Estamos a um mês do Natal e as crianças já começam a fazer os seus pedidos para o Papai Noel que passam por bonecas, carrinhos, jogos, vídeo games, cachorro, gato… Ops! Eu disse cachorro e gato? Pois é, esses até são ótimos presentes de Natal, mas nunca, jamais, devem ser considerados brinquedos.
Criança pequena que quer por que quer ter um pet é superlegal, mas os responsáveis têm a obrigação de explicar para essa criança que aquilo não é um brinquedo, portanto não pode ficar pegando no colo, jogando no chão, puxando os pelos ou o rabo.
Eu já vi muitos papais, mamães, titios e avós dando animal para uma criança como se fosse um lindo brinquedo de Natal, e não é. Definitivamente, não é. É sim, um excelente presente, mas lembremos que é um ser vivo, que exige respeito e, mais do que isso, cuidados, muitos cuidados. É um presente com o qual a pessoa terá gastos mensais e, querendo ou não, vai mudar a sua rotina, a sua vida.
Não dá pra ter um cachorro pequeno, de raça (os mais pedidos no Natal) e colocar ele pra dormir na sacada ou sozinho no quintal, longe de todos, e ainda ficar irritado porque ele fica chorando a noite toda. Até eu ia chorar de tristeza e solidão. Você não?
Não é porque ele é um animal que tudo bem ele sofrer um pouco (até mesmo para aprender), chorar, passar frio, ficar sozinho. Tem muita gente que pensa e age assim, e tem aquelas pessoas que realmente acreditam que o pet é um brinquedo que vem com botão de liga/desliga na hora que bem entendem. Tipo: hora de dormir, vamos desligar. Hora de todos saírem de casa, vamos desligar. Hora de viajar, vamos desligar. Hora de receber visitas, vamos desligar. Hora de brincar, vamos ligar. Não, não vem com botão esse botão, entendida essa parte?
Agora vamos tentar entender mais uma coisa: o bichinho não é igual àquele brinquedo que o seu filho derruba da cama, joga no chão e arranca partes. Ou você explica pra ele que o animal sente dor e tem hora de descanso –não dá pra ficar brincando o tempo todo– ou você dá um bichinho de pelúcia que facilita tudo para todo mundo, principalmente para o pobre animal, que vai se livrar de uma vida de sofrimento.
Atenção!
E atenção vocês, vovós e titios que ficam com “dozinha” da pobre criança que quer ter um pet, mas os pais não atendem ao pedido. Procurem saber o porquê disso. Não vão simplesmente fazer a vontade da criança e arrumar um baita problema para a cabeça dos pais.
Como já disse, esse é um presente que demanda custos, tempo, paciência e amor, muito amor. Portanto, converse com os pais antes de presentear uma criança com um pet, mesmo que esse seja o presente mais desejado dessa criança. Todos devem entender a responsabilidade que envolve ter um animal de estimação.
Agora, verdade seja dita: se tem algo que muda a vida de uma criança pra melhor, é ter um animal de estimação por perto, isso nem se discute. Mas nós, adultos, devemos saber que esse é um passo muito importante e que todos os aspectos devem ser considerados.
Portanto, se você é aquele pai ou mãe, ou tio, ou vó que está pensando em dar um pet de presente de Natal para a sua criança preferida, analise bem tudo que envolve esse presente. Mas, principalmente, veja o lado do animalzinho, que é um ser vivo e que só está esperando ser recebido e criado com muito amor, porque esse é o sentimento que eles mais têm e mais vão doar para você e sua família durante toda a existência deles, que por sinal é bem curta.
De raça ou SRD?
Muitos se incomodam com a pessoa que quer comprar um animal de raça, considerando que existem milhares de pets para adoção. Eu, particularmente, acho que cada um deve fazer o que bem entende.
Acho normal a pessoa ter o sonho de um cachorro de determinada raça e correr atrás disso, desde que saiba quem são os criadores, porque tem muito bicho-homem escravizando animais de raça para vender seus filhotes.
O errado, e isso será sempre errado, é ter um animal, seja ele de raça ou um SRD (sem raça definida), e simplesmente não cuidar dele. O fato da pessoa querer comprar um animal, ao invés de adotar, não faz dela uma pessoa pior, nem melhor.
Não podemos ficar ditando regras, até porque essa triste situação de existirem vários animais abandonados nas ruas ou em abrigos deve ser combatida com políticas públicas, principalmente com castração e conversa com a população da periferia, que precisa entender que é necessário castrar o seu animalzinho. Aliás, não só necessário, mas fundamental, imprescindível, obrigatório, não tem conversa, não tem desculpa. Só essa ação fará com que se diminua o número de animais nas ruas.
Óbvio que adotar um animal de rua ou de alguma ONG é muito melhor, mas não podemos discriminar quem faz diferente e compra um bichinho. Lembrando sempre que animal nenhum, apesar de fofo e lindo, de raça ou SRD, deve ser considerado uma coisa e, muito menos, um brinquedo.
Adote
> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.