“A lista de Schindler”, “A vida é bela”, “O menino do pijama listrado”, “Perdoai-nos as nossas ofensas”, são alguns dos muitos filmes que retratam a Segunda Guerra Mundial, os horrores do Nazismo e do Holocausto. “Resistência” também o faz, porém o enfoque desta cinebiografia ultrapassa a abordagem das crueldades para nos falar dos sentimentos de um artista francês (que viria a se tornar mundialmente famoso), que arriscou a própria vida para salvar centenas de crianças judias perseguidas pelos nazistas.
O judeu aspirante a artista Marcel Marceau (Jesse Eisenberg: “A Rede Social”, “Truque de Mestre”, “Café Society”), ainda era jovem quando a França foi invadida pelos alemães; contra a vontade do pai (que algum tempo mais tarde morreu no campo de concentração de Auschwitz), se apresentava em boates esvaziadas e divertia os poucos clientes noturnos com imitações de Charles Chaplin, seu grande ídolo.
Convidado por um primo e amigos a se juntar a um grupo de resistência antinazista na França que, dentre outras atividades, reunia crianças judias órfãs na tentativa de escondê-las até conseguir levá-las para a Suíça, inicialmente Marcel preferiu apenas colaborar com o transporte no caminhão do açougue da família.
Entretanto, o envolvimento com a causa e com as crianças, somado à descoberta do seu amor secreto por Emma (Clémence Poésy: “O Último Amor de Mr. Morgan”, “Tenet”, “Uma Família de Dois”) –uma das resistentes–, o motivou a participar ativamente do grupo, inclusive aproximando-o do irmão (Felix Moati: “Um Banho de Vida”, “A Crônica Francesa”, “Insubstituível”).
Cenas sensíveis mostram que Marcel Mangel (seu nome original) utilizava a arte da mímica para entreter as crianças e também para ensiná-las, de modo lúdico, a se esconderem no topo de árvores para fugir dos soldados nazistas. Outros destaques de “Résistance” (título original): a participação do General Patton (Ed Harris: “As Horas”, “Top Gun: Maverick”, “A Filha Perdida”), que inicia a narração da história do herói Marcel Marceau aos soldados aliados, tão logo termina a guerra; a órfã judia Elsbeth (Bella Ramsey: “Becoming Elizabeth”, séries “Game of Thrones” e “The Last of Us”) e o terrível chefe da Gestapo Klaus Barbie (Matthias Schweighöfer: “As Nadadoras”, “Operação Valquíria”, “Kursk – A Última Missão”). Uma bela fotografia e direção, com um ótimo elenco, disponível na Netflix.
Séries
‘As Leis de Lidia Poët’
Ainda que em 8 de março as mulheres sejam homenageadas com flores, presentes e bombons, desde 1910 o Dia Internacional da Mulher é de luta por direitos. Assim, escolhi uma série muito apropriada para esta semana: “La Legge di Lidia Poët” (título original), que foi inspirada na história real daquela que lutou para se tornar a primeira mulher advogada na Itália.
Pressionada pela família e pela sociedade extremamente machista do século 19, Lidia (Matilda de Angelis: “A Incrível História da Ilha das Rosas”, “Uma Família”, série “Leonardo Da Vinci”) é uma jovem linda, inteligente e ousada para a época, que teve cassada a licença para advogar pelo simples fato de ser mulher.
Persistente, ela convence o irmão –e advogado– Enrico (Pierluigi Pasino: “Texas”, “O Jovem Messias”) a torná-la sua assistente e, com a ajuda do misterioso cunhado dele, o jornalista Jacopo (Eduardo Scarpetta: “Um Amor Quase Perfeito”, “A Amiga Genial”), não economiza esforços para desvendar crimes misteriosos, inclusive trazendo à Corte a exigência do uso de coleta de impressões digitais, algo quase desconhecido até então.
Com fotografia e figurino belíssimos, a primeira temporada está disponível na Netflix, em seis episódios. Reúna a família, prepare a bacia de pipoca e boa diversão!
> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.