Bolsonaro e o pós-eleição: o que ele vai fazer? Foto / Wilson Dias / Agência Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Está ficando feio. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem demonstrado que as pesquisas eleitorais estão mexendo com os seus nervos e tem sinalizado que pode jogar a partida de outubro com botinadas e faltas desleais. Será medo de perder?

Na segunda-feira (18) o presidente deu mais um show de intolerância ao receber embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para reclamar das urnas eletrônicas e repetir os velhos ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro acusou especialmente os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso de quererem provocar instabilidade ao não considerarem as observações das Forças Armadas para modificar o sistema eleitoral. O presidente baseou suas críticas em um requentado inquérito da Polícia Federal sobre um suposto ataque hacker ao TSE nas eleições de 2018, vencidas por ele.

A convocação de embaixadores pode até não ter sido tão danosa para a democracia brasileira. Afinal, Bolsonaro acaba de internacionalizar a questão das eleições. Uma boa resposta da comunidade internacional pode ser “socorrer” o presidente e criar uma comissão para fiscalizar a lisura da competição, uma espécie de VAR estrangeiro. Resolvida a questão.

Vamos voltar às possibilidades colocadas no título desta coluna, analisando os três cenários:

1 – Bolsonaro vence – Nesse caso, o presidente avança no seu projeto de ampliar os seus cerca de 30% de eleitorado, levando o país ainda mais à direita. Tudo ficaria mais ou menos como está, com a diferença de que a economia continuaria desarrumada, a política continuaria na base do toma-lá-dá-cá nas mãos do “centrão” e as pautas de costumes, que dão ibope, continuariam sendo usadas para alimentar o conservadorismo nacional.

2 – Bolsonaro perde e não apela – O atual presidente e seu grupo, que ainda será bastante expressivo na política brasileira, vão para a oposição e tentam radicalizar o discurso político. É claro que quase todo o “centrão” irá abandonar o barco e se aliar ao adversário dele, do qual se declararão seguidores desde criancinhas. As instituições se fortalecem, o vencedor terá uma certa estabilidade para aplicar o seu plano de governo e a “negra”, como se chama a terceira disputa para decidir quem é de fato o melhor, fica marcada para 2026.

3 – Bolsonaro perde e apela – Aí não tem bola de cristal que resolva. O mais provável é que durante um certo tempo o país suporte o choro de perdedor, sabendo que a situação voltará ao normal. As Forças Armadas, com quase toda a certeza, procurarão pacificar o país e cumprir estritamente o seu papel constitucional. Politicamente, como já se disse aqui, ficarão os mais radicais falando sozinhos enquanto a fila anda. O grande perigo, infelizmente, estará na própria militância bolsonarista. Não é impossível que um ou mais malucos saiam gritando “aqui é Bolsonaro!” e atirando em quem não é Bolsonaro.

Estes são os três cenários possíveis. Se Deus é mesmo brasileiro, que ele nos livre do pior. E que vença quem tiver mais votos.

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PONTO A PONTO

Tarcísio e Felicio: as nuvens mudaram no céu. Foto / Facebook/Reprodução

“Política é como nuvem,

…você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou.” Nunca foi tão verdadeira a frase cunhada pelo raposão político Magalhães Pinto, banqueiro e ex-governador de Minas Gerais. É exatamente isto o que nós vamos ver nesta quinta-feira (21), a partir das 18h, no Palácio Sunset, aqui em São José dos Campos, quando os pré-candidatos a governador e vice, Tarcísio de Freitas e Felicio Ramuth, participarão de um evento criado basicamente para a militância.

– Nuvem 1 – Acredite, a estrepitosa e desmoralizante vaia que o ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD) recebeu tempos atrás, ao participar de um evento bolsonarista de comemoração à assinatura do contrato da nova concessão da Via Dutra, irão se transformar em aplausos consagradores.

– Nuvem 2 – Se perguntado sobre a questão do domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Felicio deve dizer que isso é uma questão para a Justiça Eleitoral resolver e que já está praticamente dirimida a dúvida que existia. Mas não foi isso o que ele disse em entrevista à rádio CBN local quando ainda era pré-candidato a governador. Se perguntado sobre o fato de o companheiro de chapa ser carioca e flamenguista, talvez diga que tudo é Brasil.

– Nuvem 3 – A multidão de pré-candidatos dos partidos ligados a Tarcísio e Felicio, que antes andaram se estranhando, terão que se comportar de forma mais civilizada e até elogiar quem antes era adversário. Mas esta nuvem vai continuar mudando, porque já na sexta-feira cada pretendente a deputado estadual ou federal vai voltar para o seu lado e continuar estranhando os adversários.

Vai valer a pena olhar para o céu nesta quinta-feira.

É pra valer

Quem achou que o pré-candidato Ricardo Nakagawa (PSD), médico que foi vice-prefeito no primeiro mandato de Felicio, iria seguir a máxima do barão Pierre de Coubertin, de que “o importante não é vencer, mas competir”, está bem enganado. Depois de algum tempo ostentando a calma típica dos orientais, Nakagawa surgiu há cerca de uma semana com uma pré-campanha muito forte nas mídias sociais. Nesse momento, o seu objetivo é recuperar a visibilidade que já teve quando participava do governo e, ao mesmo tempo, colar sua imagem às principais realizações de Felicio, principalmente na área da Saúde.

Dr. Ricardo e a pré-campanha: vale até o Dia da Pizza. Foto / Facebook/Reprodução

Disputa nos bastidores

As peças criativas e visualmente atraentes da pré-campanha do Dr. Ricardo –nome com o qual ele vai se apresentar ao eleitor– são de responsabilidade de um time de respeito, formado pelos experientes jornalistas Hélcio Costa, Marcos Meirelles e José Roberto Amaral, todos craques em cobertura política com passagem pelo jornal “O Vale”.

Mas o trio não ficará reinando sozinho. Do lado de outro forte candidato, o deputado federal Eduardo Cury (PSDB), que disputa a reeleição, está o também experiente jornalista Max Ramon, que era colega de redação de Hélcio e companhia. Max assumiu recentemente a assessoria de Cury e deu uma guinada importante na comunicação do deputado.

Moro, sempre Moro

Solte um macaquinho em uma loja de louças finas. Já imaginou o estrago? Agora solte o ex-juiz Sergio Moro na política brasileira. O estrago é mais ou menos o mesmo. Depois de desistir de disputar a presidência pelo Podemos deixando a presidente do partido receber a notícia pela imprensa; de entrar no União Brasil dizendo que não era mais candidato e tentar mudar de ideia; e de ser impedido de se candidatar em São Paulo por problemas com o domicílio eleitoral, agora Moro se diz pré-candidato ao Senado pelo Paraná.

Para variar, mais uma “morice”. Ele quer disputar a eleição contra o senador Álvaro Dias, que concorre à reeleição pelo Podemos. Dias foi o responsável pelo lançamento de Moro como candidato à presidência. É ou não é um macaquinho em uma loja de louças?

Moro: macaquinho em loja de louças. Foto / Divulgação

Thomaz sincerão

Talvez por ter formação como jornalista profissional, o vereador Thomaz Henrique (Novo) parece transformar tudo o que faz em notícia, seja boa ou ruim. É quase impossível não ceder à tentação de publicar as suas sacadas nas mídias sociais. A mais recente foi uma discussão com uma eleitora –ou ex-eleitora?–  sobre um assunto qualquer. De repente, a seguidora explode: “Não quero saber mais sua opinião!!! Você é um grosso, desrespeita seus eleitores!!!”. Fazendo o gênero sincerão, olha aí abaixo o que o vereador respondeu.

Foto / Facebook/Reprodução
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RAPIDINHAS…

> Tempo vale ouro. A polarização nas eleições de outubro para presidente da República deve se manter também no tempo de rádio e TV dos dois candidatos. Caso se confirmem os 13 pré-candidatos atuais e as coligações partidárias anunciadas, Lula (PT) terá cerca de 3min10s e Bolsonaro ficará com cerca de 2min50s do tempo total de 12min30s de cada bloco da propaganda eleitoral que irá começar no dia 26 de agosto.

> Ainda o chororô sobre as urnas eletrônicas. Um banner que está circulando nas redes sociais mostra que os Bolsonaro, inimigos figadais do voto nas maquininhas, nunca foram prejudicados por elas. O chefão Jair se elegeu seis vezes com a urna eletrônica, Flávio (5), Carlos (6) e Eduardo (2). E ainda reclamam?

Família Bolsonaro: abençoada nas urnas eletrônicas. Foto / Facebook/Reprodução

> Ainda sem sessões devido ao recesso do mês de julho, a Câmara de São José dos Campos divulgou balanço do primeiro semestre. Foram aprovados 93 projetos em plenário, sendo que 74 já foram sancionados pelo Poder Executivo. No mesmo período, os vereadores elaboraram 209 projetos de lei que, somados aos 15 enviados pela Prefeitura, dão um total de 224 projetos apresentados.

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TRÊS PERGUNTAS…

Fernanda Soares e o livro “Tudo o que você sempre quis saber sobre a urna eletrônica brasileira”. Foto / Lucas Lacaz Ruiz/A13/Divulgação

Tudo sobre a urna

A jornalista Fernanda Soares Andrade lançou no último dia 1º, em parceria com o SindCT, sindicato da área de ciência e tecnologia daqui de São José, o livro “Tudo o que você sempre quis saber sobre a urna eletrônica brasileira”.

O SuperBairro publicou reportagem sobre o assunto. Abaixo, três perguntas a respeito da urna eletrônica respondidas pela autora. As respostas foram editadas para atender o limite de espaço da coluna. Clique [aqui] para ler a reportagem e o conteúdo integral das respostas. Para ler a versão online do livro, clique [aqui].

[1] Na pesquisa para o livro você encontrou situações reais de suspeita de mau funcionamento da urna eletrônica?

A pergunta gera duas interpretações: Se há um mau funcionamento do equipamento significa que a urna não irá ligar. Neste caso, a urna é substituída. Com relação à discrepância em registro do voto do eleitor ou a apuração dos votos (que é feita na própria urna) nunca existiu, mesmo havendo denúncias. O TSE investiga todas as denúncias. Até a Polícia Federal participou de investigações. Não houve, até hoje, nenhum registro de fraude eleitoral com a utilização da urna eletrônica brasileira.

[2] Críticos da urna eletrônica brasileira alegam que ela não é usada nas eleições pelas principais democracias do mundo. Como você vê essa questão?

Atualmente, 46 países utilizam “máquinas de votar”. Destes, 16 são similares às urnas brasileiras, sem impressão do voto em papel. A utilização das urnas eletrônicas brasileiras por outros países já ocorreu. Porém, isso implica em utilizar recursos financeiros e humanos do Brasil para realização de eleições em outros países, pois o TSE teria que configurar as urnas para o outro país. Não gostaríamos que outro país comandasse as eleições no Brasil, correto?

[3] Comparado com o sistema de voto em papel, quais são as vantagens do sistema que utiliza a urna eletrônica? Há desvantagens?

É na votação com cédulas em papel que ocorriam as fraudes eleitorais. Na apuração de votos em papel, o ser humano está sujeito ao erro, principalmente decorrente do cansaço, já que a apuração durava horas. Por isso havia tanta recontagem de votos. E a cada recontagem o resultado era um. A urna eletrônica, além de facilitar e agilizar a apuração, trouxe também inclusão, já que a votação passou a ser numérica, possibilitando aos analfabetos e aos cegos [em braille] votarem. Isso amplia a democracia e garante que a vontade de todo o povo brasileiro seja ouvida.

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GESTÃO

Mais empregos em SJC

Entre janeiro e junho foram abertas 4.500 vagas de emprego no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), mantido pela Prefeitura de São José dos Campos. No mesmo período do ano passado, o número ficou em 1.079 postos de trabalho. O número de vagas criadas no primeiro semestre já supera o total de 2021. Foram encaminhados 11.761 candidatos a emprego neste primeiro semestre contra 6.661 no mesmo período do ano passado.

Cidade vai ter Agentes Cidadãos

Terminam no próximo dia 24 as inscrições para o programa Agente Cidadão, lançado pela Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza) no início do mês. Serão 100 vagas, porém, segundo a Prefeitura, esse número poderá chegar a 400 ao longo do programa. Os selecionados receberão uma ajuda de custo de R$ 400, vale transporte e uniforme por um período de seis meses.

O Agente Cidadão, segundo a Fundhas, tem o propósito de despertar nos jovens a importância da capacitação pessoal e profissional. Os agentes terão atividades práticas em órgãos públicos do município e, uma vez por semana, haverá qualificação profissional do Cephas (Centro de Educação Profissional Hélio Augusto de Souza) na modalidade EAD. Estão previstas atividades de apoio às áreas de recursos humanos, finanças, compras, comunicação e campanhas.

As inscrições ainda podem ser feitas [aqui].

Agente Cidadão: apoio à capacitação pessoal e profissional. Foto / Claudio Vieira/PMSJC

Linha verde com sinal amarelo

O prefeito Anderson Farias (PSD) exibiu vídeo nas mídias sociais para dar notícias sobre o atraso na obra da Linha Verde. Ele mostrou imagens da instalação de nova galeria para aumentar a capacidade de drenagem no início da avenida Dr. Nélson D’Avila, na entrada principal da cidade.

Anderson informou que a obra naquele trecho ainda vai consumir no mínimo mais 30 dias porque, após o término da rede que está em fase final de conclusão, será necessário construir mais um trecho de galeria no subsolo da outra pista. Veja [aqui] as explicações do prefeito.

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TOQUE FINAL

Foto / Flávio Pereira/CMSJC

“E outra, não sou político de ficar de sorrisinho e agradinho para enrolar eleitor. Falo o que eu penso, se gostou, vota, não gostou, vota em outro.”

Thomaz Henrique

[Vereador (Novo), respondendo a seguidora no Facebook.]

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> Texto atualizado às 10h13 do dia 20/7/22 para correção do símbolo de segundos. O correto é (s) e não (seg).