal quando o alimenta. Isso é uma necessidade nossa.

E os bichos, diga-se de passagem, que não são nada bobos, sabem exatamente quem, dentro da casa, tem esse sentimento, e fica lá, grudadinho, com aquela cara de coitado, até a pessoa se render.

Me lembro que quando todos da minha família se reuniam na casa da praia e nos sentávamos à mesa para as refeições –éramos 15 pessoas– o cachorro da família do meu irmão, um cocker que só se alimentava de ração, entrava embaixo da mesa e apoiava a cabeça no meu colo, sem que ninguém visse. E ficava com aquele olhar de “só você pode me ajudar”.

Ali, sem que ninguém percebesse, ele recebia todo o meu carinho em forma de carnes, pães, queijos e o que mais tivesse. Tudo escondido. Eu e ele disfarçadíssimos.

Certo dia, minha cunhada tinha que dar um remédio para o cachorro, pegou um pedaço de carne e envolveu o comprimido. Quem disse que o danado do cachorro comeu?

Meu irmão, vendo aquilo, disse assim: dá o comprimido pra Edna que ela consegue, nem precisa da carne. Eu, sem entender nada, já fui logo dizendo que o cachorro não iria aceitar.

Minha cunhada me deu o comprimido e eu dei para o cachorro, crente que ele iria rejeitar. Que nada, ele abocanhou o remédio sem pestanejar e ainda me lambeu.

Conclusão: o meu irmão desconfiava que eu alimentava o cachorro às escondidas e por isso apostou que ele aceitaria engolir o remédio. Afinal, a mão que dava as coisas boas de comer era a minha e não a da minha cunhada, o que fez com que ele desconfiasse de tamanha generosidade.

Mas eles são muito espertos, né não? Claro que aquilo me rendeu uma baita bronca de todo mundo e que eu, com todo o cuidado do mundo, ignorei solenemente e continuei alimentando meu amigo sempre que podia, porque simplesmente eu não aguento olho de cachorro pidão, sinto muito…

PUBLICIDADE

Amor que engorda

O grande problema é quando o animal ganha guloseimas de várias pessoas da casa, quase durante todo o dia, virando a semana. Ou, se ele mora com uma única pessoa, mas essa pessoa resolve dividir tudo o que come com ele.

E nessa pandemia, além dos exercícios terem diminuído muito, sem passeios com os cachorros, muitas pessoas começaram a trabalhar de casa, e os safados dos bichinhos participando de todas as refeições do dia com seus tutores: café da manhã, lanchinho da manhã, almoço, café da tarde, janta e lanchinho antes de dormir.

O resultado não poderia ser outro: o nosso imenso “amor” engordou os bichinhos. E apesar deles ficarem muito lindinhos fofinhos, nós temos que ter a consciência de que isso faz mal, muito mal para o nosso pet.

O pug é um cachorro que sofre ainda mais quando está gordo em razão do focinho muito curto e de apresentar problemas respiratórios. Foto / Jorge Zapata/ Unsplash

Cuidado com as doenças!

Com o sobrepeso, muitos animais podem desenvolver uma série de doenças, entre elas a diabetes, problemas respiratórios e cardíacos, doenças nas articulações e várias outras. Além do sobrepeso diminuir muito a expectativa de vida do animal. Credo em cruz!!

E tem mais: às vezes, algo simples de ser feito, que é até da natureza do animal, pode se tornar um grande problema. Gatos gordos, por exemplo, não conseguem alcançar determinadas partes de seu corpo para se lamber e fazer a limpeza necessária. O problema é que, sem essa “faxina” habitual, o animal pode ter sérias infecções na pele.

Gatos muito gordos não conseguem fazer a sua higiene. Foto / Grupo Heidi e seus amigos/Facebook

Agora, já tá ficando sem graça essa história de animal gordinho né? E saibam que cachorros, gatos e cavalos são os animais domésticos que mais sofrem com o sobrepeso e os seus efeitos.

Portanto, apesar de muito fofos quando gordinhos, temos que tomar todo o cuidado para que essa fofurice não se transforme em um sério problema de saúde para o seu pet. Algo que nós –definitivamente– não queremos que aconteça.

PUBLICIDADE

Meu cachorro tá gordo?

Vamos lá saber se o seu pet está gordinho.

Em um cachorro com peso ideal as costelas são apalpáveis, não tem excesso de gordura e, visto de cima, dá para ver a cintura logo após as costelas e, de lado, é possível ver a curvatura abdominal.

No cachorro com excesso de peso dá para sentir um pouco de gordura quando se apalpa as costelas. Visto de cima, não tem a cintura muito marcada e, de lado, a curvatura abdominal é pouco marcada.

No cachorro obeso não dá para apalpar as costelas, que estão debaixo da gordura. Também possui depósitos de gordura na região lombar e na base do rabo. Quase não se vê a cintura, quando se vê o animal de cima e de lado, não se enxerga a curvatura abdominal.

Zero curvatura abdominal, mais parece uma leitoa, mas a Nicole segue tranquila repondo sua vitamina D. Foto / Grupo Heidi e seus amigos/Facebook

Muito bem, se o seu pet está com as descrições feitas para excesso de peso ou obeso, comece já uma dieta alimentar para não se arrepender mais tarde. Não precisa ser nada radical, mas lembre-se de que algo precisa ser feito.

 

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.