Debater ou desistir?: dois debates antes do primeiro turno mexem com a cabeça de Bolsonaro e de Lula. Foto / Band/Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Parece poesia de quinta categoria, não é? Mas as rimas pobres foram quase inevitáveis no título acima. Porém, a questão não é de poesia, mas de estratégia política. O grande dilema dos dois únicos candidatos com chances de vencer a eleição para presidente da República neste ano é o seguinte: devo participar dos últimos debates ou não?

Parece que o candidato Jair Bolsonaro (PL) está animado. Sinalizou que irá ao debate do SBT em parceria com uma série de veículos importantes, como “Estadão” e revista “Veja”. E ainda deixou especularem que ele estuda ir ao debate na sua odiada Rede Globo.

Bolsonaro adora debater? É óbvio que não. Mas o presidente não é bobo e vem usando todos os eventos possíveis para chegar bem ao segundo turno –ou quem sabe para evitar que tudo termine no primeiro. Usou até a morte da rainha Elizabeth 2ª, convenhamos.

Do outro lado do ringue, o velho Lula – velho em ambos os sentidos– parece tremer nas bases junto com o seu redivivo PT. Liderando a maioria das pesquisas eleitorais –e isso é verdade–, o seu dilema é diferente: “vou aos debates para garantir essa parada no primeiro turno, ou não me arrisco a fazer besteira e fico satisfeito com o que conquistei até agora?”. Provavelmente, o velho Lula está remoendo essas dúvidas cruéis e investindo pesado em uma nova campanha, a do voto útil.

E ele tem bons motivos para tanta cautela. Afinal, no debate da TV Cultura/Folha/UOL/Cultura, o Lula eleito e reeleito lembrou um pugilista veterano voltando ao ringue: meio lento, meio fora de forma, mostrando fraquezas, não assimilando os golpes e, o que é pior, pouco incisivo no ataque. “Uma pálida imagem do que já foi”, diria um comentarista da “nobre arte”. Nada vexaminoso, mas todos esperavam mais de Lula. Daí a sua indecisão.

O foco nos debates, que marca essa reta final da campanha para presidente da República, mostra o quanto um debate é importante para definir o voto do eleitor. Afinal, é um dos únicos momentos em que o candidato está exposto, totalmente exposto, sem gravações, regravações, roteiros, ensaios. É, metaforicamente, claro, matar ou morrer.

O debate da Band/Folha/UOL/Cultura foi um exemplo de “arquitetura” para permitir o livre embate das ideias e mostrar um retrato fiel do preparo de cada candidato. Se os dois próximos debates anunciados antes do primeiro turno forem iguais, a democracia será a grande vitoriosa.

O problema é saber: quem vai debater e quem não vai?

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JORNAL DA CAMPANHA

Sabatina na Etep

Por falar em debate, na próxima segunda-feira (26), com início às 19h, a Etep Centro Universitário e o portal de notícias “outrosquinhentos” irão promover uma sabatina com os candidatos a deputado estadual com identidade com São José dos Campos. Um total de 14 pretendentes à Assembleia Legislativa confirmou presença. O grupo abrange quase todos os principais candidatos da cidade. Causa surpresa a ausência de Juvenil Silvério (PSD) na lista divulgada pelos organizadores.

A sabatina será realizada no auditório da Etep da avenida Barão do Rio Branco, no Jardim Esplanada. Inscrições online para quem quiser assistir: etep.edu.br/sabatina.

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Sprint na reta final

Assim como os corredores de médias e longas distâncias, o candidato a governador pelo PSDB, Rodrigo Garcia, tenta um sprint final na tentativa de alcançar e superar Tarcísio de Freitas (Republicanos) e buscar uma vaga no segundo turno. Garcia esteve na quarta-feira (21) em São José, onde fez corpo a corpo com os eleitores junto com os candidatos tucanos Eduardo Cury (federal), Dulce Rita (estadual) e de outros partidos que fazem parte da coligação.

Chamou atenção o entusiasmo dos candidatos a estadual Professor Agliberto (União Brasil) e a federal Flavia Camargo (Podemos). Os dois não desgrudaram um minuto do governador. Quem viu, lembrou a letra da  antiga “moda da cachaça”, que em um de seus versos fala que a personagem foi “de braço dado com dois sordado”. Veja [aqui] o vídeo publicado por Flávia Camargo nas redes sociais e tire a sua conclusão.

Rodrigo Garcia em São José: esforço para virar o jogo. Foto / Facebook/Reprodução

“Inpeanos” vão a São Paulo

Enquanto isso, dois nomes ligados à comunidade da ciência e tecnologia de São José viajam a São Paulo nesta quinta-feira (22) para participarem de uma “roda de debate” que reunirá sete candidatos –quatro a federal e três a estadual– com representatividade nessa área. O tema é “a valorização da ciência e a democratização da universidade pública”. Os candidatos com origem no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) são o ex-diretor geral Ricardo Galvão (Rede) e o físico e pesquisador Luís Vieira (PSD).

O encontro será realizado no Centro Acadêmico Moraes Rêgo (CMR) da Escola Politécnica da USP. Às 11h, debatem os federais e, às 12h, os estaduais.

Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe: debate na Poli-USP. Foto / Facebook/Reprodução

Bancada da maconha

“Maconheiro, não deixe pra depois / aperte o verde e 5042.” Este é o inusitado convite de um tal Dário, candidato a deputado federal pelo Psol de Minas Gerais. E ele vai além: “Boi, bala, bíblia / isso só nos envergonha. / Agora queremos ver / é a bancada da maconha”. É isso. O Dário gravou um vídeo animado e promete defender a legalização da maconha caso seja eleito. Com a palavra, os eleitores mineiros.

Clique [aqui] e veja o “vídeo da canabis”.

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O carro e os bois

Já o candidato a deputado federal pelo PSD, Luís Vieira, já citado aí acima, não fumou, mas deu uma delirada. Simplesmente, avisou que vai trabalhar para ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados [veja a postagem na foto abaixo]. Pois é, mas, como ele mesmo reconhece, antes terá que se eleger no próximo dia 2. Pelo jeito, confiança não lhe falta.

Vieira: talvez, o candidato mais confiante do Brasil. Foto / Facebook/Reprodução

Nas ruas, pouco ânimo

Faltando praticamente 10 dias para as eleições de 2 de outubro, salvo honrosas exceções, o clima nas ruas de São José não é de muita animação. Os cruzamentos superdisputados em campanhas anteriores parecem tranquilos, com panfletagens e bandeiraços bem-comportados.

Na verdade, talvez esteja faltando os marqueteiros chegarem à conclusão de que essa ocupação de espaços nas ruas em busca do eleitor perdido não é lá muito eficaz, e criem novas estratégias. As reuniões com pequenos grupos de eleitores, realizadas na casa de um simpatizante ou de um líder comunitário que convoca seus vizinhos, parece estar em alta.

Ah… dá para perceber que tem muito cabo eleitoral amador por aí. No início da semana, um grupo que distribuía material de uma candidata de direita próximo ao Sesc, estava devagar, quase parando. Não por malandragem, mas por pura falta de aptidão.

Panfletagem de Felicio no Calçadão: momento de exceção em clima meio desanimado nas ruas Foto / Facebook/Reprodução

Deu ruim pra Gadú

A ótima Flim 2022, realizada de quinta a domingo passado no Parque Vicentina Aranha, não conseguiu escapar do clima de campanha eleitoral. Uma exibição de preferência pelo petista Lula durante o show de Maria Gadú, no sábado, tem tudo para azedar a marmita da artista.

Será que ninguém pensou que a promoção do evento é do Ministério da Cultura, com dinheiro de incentivo fiscal e, ainda, com participação da Prefeitura de São José? Será que ninguém notou que todos são apoiadores de Bolsonaro e Tarcísio de Freitas? Pois é. Agora, a Prefeitura promete dificultar a vida da artista militante.

É bom lembrar que o movimento “Banhado Resiste”, que está atravessado na garganta do prefeito Anderson Farias (PSD), pegou uma carona na mesma cena.

O saldo desse imbróglio é o cachê de Maria Gadú retido e um projeto de lei sendo apresentado na sessão desta quinta-feira na Câmara Municipal proibindo “manifestações de cunho eleitoral com apoio explícito ou críticas a um partido político ou candidato por parte de artistas e empresas contratadas para atuar em eventos e shows custeados com verba pública no município em anos eleitorais”. Ufa!!! O projeto é de autoria do vereador Milton Vieira Filho (Republicanos), tendo Thomaz Henrique (Novo) como coautor.

Maria Gadú na Flim: “merchans” inoportunos. Foto / Facebook/Reprodução

Pra ganhar um dez…

O ex-prefeito Felicio Ramuth (PSD), atual candidato a vice-governador de São Paulo na chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos), cumpriu pouco mais de cinco anos de mandato elogiados até pelos poucos adversários que se dispuseram a enfrentá-lo nas urnas. Mas não merece um dez. Talvez 9, ou 9 e meio…

Nesta quarta-feira (21) explodiu definitivamente uma das bombas armadas no final do seu período de governo. Segundo a “Folha de S. Paulo” noticiou, o Grupo Itapemirim teve a falência decretada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, determinou a conversão para falência do processo de recuperação judicial que o grupo enfrentava desde 2016. As dívidas com impostos chegam a R$ 2,8 bilhões.

A Itapemirim foi uma aposta de Felicio para a operação do sistema de transporte coletivo da cidade. Ainda bem que não deu certo.

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TOQUE FINAL

Foto / Facebook/Reprodução

Google / Reprodução

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