Foto / Maria D'Arc Hoyer

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Afinidade profissional, faixa etária e, possivelmente, interesses etílicos em comum me levaram a atravessar o samba do meu colega Carlos Bueno na escolha de temas para nossas colunas.

Por duas semanas, seguidas, escrevemos sobre os mesmos temas: ipês e cachaça. Ao entregar a crônica da semana passada, recebi de volta os emojis gargalhantemente cringes do meu editor, ao descobrir a coincidência.

Essa semana não quero repetir a dose rs… de crônica; mas venho falar, de novo, sobre árvores. Fazer o quê, se a primavera está dobrando a esquina? Depois do frisson que as floradas dos ipês provocaram nas pessoas durante as últimas semanas, comecei a observar outras árvores por aí. E são muitas, espalhadas por praças, ruas e avenidas.

Tem frutífera comum, como abacateiros, mangueiras e goiabeiras e há outras cujos frutos não parecem agradar nem aos pássaros, mas têm floradas lindas, como as sibipirunas, que, no fim do inverno, cobrem o chão de vagens secas que fazem trec-trec quando a gente pisa. Sim, eu já fiquei pisando sobre elas só pra ouvir o barulho. Cada doido com a mania que lhe couber, não é verdade?

E, justiça seja feita, a sibipiruna não serve apenas para sujar a rua. Ela aumenta nosso conforto térmico, reduz a radiação solar e, estudos apontam, pode devolver até 400 litros de água por dia para a atmosfera. Varrer a calçada é um preço pequeno a pagar por tanto benefício. Eu acho.

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A variedade faz a gente ter orgulho de viver por aqui, no Brasil, mas especialmente em São José dos Campos, ou das árvores. Este é o segundo ano consecutivo que a cidade fica entre as três mais arborizadas do país. O levantamento é realizado todo ano pela Fundação Arbor Day e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

Se você ficou curioso pra saber quem mais está se dando bem no país com arborização, lá vai. As cidades que fazem companhia a São José dos Campos são Campo Grande (MS) e São Carlos, no oeste de São Paulo.

Claro, apesar da classificação entre as mais arborizadas e de tanta beleza plantada por aí, ainda é triste ver muitas árvores canhestramente decepadas em nome da preservação da rede elétrica. Mas confiemos, o planejamento ou o “enterramento” da fiação deve resolver isso para as próximas gerações.

Voltando às minhas observações, confesso que sou aquela pessoa que anda com a cara pra cima, procurando flores, pássaros, insetos e encantada com a vegetação. Pena que o tempo é curto pra isso. Gasto só uns quarenta minutos nesse exercício de prazer e ainda divido a atenção com os cachorros que levo a passear.

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Mas é revigorante observar a beleza da natureza que nos cerca, desde os pequenos e delicados detalhes até a força vigorosa de alguns troncos e raízes. Confesso também que me aproveito desse espaço generoso do SuperBairro para falar dessas coisas, quase tolas, batalhando para esquecer, por um instante que seja, as queimadas que destroem e “enfumaçam” a vida, de tantas formas.

Fico por aqui e na torcida para não trombar o tema de novo com meu amigo, até porque a prosa dele é boa demais. Se bem que ele andou prometendo falar sobre um negócio aí de “guatambu” que, eu tenho cá pra mim, tem tudo a ver com árvores.

 

> Maria D’Arc Hoyer é jornalista (MTb nº 23.310) há 28 anos, pós-graduada em Comunicação Empresarial. Mora na região sudeste de São José dos Campos. É autora do blog recortesurbanos.com.br.