Instituto João Cursino logo após a mudança para o prédio atual, na avenida Engº Francisco José Longo. Foto / Grupo João Cursino/Facebook

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

“Quando os cruzados tomaram Jerusalém, lá pelo ano de 1099, durante a Primeira Cruzada, a matança dos infiéis muçulmanos foi tanta que o sangue corria pelas ruas na altura dos joelhos das pessoas!”

Sempre que o saudoso professor de história Joaquim Candelária dizia isso −nas suas aulas no Instituto de Educação Coronel João Cursino, em São José dos Campos, lá pelos idos dos anos 1950-60−, nós alunos ficávamos pasmos de espanto.

Lembro-me com muita saudade de meus professores aqui em São José, a partir de 1964, do ginásio e colegial. De início no Colégio Olavo Bilac, do professor Everardo Passos, notável mestre, do zero quadrado, feito com dois dedos de cada mão sobrepostos (hoje uma hashtag). Foram meus mestres o entusiasmado Felipe Cury (português), Castro (história), Assis (contabilidade) −aquele que dava aulas sem os sapatos−, além do agradável Otávio, esposo da aclamada professora Durvina.

Na Etep, onde fiquei quase um mês, descobri minha vocação para as ciências humanas justamente porque só gostava das aulas de português, história e geografia. Nas exatas, o professor Rambaud e André Alckmin que, para prender a atenção dos alunos, jogava o giz para trás e virava rapidamente o corpo para pegá-lo no ar.

No bom Instituto de Educação Cel. João Cursino, para onde corri para me matricular no curso clássico, tive as minhas melhores experiências e professores marcantes. Recordo-me dos mestres daquele velho prédio da praça Afonso Pena, notadamente aqueles que foram meus professores, a começar da sempre querida Janú, de história; a dona Zélia, de biologia, de grande eficiência; Moacyr, de filosofia; o padre Stephan Boemisch, de latim, de visual germânico, bravo, mas uma doçura de pessoa; o hierático Carlos, também de história; de geografia, a professora Rachel; de português, a jovial Eny.

Como não lembrar do professor Mut, de inglês, que socava meu ombro, espécie de brincadeira germânica, dizendo: –– Hello, Mister Joe! Lembro-me da suave Vera Bijos, nossa amiga até hoje. Por outro lado, distinguia-se o excelente professor Simão Chuster, que tornava fácil a matemática.

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Tenho lembranças dos demais mestres, dos quais não fui aluno, mas deles tive seguras referências. O professor Francisco de Assis Rimoli, de português, bom mestre, grande cultura; o velho Custódio, de português também, um dos fundadores da Faculdade de Direito, semente da atual Univap; o Chico Triste, igualmente de português, folclorista de mão cheia, criou o jornal O Valeparaibano, na vizinha Caçapava, transferido depois para São José.

Outros professores não menos importantes naqueles anos: o saudoso professor Palma (português), sua esposa Jandira Negrão Palma (matemática), Cleide Bonetti Calazans Camargo (música), Ramiro (desenho), Rotschild (história), Hélio Bevilacqua (inglês), Castilho (português), Nazaré (geografia), Antônio Marussig (inglês), Celson Manfredini (ciências), Alberto Marson (educação física). A querida Maria Aparecida Madureira Ramos (desenho), que já madura foi minha colega na Faculdade de Direito.

Merecem lembrança ainda os mestres Djalma, Oswaldo Nascimento, Benedito Zoroastro de Vasconcellos, José Garcia Machado, Dirce Saloni Pires, Diede Lameiro, Adamo Pasquarelli, Xenofonte Estrabão de Castro, Duílio Panziera, Augusto da Matta, Alan D’Arc Ferreira Nardo, Flávio Berling de Macedo, Maria Luiza, Álvaro Gonçalves e Alfredo Pereira Neto, o Dico, professor da Odontologia e que deu aulas no científico do João Cursino.

Como não poderia deixar de lembrar o eterno diretor José de Madureira Lebrão, bem como da aclamada Jaú (Benedita Vicentina Miragaia Mendes) e o Ditinho (Benedito Marcondes Pereira), além dos inspetores de alunos: Candinho (Cândido Leite Machado), Juarez, Edmundo Maldos (Zebu), Esmirna, Dirce Marson, Lourdes Pinotti e Wanderley Mimessi. Sem me esquecer do Honorato da cantina.

Destaco dois professores marcantes. O primeiro, o professor José Luiz Warrant Jardim Gomes Braga, de conhecimento e simpatia tão grandes quanto o seu nome, iniciou-nos nas discussões sociológicas. Projetou para nós o jornal Humanal, que −diga-se− era rodado no mimeógrafo na casa do meu pai.

O segundo, o professor Luiz Gonzaga Guimarães Pinheiro, amante das artes em geral, quem praticamente deu início à organização da cultura joseense. Criou −com o jornalista e literato Roberto Wagner de Almeida− a Semana Cassiano Ricardo, em 1967 e, um ano depois, o Conselho Municipal de Cultura, contando com o apoio do prefeito seresteiro Elmano Ferreira Veloso. Trabalhei no Conselho e, com o fechamento político, acabei me concentrando na vida profissional, desembocando na vocacionada, porém nada poética magistratura.

Ouvi, certa feita, que as principais pessoas da sociedade são os pais e os professores; nada mais correto, sinto-me gratificado por ter sido professor de Direito por oito anos. Aos alunos em geral, no entanto, resta-me alertar: aprendam com alegria, atenção e esforço. Não o fazendo, farei como o antigo mestre José Pulga, o conhecido Zeca Purga, com seu sotaque carregado de propósito, citando o antigo polidor de metais: –– Estudem, pois se não eu vou passar Kaor nas ferraduras e carcar nocêis!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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