Dobrada tucana: Cury disputa reeleição e Dulce tenta a Assembleia. Foto / Facebook/Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Um dos reflexos do fim das coligações para eleições proporcionais, decretado em 2017, é a tendência de quase todos os partidos lançarem candidatos próprios. Antes, com as coligações, cada candidato a deputado estadual ou federal, por exemplo, entrava em uma lista em que estavam todos os candidatos dos dois, três, cinco, sete ou mais partidos que formavam a coligação e se elegiam os mais votados dessa lista.

A mudança já foi testada nas eleições de 2018, valendo para deputados estaduais e federais, e de 2020, valendo para vereadores. O efeito mais imediato é que o candidato passa a depender unicamente da sua própria votação para se eleger e tem que disputar contra os seus próprios colegas de partido. Quem chegar na frente, dependendo do número de vagas, está eleito.

O antigo sistema de coligação permitia que a soma dos votos de todos os partidos unidos em cada coligação definisse, pelo coeficiente eleitoral, o número de vagas a que aquela coligação teria direito. Se fossem, por exemplo, 20 vagas, os eleitos eram os mais votados entre todos os candidatos dos partidos aliados na coligação.

Mas a legislação deixou uma brecha para os partidos fazerem acordos uns com os outros. Criou a federação partidária, que irá estrear nestas eleições de 2022. Através dela, dois ou mais partidos podem se unir para disputar a eleição. Porém, esse “casamento” não poderá terminar em “divórcio” antes dos próximos quatro anos. A Justiça Eleitoral pretende, com isso, garantir que o voto do eleitor ajude a escolher quem realmente se “casou”, e não quem só deu uma “pulada de cerca” durante o período eleitoral.

O que ocorria é que, às vezes, um partido de centro ou centro-esquerda entrava em uma coligação com um partido de direita ou centro-direita. O eleitor que queria ter no parlamento um político mais progressista –mais à esquerda– podia ser “presenteado” com um eleito mais conservador –mais à direita–, ou vice-versa.

O fim da coligação em eleição proporcional, na teoria, protege o voto do eleitor baseado na sua preferência ideológica e dá mais possibilidade de que os mais votados sejam realmente os eleitos. Em uma federação partidária, todos os eleitos por ela terão que se comportar como se fossem um único partido.

Ou seja, parece que a mudança pode ser positiva para dar uma certa ordem nesse excesso de partidos políticos que o Brasil tem hoje.

Seguindo essas novas regras do jogo, os partidos começam a anunciar seus candidatos a partir das convenções partidárias que deverão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Enquanto isso, eles são considerados pré-candidatos.

Candidato é o que não falta

Em São José, já começaram a brotar pré-candidatos de todos os lados. No início da semana, por exemplo, o PSDB realizou reunião e anunciou as candidaturas de Eduardo Cury a deputado federal, que buscará reeleição, e da vereadora Dulce Rita a estadual. Dulce está em seu sexto mandato –o primeiro começou em 1997– e foi a mais votada na última eleição municipal.

O velho rival dos tucanos, o PT, deverá entrar na “briga” também com dois candidatos. O ex-vereador Wagner Balieiro aproveitou seu aniversário na terça-feira (5) e pediu como presente a eleição para deputado federal. Para estadual, deve ser lançada a vereadora Juliana Fraga, embora o seu nome ainda não tenha sido divulgado oficialmente.

Balieiro: aniversário e candidatura. Foto / Facebook/Reprodução

A nova força partidária na cidade, surgida com a adesão do ex-prefeito Felicio Ramuth e do atual, Anderson Farias, é o PSD. Quase toda a “máquina” formada pelas centenas de militantes que vieram do PSDB, torna o PSD um forte concorrente nesta eleição. O vereador de cinco mandatos Juvenil Silvério também podou as asas tucanas, desembarcou no PSD e deve ser candidato a deputado estadual.

Juvenil sai das asas do PSDB e se abriga sob as asas da poderosa dupla Felicio e Anderson. Foto / Facebook/Reprodução

Embora ainda não oficialmente, não será impossível que o partido não lance candidato a federal no município e dê espaço ao atual deputado Marco Bertaiolli, que tem sua principal base eleitoral em Mogi das Cruzes. Por enquanto, mera especulação. Vamos aguardar o que diz o PSD local.

Outros partidos com vereadores na Câmara Municipal também prometem participar do grande baile do dia 3 de outubro. O MDB já anunciou os nomes de Hélio Nishimoto (ex-vereador e ex-deputado estadual tucano) a federal e Fernando Petiti a estadual. Petiti agora estará mais à vontade. Vereador no quinto mandato, ele desafiou o PSDB, onde estava em 2018, transferiu-se para o MDB e disputou a eleição a deputado estadual. O vereador não foi eleito e ainda perdeu o mandato porque o suplente Dilermando Dié exigiu o cargo.

Outro vereador que ensaia uma candidatura é o Dr. Elton, ex-emedebista em segundo mandato, que buscou um abrigo mais aconchegante no PSC (Partido Social Cristão), cuja bancada divide com o veterano Walter Hayashi, vereador de sete mandatos. Elton tem como cacife o apoio da poderosa Igreja da Cidade, do pastor Carlito Paes, que sempre dá abrigo a um leque de candidatos, mas dá uma forcinha maior aos seus prediletos.

Ao que parece, por enquanto é isso. Mas é bom você ficar de olho no atual presidente da Câmara, Robertinho da Padaria, do Cidadania, que também exerce o seu quinto mandato. E também em Lino Bispo, vereador em quarto mandato que, da noite para o dia, viu chegar ao seu PL (Partido Liberal) nada menos que o presidente Jair Bolsonaro e o agora “vizinho” Tarcísio de Freitas, do Republicanos, que ele presenteou com um inusitado título de Cidadão Joseense.

É isso.

Fora da Câmara, mais nomes

A deputada estadual Leticia Aguiar, eleita pelo PSL (Partido Social Liberal), então matriz do bolsonarismo, mudou-se para o Progressistas e tudo indica que vá disputar a reeleição. Leticia mostra um fôlego impressionante para exercer o mandato na Assembleia Legislativa, na capital, e ainda percorrer todo o estado entregando verbas de emendas e levando suas propostas. É bolsonarista desde criancinha.

Leticia Aguiar: fôlego e verbas públicas a serviço da candidatura. Foto / Facebook/Reprodução

Também apoiada no bolsonarismo, a ex-atleta da seleção brasileira de voleibol Patricia Borges ingressou no PL do presidente e quer ser candidata a deputada federal. Carioca, ela vive há muitos anos em São José, onde exerceu cargos de direção nas equipes de vôlei joseenses apoiadas pelo projeto Atleta Cidadão da Prefeitura.

Existe ainda o deputado Milton Vieira, do Republicanos, pastor evangélico que, depois de dois mandatos de deputado estadual, elegeu-se federal em 2018 e tem tudo para ser candidato à reeleição. O curioso é que Vieira mora há alguns anos em São José, elegeu seu filho para a Câmara Municipal, mantém uma equipe de assessores locais, mas aparece pouco na cidade. Porém, já mostrou que é candidato forte.

Por enquanto, a coluna fica por aqui. Até as convenções partidárias que confirmarão os candidatos, nomes citados podem sair da lista e outros, não citados, podem entrar.

Vá pensando em quem votar em outubro.

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PONTO A PONTO

Novos ares

“Os maus tomam conta da política porque os bons se omitem.” Já leu esta frase que vez por outra é usada para tentar convencer gente nova a entrar na vida pública do país? Pois o jornalista, músico, psicanalista e poeta Carlos Abranches mostrou que está disposto a ajudar na construção de um Brasil melhor ao assinar a ficha de filiação ao Cidadania. Em postagem publicada no sábado (2) em seu Facebook, o vereador e presidente da Câmara Robertinho da Padaria deu as boas-vindas ao novo militante.

Abranches, com Robertinho: filiação ao Cidadania. Foto / Facebook/Reprodução

Pregão suspenso

O pregão realizado pela Câmara de São José para contratar a empresa que irá operar a TV Câmara –que em breve deverá estar em canal aberto para toda a região–, está suspenso. O contrato tem valor de R$ 7,2 milhões.

Na segunda-feira (4), o Juiz Silvio José Pinheiro dos Santos, da 1ª Vara da Fazenda Pública, acatou o pedido de uma empresa concorrente que apontou irregularidades no processo. A empresa reclamou de exigências feitas no edital que só poderiam ser cumpridas pela empresa declarada vencedora.

A Câmara informou à imprensa que ainda não foi notificada da decisão e só irá se manifestar depois que isto ocorrer.

Cresce a polarização

Pesquisa divulgada pelo instituto Ipespe nesta quarta-feira (6) indica que a polarização entre Lula e Bolsonaro na disputa pela presidência da República continua se acentuando a cada dia. Na consulta estimulada, Lula (PT) ficou com 40%, Bolsonaro (PL) com 30% e Ciro Gomes (PDT) retomou o terceiro lugar com 9%, após a desistência de Sérgio Moro.

A tal terceira via, reunindo nomes como João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante), Felipe D’Ávila (Novo), José Maria Eymael (DC) e Vera Lucia (PSTU), somada, alcançou meros 6%.

A pesquisa do Ipespe é realizada por telefone em todo o país e, como todas as demais, é registrada na Justiça Eleitoral.

Um nome só?

Alarmados com esse enorme sinal vermelho para eles na avenida das eleições de outubro, os presidentes dos partidos União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania anunciaram nesta quarta-feira que, até 18 de maio, escolherão o nome único que irá representar a terceira via, unida em torno de uma federação partidária.

Dentro desse grupo estão dois pretendentes que ficaram para trás na corrida presidencial: Sérgio Moro, desautorizado pelo União Brasil após ter se afastado do Podemos dizendo que não era mais candidato e logo se “arrepender” da desistência, e Eduardo Leite, que renunciou ao mandato de governador do Rio Grande do Sul e se manteve no PSDB mesmo depois de derrotado por Doria nas prévias do partido.

As orelhas de Doria devem estar queimando. Tudo indica que segue em marcha acelerada um golpe tucano contra a sua vitória nas prévias.

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GESTÃO

CSI chama atenção

Inovações tecnológicas implantadas na administração pública em São José dos Campos continuam atraindo atenções. Nesta quarta-feira foi a vez do CSI (Centro de Segurança e Inteligência) receber elogios.

O vice-presidente da chinesa Hikvision, Li Jian Yao, visitou as instalações do centro no Parque Tecnológico e disse que a empresa estuda a possibilidade de instalar um centro de pesquisas no município. Segundo nota da Prefeitura, ele disse “ter ficado impressionado com a tecnologia na prestação de serviços à população comprovada pelo CSI”.

A Hikvision é a fabricante do sistema inteligente de monitoramento usado no CSI. A empresa está presente em 150 países.

Li Jian Yao (3º da esq. p/ a dir.): previsão de investimento chinês em São José. Foto / PMSJC/Divulgação
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TOQUE FINAL

Google / Reprodução
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> Texto atualizado às 10h32 do dia 7/4/22 para revisão ortográfica e de estilo.

> Texto atualizado às 13h33 do dia 8/4/22 para correção sobre o partido do ex-ministro Tarcísio de Freitas. Ele é filiado ao Republicanos.