No alvo: PSDB joseense aposta todas as fichas em Alckmin. Foto / Agência Brasil/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Segue com lances emocionantes a disputa interna no PSDB nacional para a escolha do candidato do partido à presidência da República no ano que vem. Na corrida pelo voto dos tucanos de todo o Brasil, os principais candidatos, Eduardo Leite e João Doria, governadores do Rio Grande do Sul e de São Paulo respectivamente, vão abrindo feridas no partido que não se sabe se um dia serão cicatrizadas.

Mais curiosa ainda foi a decisão pública do PSDB de São José dos Campos, tomada na noite do último dia 25, de apoiar o gaúcho Leite em um estado cujo diretório é controlado pelo paulista Doria. Se isso não configura um rompimento formal com a direção paulista, pode ser visto, no mínimo, como um distanciamento dela.

Há quem veja na decisão dos joseenses em relação às prévias nacionais apenas um mero detalhe, pois ela anteciparia o que o prefeito Felicio Ramuth e os seus aliados consideram realmente importante: o apoio ao ex-governador Geraldo Alckmin na sucessão estadual, também em 2022.

É claro que um PSDB paulista que hoje é dorista não vai receber com naturalidade o apoio de uma de suas cidades mais importantes a um candidato que deverá enfrentar um tucano, também dorista, por um partido como PSD, União Brasil, PSB, qualquer outro ou todos juntos.

Portanto, ao apoiar Eduardo Leite o grupo que controla o PSDB de São José sinaliza que é real a possibilidade de migração para um outro partido. O próprio prefeito Felicio já reconheceu isso em declarações à Imprensa. E o próprio ex-prefeito Emanuel Fernandes já manifestou intenção de apoiar Alckmin caso ele seja mesmo candidato.

O que ainda não se sabe é se um eventual desembarque da legenda tucana seria de todo o grupo, entregando o partido que controla a maior cidade da RMVale há 25 anos com “porteira fechada”, ou se esse grupo poderia se dividir em dois blocos, parte no atual ninho e outra parte em um outro partido, procurando se equilibrar com cada pé em uma canoa.

Não se pode negar que o “grupo”, que Felicio garantiu ser unido e tomar decisões em conjunto, nunca foi tão arrojado desde a criação do PSDB em São José dos Campos tendo à frente o cerebral e cartesiano Emanuel, um engenheiro aeronáutico que sempre manteve os pés no chão. O fato é que o PSDB joseense não é um partido qualquer, é uma “grife” na política local. Na Fórmula 1, seria uma Mercedes ou uma Ferrari; no futebol, um Real Madrid ou um PSG. Ninguém entrega uma grife de graça para futuros adversários.

Nada impede também que a demonstração de descontentamento dos joseenses com Doria fique nisso, que o grupo permaneça no partido e pratique uma espécie de “cristianização” do provável candidato tucano Rodrigo Garcia enquanto, de fato, apoia Alckmin. [Veja no Google como nasceu o termo “cristianização” na política brasileira.]

Quem gosta de fortes emoções, que aguarde os próximos capítulos dessa história, que não terá nenhum romance, mas promete muita aventura.

A propósito, na última quinta-feira (28) o SuperBairro fez contato com a assessora de imprensa do deputado Eduardo Cury (PSDB) em Brasília e lhe enviou seis perguntas sobre este tema. Até a publicação desta coluna o deputado não havia respondido às questões.

(W.M.)

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NA RMVALE

Dutra: o que vem por aí

Dutra: mais 30 anos de CCR, mas com inovações. Foto / Jair Xavier/CCR Nova Dutra

Entre as novidades que a rodovia Presidente Dutra irá receber após o leilão realizado na última sexta-feira (29), a que mais chamou atenção nos municípios da RMVale foi o anúncio de uma obra para tornar as margens da rodovia um percurso seguro para os romeiros que percorrem o “caminho da fé” até a basílica de Aparecida.

Também destacou-se a gratuidade no pedágio para motocicletas, conforme havia anunciado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já os motoristas que usarem sistema de pagamento automático, conhecido como tag, terão direito a descontos progressivos de tarifa de acordo com a frequência de utilização.

Quanto à segurança, a Dutra ganhará sistema de monitoramento com câmeras automáticas para a identificação de incidentes, wi-fi, iluminação por LED e sistemas de telegestão em toda a rodovia.

No leilão, a empresa CCR, atual concessionária, venceu mais uma vez e terá a concessão da Dutra renovada pelos próximos 30 anos, além de um trecho da BR-101 (Rio–Santos) que passa pelo Litoral Norte.

A CCR, que opera a Dutra desde 1996, apresentou proposta de 15,31% de desconto na tarifa de pedágio prevista e ainda uma outorga de R$ 1,77 bilhão. A única competidora da CCR, a Ecorodovias, propôs 10,60% de desconto no pedágio e nenhuma outorga.

A outorga é um valor transferido ao Poder Público pela vencedora da concessão no ato da assinatura do contrato. Além da outorga, a CCR também deve investir R$ 14,8 bilhões na rodovia nos próximos 30 anos.

Nos últimos 25 anos, o investimento da concessionária na Dutra superou os R$ 23 bilhões.

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PONTO A PONTO

O Uber da discórdia

Uber Moto: políticos divididos entre prós e contras. Foto / Uber/Divulgação

Acossado pelos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, o aplicativo de transporte Uber resolveu “inovar”: incorporou o uso de motos no sistema. O Uber Moto começou a ser implantado no Brasil em novembro de 2020 e, até maio de 2021, só funcionava em dez cidades, sendo nove nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.

O prefeito Felicio Ramuth (PSDB) foi rápido no gatilho: “Não vou permitir Uber Moto em São José”, disse, em entrevista à web rádio 012 News. O prefeito falou em falta de segurança e de regulamentação por parte do Poder Público.

Do outro lado, o vereador Thomaz Henrique (Novo), conhecido pela defesa do liberalismo na economia, disse que a reação do prefeito foi precipitada e declarou apoio à nova opção de transporte da Uber. Thomaz justificou-se argumentando que a empresa irá gerar mais emprego e renda na cidade e ainda ser uma alternativa barata para a mobilidade urbana.

Enquanto isso, motoristas de automóveis do aplicativo continuam deixando de prestar o serviço, muitos devolvendo carros alugados, alegando prejuízos com a remuneração que estão recebendo.

Você já foi a Dubai?

Quem nunca foi a Dubai? Doria foi. Foto / Divulgação

Não deveria ser assim, mas a luta dos candidatos por votos tem momentos de pura comédia. Um deles foi protagonizado na semana passada pelo governador João Doria na cidade de Guarabira, de 59 mil habitantes, no interior da Paraíba.

Doria atendia a Imprensa, em entrevista coletiva aberta ao público na Câmara Municipal da cidade, quando comparou as características da seca do Nordeste com a região de Dubai, cidade dos Emirados Árabes Unidos conhecida pelo luxo, riqueza e ostentação.

“Dubai era um deserto completo. Completo. Não tinha um fio de água. Quem aqui já foi a Dubai, se puder levantar o braço… Alguém aqui já teve essa oportunidade? É uma transformação”, disse Doria, provocando risos entre os presentes.

E ainda tem gente que não entende a dificuldade de candidatos do “Sul maravilha” se darem bem no Nordeste do Brasil.

Nem um, nem outro

Pesquisa divulgada no site Poder360 apontou que 12% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em Lula (PT) ou em Bolsonaro (sem partido). O levantamento foi realizado pelo instituto PoderData entre os dias 25 e 27 de outubro, quando ouviu 2.500 pessoas em 420 municípios de todos os estados do país.

Porém, a rejeição que cada um deles carrega nas costas é muito maior e mais preocupante para ambos. O Datafolha mediu a rejeição de Bolsonaro em 59% e a de Lula em 38%.

Tem quem goste

Se o PSDB do governador Doria não gosta do ex-governador Geraldo Alckmin, tem muita gente que gosta. Depois de ter as portas do PSD e do União Brasil escancaradas para ele, e ainda o PSB de Márcio França doido pelo lugar de vice em uma futura chapa, agora é o PDT que acena para o tucano que está deixando o velho ninho.

O PDT, que sempre foi inexpressivo em São Paulo, precisa de um palanque paulista para ampliar as chances do seu candidato Ciro Gomes em busca da presidência da República.

Os defensores da ideia até fizeram graça com a união, batizando-a como “Império de Pindamonhangaba”.  Explica-se: Ciro e Alckmin nasceram na mesma cidade, embora Ciro só tenha nascido para a política no Ceará, onde governou o estado.

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GESTÃO

Sai a saúde, entra o emprego

Quase concluindo uma gestão supereficiente da área da Saúde durante a pandemia de covid-19, com um dos melhores desempenhos do país, o governo do prefeito Felicio Ramuth (PSDB) quer, agora, virar a página e começar a colher resultados na área do emprego e renda.

Na última semana, Felicio publicou artigo na Imprensa comemorando os números do Caged –sigla do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho– que apontaram a geração de 10.425 empregos com carteira assinada no período de 12 meses compreendido entre setembro de 2020 e setembro de 2021. Segundo ele, é o nono mês seguido de saldo positivo na criação de vagas.

O prefeito comemorou também a previsão de 3.500 postos temporários no comércio durante as vendas de Natal, mencionando que 20% dessas vagas tendem a tornar-se permanentes.

Além disso, o tucano ressaltou as 18.300 vagas criadas em 2021 pelo programa Qualifica São José em cursos à distância para qualificação profissional.

A “inflação dos pobres”

Os números macroeconômicos estão maltratando a parcela mais pobre da população brasileira. Uma combinação perversa –emprego em baixa e preços dos alimentos em alta– está transformando a miséria no país em caso de calamidade.

Calcula-se que desde o início da pandemia os preços dos produtos mais consumidos pelos mais pobres tiveram alta de quase 40%. Ao mesmo tempo, o desemprego nessa faixa da população subiu mais 8,5% no mesmo período, isto depois de terem atingido 21% de desocupação entre os anos de 2014 e 2019.

Conclusão: se a inflação nos últimos 12 meses está em torno de 10%, a “inflação dos pobres” bate em cerca de 20%. E o pior é que, conforme ditam os manuais de economia, o combate à inflação exige contenção da atividade econômica. Em português claro: mais desemprego.

Os números para a inflação foram calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) usando o IPC (Índice Geral de Preços).

Quem entende a Petrobras?

Quanto mais petróleo o Brasil produz, mais cara é a gasolina nos postos. Foto / Divulgação

O movimento na fronteira entre o Brasil e a Argentina tem aumentado. Turismo? Não. Combustível. Brasileiros que estão pagando em média R$ 6,14 pelo litro da gasolina estão visitando o país vizinho para abastecer seus veículos com gasolina argentina, que custa em torno de R$ 3,10 o litro. A “romaria” pode ser vista entre as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil) e Puerto Iguaçu (Argentina).

Enquanto isso, segundo dados do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), entre os anos 2000 e 2020 a produção de petróleo no Brasil cresceu 136%, enquanto a argentina caiu 29%

Desde janeiro deste ano o preço da gasolina acumula alta de 73,4%, com onze aumentos sucessivos, sendo o mais recente na última sexta-feira (29).

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FRASES

Bolsa Família X Auxílio Brasil

Gleisi: brasileiro não vende o voto. Foto / pt.org.br

“O Bolsonaro, assim como muitos que o apoiam, tem preconceito contra os pobres. Acha que dando um valor maior [no Auxílio Brasil], vai ganhar voto e ganhar apoio. Isso não acontece. Não é automático. É desconsiderar a capacidade crítica da população. (…) É o velho preconceito da visão do Bolsonaro de que voto se compra.”

Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, na semana passada, comentando a bolsa de R$ 400 do programa Auxilio Brasil anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Por via das dúvidas, Gleisi já adiantou que a proposta petista é de um Bolsa Família de R$ 600 caso Lula vença em 2022.

Dirceu: brasileiro vende o voto. Foto / pt.org.br

“Serão 12 milhões de bolsas que poderão se converter em votos em quantidade três ou quatro vezes maior. Isso nos garantirá a reeleição de Lula. (…) Bolsa Família são mais de 40 milhões de votos. (…) Você já pensou o que representa isso em matéria eleitoral?”

José Dirceu, ministro petista da Casa Civil no início do primeiro governo Lula, falando sobre o poder eleitoral do Bolsa Família. As frases foram relatadas pelo ex-promotor de Justiça Hélio Bicudo, um dos fundadores do partido.

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TOQUE FINAL

Vale na política? Vale na vida?

Foto / Google/Reprodução

 

*Atualização feita às 14h27 do dia 2/11/2021 para modificação do título principal e revisões ortográfica e de estilo.