Eu tenho uma amiga que semana sim –e a outra também– reclama da enorme quantidade de pelos que a sua cachorra Julieta deixa pela casa. Minha amiga fica tão assustada que chega a me mandar fotos dos enormes tufos de pelos que ela tira depois de varrer um único cômodo do apartamento.
Julieta é uma autêntica vira-lata, e quando foi adotada, ainda filhote, ninguém imaginava que fosse crescer tanto. Mas cresceu… e muito. Seus pelos são curtos e, de tão pretos, chegam a brilhar, fazendo inveja a muitas mulheres que adorariam ter aquele brilho nos cabelos. Além disso, ela é uma cachorra que, mesmo no frio, adora se deitar em locais frescos e de forma nada comportada: barriga pra cima e patas abertas.
O que acontece é que a fofa Julieta, apesar de ter os pelos curtos, possui uma pelagem dupla, ou seja, uma espécie de subpelo junto ao corpo e uma outra pelagem que é a visível. Ou seja, é muito, mas muito pelo, por isso cai demais e também por esse motivo ela não sente frio.
Dá para saber se um cachorro tem pelagem dupla quando afastamos os pelos do corpo do animal com os dedos e não conseguimos enxergar a sua pele, tamanha a quantidade de pelos. Parece até que eles se entrelaçam.
E esse tipo de pelagem faz com que o cão suporte o frio extremo, pois funciona como uma manta térmica que mantém o cão aquecido, ou permite que enfrente temperaturas mais quentes, já que esses pelos evitam que o corpo do animal absorva o calor.
Interessante saber que muitas raças de pelos longos (lhasa apso, shih tzu, maltês, bichon frisé, yorkshire e golden) não possuem pelagem dupla, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Cães com pelos longos não significa que sejam cheios de pelos.
As raças que possuem pelagem dupla são: husky siberiano (aquele cão da neve, que geralmente tem olhos claros), são bernardo (conhecido como beethoven, do filme), border collie e pastor shetland (cães de pastoreio) e o bernese montanhês (cão de boiadeiro dos alpes suíços).
Se a gente reparar, todas essas raças precisam mesmo ter esse tipo de pelagem em função das tarefas que exercem (ou exerciam) e as regiões onde elas são realizadas.
O husky e o são bernardo, por exemplo, são cachorros que trabalham em regiões de muita neve, o mesmo vale para o bernese. Os outros são cães de pastoreio e necessitam dessa pelagem para enfrentar as intempéries. Portanto, está tudo certo, no seu devido lugar. Até eles começarem a fazer parte da família que mora na cidade, em casas e apartamentos. Daí, não tem jeito: é pelo pra todo lado mesmo!
Mas, e os vira-latas, por que alguns desses danadinhos possuem pelagem dupla, como é o caso da nossa querida Julieta? Porque esses, sim, precisam de muita proteção, seja ela qual for, já que a maioria vive nas ruas, no sol, na chuva, no frio… Mesmo que você não acredite, Deus sabe muito bem o que faz.
Vamos aos cuidados
– Um cão de pelagem dupla deve ser escovado com frequência, no mínimo uma duas vezes na semana, mas se o tutor conseguir escovar mais vezes será melhor para o pelo do cão.
– Jamais tose um cão de pelagem dupla. Isso só deve acontecer caso os pelos fiquem com nós, por isso mesmo é recomendada a escovação diária em animais que tenham pelos longos.
– Os cães com pelagem dupla não precisam de nenhum tipo de creme ou produto de beleza para os seus pelos. Precisam apenas dos banhos regulares –sem excesso– com shampoo específico para cães.
– Dar muitos banhos nesses cães –como em qualquer outro– na intenção de refrescá-los em dias quentes, pode enfraquecer os pelos e deixá-los mais suscetíveis a desenvolver doenças de pele, como micoses.
– Fique atento à alimentação do seu cão. Alguns alimentos ou algumas rações podem contribuir para cair ainda mais os pelos. A alimentação deve ter os nutrientes necessários, portanto cuidado com os agrados em excesso. Isso pode afetar a saúde do seu animal, que se reflete na queda de pelos.
– Saiba que durante algumas épocas do ano o subpelo costuma cair, fato conhecido como muda sazonal, e pode acontecer até duas vezes por ano. Portanto, se você perceber que está caindo muito mais pelo do que o normal, lembre-se que o seu cãozinho pode estar nessa época, embora alguns deles troquem de pelo constantemente (talvez seja esse o caso da Julieta, para desespero da minha amiga).
E você que tem gato deve estar pensando assim: mas e os gatos, não vai falar nada sobre eles? Sim, porque se tem um bicho que sabe soltar pelo é o gato. Aliás, é impossível pegar um gato no colo e não ficar com pelos grudados até na alma…
Por isso mesmo esses bichanos terão um capítulo à parte sobre o porquê de soltarem tanto pelo.
Me aguarde!
Adote
> Edna Petri é jornalista (MTb nº 13.654) há 39 anos e pós-graduada em Comunicação e Marketing. Mora na Vila Ema há 20 anos, ama os animais e adora falar sobre eles.