Joaquim, aqui paparicado pela irmã Lorena. Foto / Stefanie Lopes/Cedida

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Neste início de junho o meu neto Joaquim e eu comemoramos uma data especial. Com uma semana de diferença, ele completou um ano de vida e eu, com esta crônica, estou fechando igual ciclo como colunista deste portal.

Exato um ano atrás debutei aqui mostrando a performance de um andejo por lugares vividos em outros tempos. Despretensioso e saudosista, o texto aflorou detalhes da andança com uma pitada de graça, tempero que, quando cabe, uso para tornar o tema melhor apreciado.

Narrando minha caminhada pelo Jardim Paulista e adjacências, onde topei com antigas paisagens e amizades, “O alegre voo do pardal” rendeu a este colunista bom feedback por parte do leitor e instigante comentário do editor. O leitor gosta da sua prosa, disse.

Desde então faço de minha coluna inaugural aqui uma referência, que meus dois neurônios levam em conta quando empenhados em me ajudar a cumprir o compromisso semanal com o SuperBairro. Tenho aquele texto como pilar toda vez que vou ao minúsculo teclado do celular escrever minha crônica ou meu conto.

PUBLICIDADE

Esta não é a primeira e nem será a última vez que pretensiosamente conto um certo número de seguidores aqui. Eram seis, até encontrar o Giuliano cantando parabéns para o Joaquim –como vou mostrar.

O número é cabalístico, serve de desafio e de autoprovocação. Sei que fidelizar o leitor num universo tão amplo de exposição de ideias é utópico, mas eu tento. Em cada palavra, linha e parágrafo.

Essa dificuldade é resultado, repito, dessa salutar concorrência entre os contadores de histórias. A começar por aqui, onde um time de craques entra em campo todas as semanas. Mas não me queixo. Ao longo desse um ano foram quase 28 mil palavras para escrever 43 crônicas e contos, inclusive esta.

De minha parte, hoje venho aqui agradecer aos leitores eventuais e aos pontas firmes que me privilegiam todas as semanas com a leitura dos meus textos.

Já o Joaquim… bem, o sapequinha não tem nada a ver com isso. A não ser pela vizinhança das datas que comemoramos por motivos diferentes. E pelo fato de que foi na festinha do seu primeiro aniversário, sábado passado, que contei mais um simpatizante da coluna. É aqui que o Giuliano aparece na fita.

Por causa da pandemia, fazia tempo que eu não via esse meu sobrinho. Revi-o na festa. O nome é uma homenagem ao ator italiano Giuliano Gemma.

No burburinho da festa, enquanto de colo em colo Joaquim esticava a mãozinha gorda para tocar os pompons na mesa ou os balões no teto, Giu –como meu sobrinho é chamado– sentava-se ao meu lado dizendo ter a esperança de ouvir ali algumas mentiras. Como é piadista de todos fazer rir, ri.

PUBLICIDADE

Ele chegou alegre, esbanjando simpatia e um sorriso largo no rosto, suas mais marcantes características. Acompanhado do irmão, Moisés, acabou confessando o que, tenho fé, não seja mentira nem piada.

Disse que lê minhas crônicas no SuperBairro e, para me convencer, repetiu para o irmão uma crônica minha tintim por tintim, e arrematou com o popular “eu mato a cobra e mostro o pau”. Contou a história do candidato que ganhou como mimo um cachorro magro e fedorento, levado para casa a contragosto em troca de um balaio de votos.

Troquei mais algumas palavras com o Giu, que quis saber sobre o site de notícias; falei de minha buliçosa vizinha –tema daquela semana, que ele ainda ia ler– e amenidades.

Depois de me fartar de deliciosos salgadinhos, sucos refrescantes e docinhos engordantes, fui embora feliz, deixando no acessível horizonte um céu de fogo ardente, e no colo da madrinha o Joaquim dormindo um sono casto e silente.

 

> Carlos José Bueno é jornalista profissional (MTb nº 12.537). Aposentado e no ócio, brinca. Com os netos e as palavras.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE