Fui desatenta como sempre.
Minha amiga advogada, Alessandra, mora na rua Santa Elza, na Vila Icaraí (que hoje é conhecida como Vila Adyana), me escreve no Whattsapp:
– Vana, vc é a amiga mais “furona” que eu tenho!
É que marcamos diversas vezes nos encontrar na pracinha do Sol (na verdade é sem o diminutivo) e nunca dá certo. Detalhe é que a distância da minha casa e da dela, até a pracinha, é de no máximo um quarteirão.
– Tudo bem, amiga! Desculpe! De amanhã, não passa! –, afirmei.
É uma pracinha normal. Pequena e redonda. Fica no final da rua Santa Clara, com árvores altas, quatro bancos de madeira, uma mesa com quatro banquinhos de alvenaria e o não menos importante: relógio do sol! Feito de alvenaria e ferro, vai mostrando as horas conforme bate a luz do sol. É fofo demais!
Um tempo atrás, algum boboca e infeliz entortou o ferro do relógio. Foi uma tristeza! Mas creio que foi a prefeitura que o desentortou e o relógio está lá. Lindo novamente! O cuidado e valorização dos bens públicos deveria ser melhor ensinado e valorizado pela família e nas instituições de ensino fundamental e médio; eu acho.
Bem, voltando ao encontro, eu conto que fui desatenta porque marquei às 16 horas.
Este horário é perigoso… por conta das “chuvas de março fechando o verão”. Mas promessa é promessa! E a saudade estava grande. Ela deixou “namorido” e filha só pra conversar comigo.
Ao colocar a cara mascarada na rua, o céu estava cinza …. pronto para desabar. Fatal que cairia uma tromba d´água. Arrastando meu chinelinho, naquele exato horário, fui chegando na pracinha e vi minha amiga linda, de olhos azuis, sentadinha no banco de alvenaria a me esperar.
Eu chego afobada, peço a ela para ir comigo à padaria, voltarmos, sentarmos e prosearmos. Ela topa. Imagina o resultado? A tromba caindo, nós duas na metade do caminho –esquina da Santa Elza com a avenida Adhemar de Barros –, encharcando e tentando nos proteger no toldo de um bar.
Tudo bem. Foi legal assim mesmo! Foi meio estranho não ter abraço de “amiga, que saudades”, culpa da pandemia. Mas rimos, eu desabafei, até fizemos self.
Como tudo tem começo e fim, a chuva foi diminuindo. Ela atravessou a pracinha e eu voltei para minha casa. E “só sei que foi assim”. Não nos curtimos em praça nenhuma.
Não é por ser próximo de casa, por passar gente bonita com crianças e cães saudáveis e bem cuidados… Eu não sei o motivo. São José tem mais de 250 praças no perímetro urbano. Dentre essas, esta é a minha.
Detalhe: a foto foi tirada no dia seguinte lá pelas 11h da manhã.
> Vana Allas é jornalista (MTb nº 26.615), licenciada em Letras (Língua Portuguesa) e pós-graduada em Filosofia da Comunicação. É autora do livro “Vale, Violões e Violas – Uma fotografia musical do Vale do Paraíba”. Mora na Vila Icaraí.