Finalmente o grande dia está chegando. No momento em que este texto está sendo escrito, restam exatamente 45 horas para a abertura das urnas, que ficarão à sua espera e à espera dos milhões e milhões de eleitores do país.
Ainda cabe tentar mostrar como você pode usar o seu voto da melhor maneira para buscar melhorias para a sua família, a sua cidade, o estado de São Paulo e o Brasil. Afinal, a próxima oportunidade só virá daqui a quatro anos, em 2026.
O voto nos candidatos a presidente da República e a governador são importantíssimos, é claro. Você já deve estar acompanhando as campanhas eleitorais, os debates, o histórico dos candidatos e tem tudo para decidir de acordo com a sua vontade.
O voto no senador é o mais distante do eleitor. O senador é um representante do estado pelo qual é eleito. Para simplificar: o Senado representa os estados, enquanto a Câmara dos Deputados representa o povo. Escolha o mais digno do seu voto, o mais preparado intelectualmente, o mais honesto. Seria bom que o seu candidato reunisse todas essas qualidades.
A seguir, temos os cargos de deputado estadual e deputado federal. E aí é que mora o perigo. O seu voto pode fazer a grande diferença entre a sua cidade e região receberem verbas para projetos, obras e serviços importantes, ou ficarem chupando o dedo e assistindo o dinheiro ir para bem longe.
Um bom deputado estadual ou federal sabe os caminhos para representar os seus interesses junto ao governo do estado e ao governo federal. É através dele que chega o asfalto para as estradas, as pontes e viadutos, os hospitais, os serviços de saúde e educação, os recursos para as entidades beneficentes, enfim…
Então a mensagem que a coluna Política & Políticos deixa a você nesta quase véspera da eleição de domingo é simples e direta:
1
Entre um candidato a deputado distante da sua cidade e outro mais próximo, prefira o que está o mais próximo possível.
2
Entre os candidatos mais próximos, prefira os mais preparados e com serviços já prestados para a comunidade.
3
Entre os mais preparados, prefira os que possuem ficha limpa, seja na atuação no setor público, seja na vida privada.
Simples assim. Esta pode ser a eleição com maior número de políticos “forasteiros” bem votados na região do Vale do Paraíba. Isso não é nada bom. Não contribua para eleger quem já tem uma população distante de você para atender.
Afora isso, bom domingo de eleição. Em paz, em ordem e com os olhos voltados para o futuro. Agora, a bola está com você!
JORNAL DA CAMPANHA
“Colinha” da intriga (1)
Chegou no WhatsApp do colunista, no início da semana, um banner no mínimo inusitado [veja na foto]. Nele, a “colinha” recomendava o voto em toda a chapa que o PSD joseense vem trabalhando, porém com uma mudança: no lugar do candidato a deputado federal Dr. Ricardo –o mais próximo do grupo político do ex-prefeito Felicio Ramuth–, apareceu o nome do candidato à reeleição Eduardo Cury, do PSDB.
Como a mensagem foi enviada por um servidor comissionado da Prefeitura de São José dos Campos, fica afastada a possibilidade de uma mera falsificação. Ou seja: alguém realmente está trabalhando o voto em Cury para federal, Juvenil Silvério para estadual e na chapa bolsonarista para senador, governador e presidente.
Como nos mistérios der Agatha Christie, vamos identificar os personagens e tentar entender como a “colinha” afeta cada um deles:
– Juvenil Silvério – É o mais beneficiado de todos, porque ganha mais um nome a federal “dobrando” com ele, que já tem três nomes do PSD: Dr. Ricardo, Flavinho e Luís Vieira.
– Eduardo Cury – Ganha de um lado, porque tem seu nome vinculado a uma chapa forte, comandada na cidade pelo ex-prefeito Felicio Ramuth e com apoio integral do atual Anderson Farias. Mas perde do outro, ao confundir o eleitorado tucano quanto ao seu apoio a Rodrigo Garcia ou a Tarcísio de Freitas para governador.
– Dr. Ricardo – Perde em todos os sentidos, porque é o único nome trocado na “colinha” do PSD joseense, dando lugar para um adversário que é nada menos que o atual deputado que representa a cidade. Parece que tomou uma “chifrada” política de quem criou o banner.
“Colinha” da intriga (2)
A coluna fez contato com os três personagens principais desse imbróglio. O candidato a deputado estadual pelo PSD joseense, Juvenil Silvério, perguntado sobre quem produziu o banner, respondeu: “Não [foi feito] por mim. Eu sou Tarcísio e Felício. Eles são Rodrigo”. Sobre as suas “dobradas” para deputado federal, respondeu: “Flavinho, Luís Vieira, Dr. Ricardo”.
Os candidatos Eduardo Cury e Dr. Ricardo não quiseram comentar o assunto.
Atualização – Às 16h desta sexta-feira o deputado Eduardo Cury enviou à coluna a seguinte declaração: “Essa colinha não saiu da nossa campanha. Agora, é natural que os simpatizantes da nossa candidatura montem suas próprias dobradas. Já tivemos alguns casos assim, envolvendo outros candidatos. Isso foge ao nosso controle”.
E o voto regional?
Como quase sempre acontece no Vale do Paraíba, o início das campanhas eleitorais é marcado pela defesa do voto em candidatos da região. Neste ano, a bandeira foi empunhada pela Associação Comercial e Industrial (ACI) de São José e pelo jornal “O Vale”. Porém, esta pode ser uma das eleições com mais paraquedistas bem votados na RMVale nos últimos anos.
Em um cenário dificílimo para os candidatos a deputado estadual e federal, ninguém teve pudor de entrar em terrenos alheios para buscar votos. Até o tal Fernando Holiday, do Novo, foi citado como se fosse um candidato “local” em São José. Resultado: ninguém se espante se a representatividade da região –que já é ridícula– cair para um nível insignificante.
Paraquedistas na área!
Um bom –ou péssimo?– exemplo de desprezo pelos candidatos locais foi dado nesta campanha pelo ex-prefeito petista Carlinhos Almeida. Em vez de apoiar a candidata do partido na cidade, a vereadora Juliana Fraga, Carlinhos está apostando cem por cento das suas fichas no paraquedista Emídio de Souza, que disputa a reeleição e tem sua base eleitoral em Osasco, cidade da região metropolitana de São Paulo que fica a cerca de 100 quilômetros da praça Afonso Pena.
Clique [aqui] e veja com quem está o ex-prefeito nesta campanha.
A pergunta que fica é: por que Juliana Fraga foi lançada?
De novo as pesquisas
Pesquisa eleitoral é uma coisa interessante. Quase ninguém acredita nelas, a não ser que elas o favoreçam. De algumas eleições para cá, explodiu o número de institutos realizando pesquisas de intenção de voto. Antes, era só o Ibope e, depois, o Datafolha. O Ibope virou Ipec, o Datafolha continua sendo o odiado de sempre e ainda surgiram Paraná Pesquisas, Quaest/Genius e vários outros.
No meio desta semana, o candidato Tarcísio de Freitas divulgou um resultado um tanto diferente dos que têm sido apresentados pela maioria dos institutos. Segundo um tal Atlas/Intel, Tarcísio simplesmente liga turbinas de astronave e dispara até superar Fernando Haddad (PT), líder desde o início em praticamente todas as pesquisas. O mais interessante é que o tucano Rodrigo Garcia parece ter, segundo o Atlas, sofrido “pane seca” e simplesmente desacelerado diante dos concorrentes.
É bom lembrar que as pesquisas do Atlas/Intel são feitas por meio de convites aleatórios respondidos por usuários de internet durante uma tal de “navegação padrão”. Na última pesquisa desse instituto para presidente da República, a distância entre o líder Lula e o segundo Bolsonaro é de apenas sete pontos, quase a metade do que apontam os institutos tradicionais.
Nada de duvidar do Atlas/Intel, mas vale a pena conferir os números da última pesquisa do Datafolha e fazer uma comparação. Confira na nota abaixo.
A última do Datafolha
Pois é. Divulgada na noite de quinta-feira (29), a pesquisa do Datafolha preferiu trabalhar com os votos válidos, excluindo os brancos, nulos e indecisos. O resultado mostra Tarcísio com 31%, completamente descolado de Rodrigo, que teve 22%. Haddad lidera com 41%.
Ou seja, até como modestamente o colunista apontou recentemente, o eleitor paulista decidiu seguir a polarização nacional entre Lula e Bolsonaro e parece estar tirando o governador tucano do páreo.
Mas, como se diz em política, ninguém pode dizer que está tudo decidido. Quem viver, verá.
Esticando a Linha Verde
A Linha Verde não aguenta mais. Ainda crua, foi antecipada para dar um “up” no lançamento da candidatura do ex-prefeito Felicio Ramuth ao governo do estado. Depois, voltou ao seu ritmo normal.
Na semana passada, ganhou nova aceleração. Simplesmente, antes de a primeira estar totalmente operacional, foi divulgado nas redes sociais que o candidato Tarcísio de Freitas assumiu compromisso com a segunda fase da Linha Verde. Ufa!
Imprensa x política
Falando em Tarcísio, praticamente já caiu no esquecimento que ele não sabia onde iria votar aqui em São José. Nem seria o fim do mundo, considerando-se que é a primeira vez que ele irá votar na cidade. O que pegou mal foi o “branco” na cabeça do candidato em plena entrevista para a TV Vanguarda.
Mas o que vale mesmo comentar é a tentativa de um candidato e do seu assessor tentarem fazer terrorismo durante uma gravação que Tarcísio estava fazendo diante do colégio Carlos Saloni, na Vila Ema, onde ele irá votar. É bom lembrar que não cabe à dupla pedir respeito à liberdade de imprensa, ou mesmo, mais amplamente, de expressão. O que eles fazem não é jornalismo, é política. E a liberdade de se exprimir não significa impedir, com uso de equipamento de som, do outro se expressar usando o espaço público.
Clique [aqui] e veja a confusão entre o candidato a deputado federal Dudu Sivinski (Avante) e a equipe de campanha de Tarcísio, com foco no ex-prefeito Felicio Ramuth.
Imprensa é imprensa. Política é outra coisa.
TOQUE FINAL
Vote com consciência
> Texto atualizado às 16h06 do dia 30/9/22 para inclusão de declaração do deputado Eduardo Cury (PSDB) na nota “‘Colinha’ da intriga (2)”.