Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence descobrem cometa que pode destruir o planeta e têm de conviver com negacionismo e política. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Uma sátira ácida e bem elaborada tem o poder de chacoalhar as mentes e fazê-las despertar desse berço que há algum tempo deixou de ser esplêndido. Assim é “Não Olhe para Cima” (“Don’t Look Up”): uma sirene estridente, disparada por bons atores (representando papéis bastante caricatos) para chamar a atenção das pessoas mais comprometidas com os problemas das mudanças climáticas e outras questões que se lhes acercam.

A doutoranda Kate (Jennifer Lawrence: “O Lado Bom da Vida”, “Jogos Vorazes”, “Joy: o Nome do Sucesso”) descobre um cometa gigantesco vindo velozmente em direção à Terra que, caso não seja desviado, dentro de seis meses causará a destruição do planeta e a extinção das espécies. O fato é compartilhado e confirmado com o colega e cientista Randal (Leonardo DiCaprio: “Titanic”, “O Lobo de Wall Street”, “O Regresso”) que, juntos, levam o fato ao conhecimento da presidente dos EUA, Janie (Meryl Streep: “O Diabo Veste Prada”, “Mamma Mia!”, “Simplesmente Complicado”).

Mais preocupada com as eleições que se aproximam, ela ironiza e abafa o caso –qualquer semelhança com o descaso das autoridades sobre temas desse porte (inclusive por aqui…), não é mera coincidência. Ao tomar conhecimento da catástrofe que avança, o empresário Peter (Mark Rylance: “Ponte dos Espiões”, “Dunkirk”, “Os 7 de Chicago”), grande aliado de Janie, oferece soluções tecnológicas de vanguarda para supostamente destruir o cometa e, ao mesmo tempo, coletar os ricos minerais nele contidos, dando continuidade ao seu enriquecimento.

Quando o assunto começa a vir à tona, o negacionismo da presidente norte-americana se mantém, dando ênfase à frase ”Não olhe para cima”, que se torna o mote dos seus comícios pelo país.

Interessante observar o papel ora apático, ora sensacionalista da mídia, inclusive com a plastificada âncora de um famoso programa de TV, Brie (Cate Blanchet: “Jasmine”, “Oito Mulheres e um Segredo”, “O Curioso Caso de Benjamin Button”), mais interessada na audiência obtida com temas fúteis de celebridades do que em dar a real importância para a possibilidade da catástrofe iminente.

Destaque para cenas em que o inconformismo transformado em grito de alerta, de Leonardo DiCaprio (em 2014 nomeado o Mensageiro da Paz da ONU pelo Clima), parecem extrapolar o personagem. Dirigido por Adam McKay (“A Grande Aposta”, “Vice”), o filme vem gerando polêmicas, por isso sugiro fortemente que você o assista e construa sua própria opinião. Disponível na Netflix.

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Série

“Barry”

Esta é uma série que eu defino como 4B: bizarra, com um bom roteiro, boa atuação e boa direção; até poderia ser classificada como drama, ação ou suspense, mas é, definitivamente, uma comédia! O protagonista Barry (também criador e produtor da série, Bill Hader: “Ressaca de Amor”, “Irmãos Desastre”) é um solitário e deprimido ex-mariner (fuzileiro naval), que trabalha como matador de aluguel.

Quando faz uma viagem profissional a Los Angeles, ele segue o alvo até uma escola de teatro, onde acaba conhecendo um grupo que se transforma numa motivação: torna-se aluno e dá início a uma nova fase em sua vida. Passa, então, a viver disfarçado para equilibrar seus dias entre os assassinatos encomendados e as aulas de ator.

Hilárias as cenas em que, no palco, Barry fala do seu trabalho como se fosse um script e emociona os colegas, que acreditam tratar-se de um momento brilhante de atuação. A série rendeu a Bill Hader o prêmio Emmy de atuação em comédia nos anos de 2018 e 2019. Disponível no HBO. Prepare a bacia de pipoca, pois você vai querer maratonar!

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.

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