O que é o Parque da Cidade Roberto Burle Marx? Que cidades no Brasil têm algo semelhante? Poucas… Fui passear lá no sábado. É inacreditável o que aquilo tudo representa.
No entanto, vamos de reminiscências pessoais antes de chegarmos ao parque. Meu pai trabalhou 30 anos na antiga Tecelagem Parahyba S/A (parte do complexo do Parque). Na época, início dos anos 50, a empresa mantinha um dentista (meu pai), um médico e tinha até uma pequena farmácia para atendimento aos funcionários, algo inédito.
Final da década de 60, início de 70. Alguns dias da semana minha mãe ficava com o carro –um Taunus preto– e às 18h íamos buscar meu pai na saída do trabalho. Eventualmente, um trem bloqueava a saída dos funcionários. Momento de tensão. Alguns arriscavam passar entre os vagões, apesar de ser proibido.
Minha mãe morria de medo de que meu pai desse uma de apressado e fizesse o mesmo. Eu também. “E se o trem começar a se mover bem no momento que meu pai estiver pulando o engate entre um vagão e outro??”. Era só esperar um pouco e a composição se movia e liberava a passagem de todos. Mas era tenso.
Dessa época, guardo a lembrança de fazer compras no mercado que havia lá dentro e de festas de fim de ano para os funcionários, churrascos ao ar livre, com muita gente. Os cobertores também, as diferentes padronagens, muitas cores e o inesquecível bonequinho eternizado no comercial com o jingle: “Tá na hora de dormir, não espere mamãe mandar…”. Mas vamos ao parque.
A casa Olivo Gomes, projetada por Rino Levi, é um atrativo internacional. Grupos de arquitetos, estudantes, pesquisadores visitam o Parque para conhecer essa obra do modernismo brasileiro. Os jardins e murais da residência, projetados por Burle Marx, são retratados em livros especializados publicados no mundo todo.
Os galpões da antiga Tecelagem Parahyba são clássicos da arquitetura da década de 20, bem detalhados no livro “São José dos Campos –Arquitetura Industrial”, de Ademir Pereira, arquiteto e professor que fez um extenso trabalho sobre o tema.
Além desse patrimônio, temos a natureza. Trilhas que eu nem sabia que existiam, são lindas. Porém, não há indicação. Faltam placas sinalizando para onde vão, localização, o básico. Nada muito difícil de ser providenciado pela secretaria responsável pela manutenção do Parque.
> Henrique Macedo é jornalista (MTb nº 29.028) e músico. Mora há 40 anos na Vila Ema.
*Texto modificado às 21h37. O carro citado era um Taunus, não um Austin.