O filme "brinca" com o comportamento de oito homens durante um jantar de aniversário. Foto / Divulgação

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quando duas ou mais amigas se reúnem, impossível não ouvir um falatório generalizado. Há conversas cruzadas, risos, choros, segredos compartilhados, ombros disponibilizados, medos divididos e sempre inúmeros exemplos –qualquer que seja o assunto da roda. Tais encontros se diferenciam enormemente do universo masculino, em que a conversa –mesmo entre grandes amigos– é generalizada, sobre terceiros, futebol, trabalho, conquistas (nem sempre reais), bebidas. Todavia, eles raramente expõem seus problemas.

Essa é a riqueza de “O que os Homens Falam” (Una Pistola en Cada Mano), filme espanhol de 2012, dividido por episódios e dirigido por Cesc Gay (Truman), que também é o corroteirista e showrunner.

Oito homens beirando os 50 anos, de diferentes estilos e em distintos momentos de vida, se encontram para um jantar de aniversário na casa de um amigo e vizinho em comum. No decorrer desse dia, vamos conhecendo-os, um a um, cada qual na sua “caverna”, sempre cumprimentando o interlocutor como se tudo estivesse perfeitamente bem.

Há o episódio do desempregado recém-separado que voltou a morar com a mãe e encontra o amigo da juventude, agora profissional bem-sucedido, marido e pai exemplar, mas que faz terapia para tratar de ansiedade e problemas subsequentes.

Outro, interpretado pelo ótimo Javier Camara (“Fale com Ela”, “Os Amantes Passageiros”, “Truman”), do divorciado infiel que confessa à ex-mulher que ainda a ama. Um tímido, casado, é ridicularizado ao tentar seduzir a colega de trabalho –somente após ela ter emagrecido 15kg. Muito interessante o episódio de dois grandes amigos que têm seus segredos íntimos revelados pelas respectivas esposas, mas não os compartilham um com o outro.

E um marido traído, interpretado pelo excelente Ricardo Darín (“O Segredo dos seus Olhos”, “Truman”, “Um Conto Chinês”, “O Filho da Noiva”), confessa a um amigo que decidiu seguir a esposa até onde mora seu amante.

Diálogos ricos, que nos lembram situações bastante próximas da realidade, algumas talvez vividas por pessoas de nossa família ou círculo de amizade. O filme tem algumas cenas engraçadas, mas está longe de ser uma comédia (como é classificado). Disponível no streaming Amazon Prime.

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Série

ISABEL

Esta minissérie, lançada pelo HBO Max no início de 2021, nos apresenta a conturbada vida de Isabel Allende. A famosa escritora de “A Casa dos Espíritos” (1980, misto de ficção e biografia) e “De Amor e de Sombra” (ambos transformados em filme), dentre outros, sofreu pela separação dos pais na infância e, quando adulta, foi perseguida pela ditadura militar chilena.

Sobrinha do presidente Salvador Allende, derrubado pelo ditador Augusto Pinochet, Isabel ajudou muitos compatriotas a cruzarem a fronteira do Chile, entretanto, temendo pela própria vida e a dos filhos, decidiu se exilar em Caracas ainda nos anos 70. A dor maior, porém, ainda estava por vir: em dezembro de 1992 morreu a filha mais velha, título de um de seus livros: “Paula”.

Em “Isabel – La Historia Íntima de la Escritora Isabel Allende”, a protagonista é interpretada pela atriz chilena Daniela Ramirez (“Quarteto Amigo”, “Grisalhos”), que dá realismo à mais lida escritora de língua espanhola, cujas linhas mostram os traços do profundo sofrimento por que passou a autora. Se quiser maratonar, está disponível no streaming Amazon Prime Video.

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> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), atua como redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há nove anos na Vila Ema.

 

*Texto atualizado às 17h54 do dia 5/12/2021.

 

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