Foto / Maria D'Arc Hoyer

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Não é todo dia que a gente sai da cama recarregado e no modo bateria 100%. Nos últimos tempos então, repor a energia está complicado demais. É, eu sei, estou chovendo no molhado. Mas ainda quero dizer que quando acontece de somarmos aos problemas mundiais nossas míseras questões individuais, fica ainda mais difícil.

Em dias assim, a cabeça pesa com uma leve enxaqueca, os ombros doem e a vida não parece ter muito brilho, apesar do Sol. Foi assim que neste 24 de agosto eu recebi a dádiva de mais um dia. Com a cara amassada e emburrada, lá fui eu ao quintal cumprir uma rotina de quem tem cachorro. A sagrada limpeza matinal diária.

Eis que, no silêncio da manhã, um zumbido suave me chama a atenção. Observei que os botões de ontem na pitangueira, hoje eram flores. Uma explosão de minúsculos tufos brancos que já serviam de banquete para abelhas, campeiras, colhendo néctar e pólen.

Aprendi ao longo de uma acidentada caminhada a me apegar a cada sinal do universo para refazer o roteiro do dia e direcionar a energia para o que houver de positivo ao redor. Método que pra mim funciona para mudar a vibração e começar, recomeçar, refazer o que for necessário para ver a vida com bons olhos.

É uma busca egoísta até, pois ao procurar o que há de lindo em cada ser e cada momento consigo agregar sempre alguma coisa ao meu crescimento pessoal e, às vezes, me salvar de um dia perdido para o desânimo. Hoje, foram as abelhas que me ajudaram a levantar voo.

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Decidi tirar um momento e ficar só ouvindo o zum zum, observando as perninhas carregadas de pólen, o bater de asas incansável, o destino a cumprir sem muito pensar.

Gastei lá uns dez minutos nesse ganho de tempo precioso, respirei fundo e até tirei algumas fotografias para eternizar o instante, pois a florada da pitangueira é ligeira demais. Quem sabe, as fotos podem me lembrar qualquer dia desses, mesmo sem fazer zum zum, que pensar demais é desgastante e faz doer os ombros.

Eu ia terminar na frase acima, mas aí vai um complemento. Ver as abelhas tão absortas em suas missões me despertou para um dia melhor. Encarei um remédio para a enxaqueca, tomei um café caprichado e fui à luta também. Afinal, a natureza é sábia e eu nem tanto. Salvem as abelhas.

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> Maria D’Arc Hoyer é jornalista (MTb nº 23.310) há 28 anos, pós-graduada em Comunicação Empresarial. Mora na região sudeste de São José dos Campos. É autora do blog recortesurbanos.com.br.