Foto / Charles de Moura/PMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Todos os anos, mais ou menos nesta data, eu fico alvoroçada! Porque gosto muito das festas regionais que temos pelo Vale do Paraíba e, sexta-feira (dia 21) será a “19ª Festa do Mineiro”, produzida pela Prefeitura da cidade. Lembro que ela começou mais tímida no bairro Santana e depois ganhou status de evento municipal.

Normalmente são dois dias com muita música, comidas e produtos típicos mineiros, no espaço Gaivotas e na área verde do Parque da Cidade – Parque Municipal Roberto Burle Marx. Eu chego lá e já reencontro muita gente conhecida! Parece que pessoas de todos os bairros vão para lá! É uma festa tão leve e familiar que é fácil fazer mais conhecidos!

Depois da loucura para encontrar um lugar para estacionar o carro, de longe já vemos os carrinhos de pipoca, algodão doce… e ouvimos as músicas! Todas rurais, estilo regional e em volume ensurdecedor! Aí é que eu já vou entrando no clima! “Oh, trem bão!” Meu contentamento é impossível esconder na face, no meu jeito de caminhar e no de pisar nos pés de algum doido ou doida que me chame para dançar, perto do palco!

Os estandes são muitos! Eu já comprei uma bolsa artesanal colorida de couro, linda, há umas 13 edições anteriores; uso até hoje! Mas também me empolguei e comprei uma peça de madeira, produzida, na hora do evento, por um artesão, e acabei doando a obra. Não por ser feia ou estranha, mas por não ter nada a ver com meu estilo. Tenho certeza que meu amigo presenteado amou o relicário!

As comidas são uma parte importantíssima da festa! O cheiro de alimentos daquele estilo mineiro, cheiroso, de comida “pesada” com muita gordura de porco, é característico do local nestes dias. E há as barracas de doces, mais doces e mais doces: o de casca de laranja é o meu preferido!

Mas a maior lembrança desta festa é uma das experiências mais fortes da minha vida! Eu quase morri do coração! Na edição da festa em 2012, o músico que fecharia o evento seria nada menos que o mineiríssimo Beto Guedes, integrante do Clube da Esquina! Ele simplesmente está entre meus três maiores ídolos da música brasileira.

Eu e meus amigos que também amam Clube da Esquina, principalmente o artista plástico Edson Albano, estávamos até nervosos aguardando o momento do nosso “Beto” aparecer no palco. E o show foi além de todas as minhas expectativas! Até a companhia do saudoso compositor e multi-instrumentista Marcus Flexa eu tive lado a lado, comentando cada atitude que rolava no palco. Imagine o meu contentamento!

Só que a história não para por aí, não. Assim que acabou o show, eu fui conversar com os músicos no camarim e alguns deles me pediram para levá-los para comer arroz carreteiro em uma barraquinha que já estava quase fechando – eram os últimos momentos da festa! Coloquei a “máscara” de jornalista, conversei com eles normalmente, sem ser tiete, e ainda fui até o hotel em que estavam hospedados, com o carro oficial. Mas sem o Beto… ele foi sozinho em outro automóvel… (imagine minha carinha de tristinha…).

Mas ao chegar no hotel… Tchan, tchan! Beto Guedes estava sentando no sofá da recepção tirando os tênis e relaxando. Tirei foto de tudo! Ah, se quiser prova, pode xeretar no meu Facebook!

Em 2021, a Festa do Mineiro será somente online e em apenas um dia. O homenageado da vez é o também saudoso Zé da Viola, que faleceu este ano. Vai ser uma emoção diferente pra mim, com certeza, sem a energia de gente reunida, sem comidas típicas e produtinhos artesanais. Mas eu vou “bater cartão” assim mesmo! Bora dançar dentro do meu quarto!

Toda a programação acontece de forma gratuita pelo canal do Youtube da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.

 

> Vana Allas é jornalista (MTb nº 26.615), licenciada em Letras (Língua Portuguesa) e pós-graduada em Filosofia da Comunicação. É autora do livro “Vale, Violões e Violas – Uma fotografia do Vale do Paraíba”. Mora na Vila Icaraí.