Vale passeio até com roupinha, e tá tudo certo. Foto / Katya Wolf/Pexels

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Eu me lembro que quando era criança os cachorros viviam nos quintais e, quase sempre, amarrados a cordas ou correntes perto de algo que se parecesse com uma casinha. Os gatos, então, viviam pelas ruas. Sujos e, do nada, sumiam…

A gente tinha carinho pelos bichos, mas nem se compara com o tanto de carinho e mordomia que eles têm hoje. Muitos dizem que os bichos ficaram espaçosos, mas, na minha opinião, nós é que evoluímos e percebemos que eles não são só bichos. São pacotes de pelos (ou penas) repletos de amor e alegria, sempre dispostos a doar esses sentimentos em qualquer momento do nosso dia –com exceção de alguns gatos, verdade seja dita.

Me lembro também que era difícil ver homens fazendo carinho em cachorros ou gatos. E caso isso acontecesse, o cachorro tinha que ser tamanho família, grandão mesmo, para mostrar que ele, homem, era tão homem, mas tão homem, que tinha um cachorro grandão do tamanho da sua macheza.

Quando começou a moda dos passeios com os pets, eram as mulheres que se encarregavam disso e faziam para se exibir e exibir o animal, que era sempre de raça e, diga-se de passagem, era algo que acontecia numa sociedade com poder aquisitivo alto, bem alto.

Mas a história foi mudando. Alguns programas de TV começaram a exibir quadros voltados especificamente para os bichinhos de estimação, suas necessidades, o quanto eles eram inteligentes e como devotavam amor aos seus donos.

Não demorou muito para que os passeios com os cachorros virassem moda também entre os não tão ricos, até porque os programas na TV diziam que os passeios faziam bem aos animais. Mas ainda assim a maioria dos cachorros passeava com as mulheres.

Alguns homens até arriscavam um passeio aqui, outro ali, desde que o cachorro fosse de porte grande, bem grande, e de preferência bravo. E mesmo se não fosse, quando alguém se aproximava querendo interagir com o animal, os homens já iam avisando: Cuidado, ele é muito bravo! Querendo com isso mostrar que só mesmo um homem daqueles para segurar um bicho daqueles. Entendeu? Outros tempos.

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Quanta diferença…

De uns bons anos pra cá a coisa mudou radicalmente, graças a Deus! Os passeios continuam muito bem-vindos, os bichinhos adoram e algumas cidades possuem até lugares específicos para que os cachorros encontrem seus amigos para brincar. Agora, os acompanhantes desses bichinhos, quanta diferença…

Hoje mesmo, vi um homem de quase dois metros de altura passeando com uma cachorrinha da raça maltês, com lacinhos na cabeça, que devia pesar no máximo uns dois quilos, de tão pequeninha. Como sou chamariz de bicho, ela já veio na minha direção balançando o rabinho como se me conhecesse. Ele ficou meio sem graça, mas depois se derreteu todo quando viu que eu falava toda melosa com a cachorrinha. Quando olhei pra cima o homem estava com os olhos brilhando e falando maravilhas daquele pequeno ser.

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Me despedi, sai andando e pensando em como isso é bom para todos. Para os bichos sim, mas principalmente para nós, humanos. Quantas barreiras tiveram que ser vencidas para que aquele baita homem saísse para caminhar numa avenida movimentada com a sua cachorrinha cheia dos frufrus, sem ficar preocupado em ser rotulado?

Parece bobeira, mas não é, gente! Em outros tempos, a masculinidade daquele homem seria questionada só por ele estar passeando com uma cachorrinha pequenininha, que dirá cheia dos lacinhos e com coleira e guia na cor rosa.

Hoje, nada disso chama mais a atenção. Os homens também se renderam ao amor dos bichinhos, passeiam com eles pra todos os lados, ainda que algumas pessoas continuem acreditando que amar um bichinho não é coisa pra macho. Mas deixemos essas pessoas maturando a sua ignorância na salmoura do aprendizado do dia a dia. Uma hora elas aprendem que amor é amor.

E os gatos?

Saber ser macho é saber amar. Foto / Axelle Spencer/Pixabay

Quanto aos gatos, ah, esses estão cada vez mais ganhando as casas e os colos masculinos, roçando seus bigodes nas barbas e ganhando muito carinho. Esses dias, vi um vídeo em que um rapaz e sua gatinha faziam a coreografia todinha da música “Time of My Life”, do famoso e inesquecível filme “Dirty Dancing”.

Eu ri muito, porque parecia que a gatinha sabia do que ela estava participando. E me emocionei também, por conta do olhar amoroso do rapaz para a gatinha e, principalmente, do cuidado, deixando as cenas ainda mais doces.

Outros tempos estes que estamos vivendo agora, porque amar um bichinho é coisa pra macho, pra trans, pra bi, pra hétero… Amar é verbo transitivo direto, ele precisa de um complemento, que somos nós humanos. Ele precisa de gente para poder existir. Gente que ame gente, gente que ame os bichos, a natureza o planeta. Portanto, ame, só ame!

Adote

> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.

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