Cena antológica de Manhattan. Foto / Brian Hamill/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Cada cinéfilo tem suas preferências. Há quem adore filmes de terror, outros apreciam suspense, drama, muitos só gostam de comédias ou obras românticas… Seja qual for a classificação, se tiver Woody Allen na direção, roteiro ou elenco, incluo prontamente na minha lista!

Nascido Allan Stewart Konigsberg, em 1935, esse brilhante nova-iorquino (que nos filmes sempre declara, de algum modo, o seu amor à cidade) é plural: diretor, roteirista, escritor, humorista, ator e músico. Uma das qualidades marcantes e facilmente reconhecidas é o seu autorretrato em algum dos personagens: geralmente, um protagonista judeu com problema nos relacionamentos femininos, tenso e inseguro. Eu poderia elencar dezenas de seus excelentes filmes (muitos na lista de “clássicos”), mas me limitarei a pequenos comentários em algumas edições do SuperBairro.

Nos anos 70 Woody Allen nos presenteou com “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (Annie Hall) em que, além de corroteirista e diretor, ele faz o papel de Alvy Singer, um judeu divorciado e em sessões de análise há mais de uma década.

Humorista profissional, ele acaba se apaixonando pela complexa cantora em início de carreira, Annie Hall (Diane Keaton: “Alguém Tem Que Ceder”, “Do Jeito Que Elas Querem”, “Um Amor de Vizinha”) e em pouco tempo decidem morar juntos, quando têm início as seguidas crises conjugais –impossível não rirmos ao reconhecer algumas cenas da nossa vida cotidiana no casal.

Dentre vários prêmios cinematográficos, em 1978 ganhou quatro Oscar: melhor filme, direção, roteiro original e melhor atriz. Disponível no Telecine e Amazon Prime (MGM).

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Manhattan

Na mesma década, “Manhattan” chegou às telonas e mais uma vez trouxe Allen como corroteirista, diretor e ator. Aqui, ele é Isaac, um escritor divorciado que se vê numa embaraçosa situação quando sua ex-mulher, Jill (Maryl Streep: “Um Divã Para Dois”, “A Dama de Ferro”, “O Diabo Veste Prada”) decide publicar um livro em que expõe particularidades do seu relacionamento quando casados.

Como habitual nas tramas de Woody Allen, ao constrangimento da ex-mulher ele soma uma atração pela amante do seu melhor amigo, mesmo estando apaixonado e correspondido pela jovem Tracy (Mariel Hemingway: “Superman IV – Em Busca da Paz”, “Desconstruindo Harry”).

Três ícones do cinema: Woody Allen, a abertura do filme ao som de “Rhapsody in Blue” (George Gershwin) e a cena final, da ponte de Manhattan em preto e branco… Inesquecíveis! Disponível no Amazon Prime e iTunes.

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Série

OUR BOYS

(Nossos meninos)

A tensão desta série absorve o telespectador desde as primeiras cenas. Quaisquer pais, irmãos e amigos se colocam quase que instintivamente no lugar dos personagens –protagonistas ou não–, já que os fatos ali retratados são baseados numa triste realidade. Em 2014, o sequestro e assassinato de três jovens judeus ortodoxos, por militantes do Hamas na Faixa de Gaza, levou à mobilização de milhões de pessoas em Israel.

Revolta e retaliação por todo o país resultaram no assassinato de outro jovem, o palestino Muhammad Abu Khdeir, crime que acabou gerando novos atos de violência. Em apenas 10 –e emocionantes– capítulos, tem-se uma exposição detalhada de fatos sociopolíticos, culturais e policiais nessa produção norte-americana e israelense.

O criador e diretor de “Our boys”, Hagai Levi (israelense que também criou as séries “Sessão de Terapia” e “The Affair”), buscou a imprescindível pluralidade de pontos de vista dividindo a tarefa com Joseph Cedar (um cineasta de formação ortodoxa) e Tawfik Abu Wael (roteirista e diretor de cinema palestino). Em exibição para assinantes do HBO.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.