Elizabeth 2ª: 70 anos de reinado em meio a grandes transformações mundiais. Foto / BBC News Brasil

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Os textos a seguir são uma condensação e adaptação do SuperBairro de conteúdos da BBC News Brasil sobre a morte, a biografia e os preparativos para o funeral da rainha Elizabeth 2ª. A British Broadcasting Corporation (Corporação Britânica de Radiodifusão, mais conhecida pela sigla BBC) é uma corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922

 

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62844493

Clique no link e assista ao vídeo (cerca de 3 minutos), produzido pela BBC News, mostrando momentos da vida e do reinado da rainha Elizabeth 2ª

DA REDAÇÃO*

A rainha Elizabeth 2ª, monarca mais longeva do Reino Unido, morreu em Balmoral aos 96 anos, depois de reinar por 70 anos. Ela morreu pacificamente na tarde de quinta-feira (8) em sua propriedade na Escócia, onde passou boa parte do verão. A rainha ascendeu ao trono em 1952 e testemunhou uma enorme mudança social.

Seu filho, o rei Charles 3º, disse que a morte de sua mãe foi “um momento de grande tristeza” para ele e para sua família e que sua perda seria “sentida profundamente” pelo mundo. Membros da realeza se reuniram em Balmoral após os médicos da rainha expressarem preocupação sobre sua saúde. Todos os filhos da rainha viajaram para Balmoral, perto da cidade de Aberdeen, depois que os médicos colocaram Elizabeth 2ª sob supervisão.

Seu neto e agora herdeiro do trono, o príncipe William, e seu irmão, o príncipe Harry, também foram para o local. A premiê britânica Liz Truss, que foi empossada pela rainha na terça-feira (6), afirmou que a monarca era a rocha na qual a moderna Grã-Bretanha foi construída e que ela “nos proveu com a estabilidade e a força que nós precisávamos”.

O período da rainha Elizabeth 2ª como chefe de Estado passou pela austeridade do pós-guerra, pela transição de império para Commonwealth –a comunidade britânica de nações–, pelo fim da Guerra Fria e pela entrada e posterior saída do Reino Unido da União Europeia.

Durante seu reinado passaram 15 primeiros-ministros, começando com Winston Churchill, nascido em 1874, e incluiu Liz Truss, nascida 101 anos depois, em 1975.

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Vida de rainha

A rainha nasceu Elizabeth Alexandra Mary Windsor, em Mayfair, Londres, em 21 de abril de 1926. Poucos poderiam ter previsto que ela se tornaria a monarca, mas em dezembro de 1936 seu tio, Eduardo 3º, abdicou do trono para se casar com a americana duas vezes divorciada Wallis Simpson. O pai de Elizabeth se tornou o rei George 6º e, aos 10 anos, Lilibet, como era conhecida na família, se tornou herdeira do trono.

Três anos depois, a Grã-Bretanha estava em guerra com a Alemanha nazista. Elizabeth e sua irmã mais nova, a princesa Margaret, passou muito do período da guerra no Castelo de Windsor após seus pais recusarem sugestões de que fossem levados para o Canadá.

Depois de fazer 18 anos, Elizabeth passou cinco meses no Serviço Territorial Auxiliar e aprendeu conhecimentos básicos de mecânica de carros e de direção.

Durante a guerra, ela trocou cartas com seu primo de terceiro grau, Philip, o príncipe da Grécia, que servia na Marinha Real. O romance desabrochou e o par se casou na Abadia de Westminster em 20 de novembro de 1947, com o príncipe recebendo o título de Duque de Edimburgo. Mais tarde, ela o descreveria como “minha força e minha guarida” através de 74 anos de casamento, antes de sua morte em 2021, aos 99 anos.

Seu primeiro filho, Charles, nasceu em 1948, seguido pela princesa Anne, em 1950, pelo príncipe Andrew, em 1960, e pelo o príncipe Edward, em 1964. Nesse período, eles deram aos seus pais oito netos e 12 bisnetos.

A princesa Elizabeth estava no Quênia em 1952, representando o rei enfermo, quando Philip deu a notícia de que seu pai tinha morrido. Ela imediatamente voltou a Londres como a nova rainha. Elizabeth foi coroada na Abadia de Westminster em 2 de junho de 1953, aos 27 anos, em frente a uma audiência recorde de TV na época, estimada em mais de 20 milhões de pessoas.

Décadas subsequentes veriam grandes mudanças, com o fim do Império britânico ultramar e os agitados anos 1960 varrendo normas sociais no país. Elizabeth reformou a monarquia para uma era menos formal, entrando em contato com o público em passeios, visitas reais e com presença em eventos públicos.

Mas houve períodos de dor privada e pública. Em 1992, o “annus horribilis” da rainha, um incêndio devastou o Castelo de Windsor –uma residência privada assim como o palácio de uso–, e três dos casamentos de seus filhos terminaram.

Após a morte de Diana, a princesa de Gales, em um acidente de carro em Paris em 1997, a rainha atraiu críticas por parecer relutante a dar uma resposta pública. Havia questionamentos sobre a relevância da monarquia na sociedade moderna.

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Velório e funeral

Quando o caixão da rainha chegar a Londres, haverá um velório no Salão de Westminster por cerca de quatro dias antes do seu funeral, permitindo que a população passe por ali. O grande salão é a parte mais antiga do Palácio de Westminster, no coração do governo britânico. O último membro da família real a ter um velório ali foi a rainha-mãe, em 2002, quando mais de 200 mil pessoas foram ao salão.

O caixão da rainha ficará em uma plataforma elevada, conhecida como catafalco, abaixo do telhado de madeira medieval do século 11. Cada ponta da plataforma terá a guarda de soldados de unidades que servem à Casa Real. Ela será levada do palácio de Buckingham até o salão de Westminster em uma lenta procissão, acompanhada por uma parada militar e por membros da família real.

O público poderá acompanhar a procissão nas ruas e, provavelmente, serão instaladas telas exibindo a cerimônia nos parques reais de Londres. O caixão será envolto pelo estandarte real e, uma vez no salão de Westminster, terá em cima a Coroa do Estado Imperial, o orbe e o cetro.

Assim que o caixão for posicionado no salão, uma pequena cerimônia será realizada. Depois, o público terá permissão para entrar. O funeral da rainha deve acontecer na Abadia de Westminster em menos de duas semanas. O dia exato ainda será confirmado pelo Palácio de Buckingham.

A abadia é uma igreja histórica onde rainhas e reis britânicos são coroados, incluindo a própria coroação da rainha em 1953. Foi ali também que ela se casou com o príncipe Philip em 1947. Desde o século 18 não houve funerais de monarcas na abadia, embora o funeral da rainha-mãe tenha sido realizado ali em 2002.

Chefes de Estado de todo o mundo se juntarão a membros da família real. Políticos de alto escalão e ex-primeiros-ministros do Reino Unido também estarão lá. O dia começará com o caixão da rainha sendo levado do salão de Westminster à Abadia de Westminster por uma carruagem da Marinha Real.

A cerimônia deve ser conduzida pelo reitor de Westminster, David Hoyle, com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, dando o sermão. Após a cerimônia, o caixão da rainha será levado em procissão a pé da abadia até o Arco de Wellington. Depois, seguirá para Windsor em carro fúnebre.

No período da tarde o caixão fará sua rota final até a capela de St. George no castelo de Windsor. O rei e membros da família real devem comparecer a uma procissão no quadrângulo do Castelo de Windsor antes de adentrar na capela de St. George para um rito.

A capela de St. George é normalmente escolhida por membros da família real para casamentos, batizados e funerais. Foi onde o duque e a duquesa de Sussex, príncipe Harry e Meghan, casaram-se, e onde ocorreu o funeral do falecido marido da rainha, o príncipe Philip.

O caixão da rainha será colocado na Abóbada Real antes de ser enterrado na capela memorial do rei George 6º, localizada dentro da capela de St. George.

 

*Fonte: BBC News Brasil – A British Broadcasting Corporation (Corporação Britânica de Radiodifusão, mais conhecida pela sigla BBC) é uma corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido fundada em 1922.

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