Foto / Pixabay

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Quando começou no Brasil essa tal de Black Friday, resolvi ir com minha mulher até o agora extinto supermercado Extra de perto da Ponte Estaiada para ver se comprava uma TV.

Má ideia. Estava lotadíssimo, eu recentemente operado, preocupado em não levar um supetão de um consumidor enlouquecido, fui tentando passar entre a turba, com a ajuda da cara metade. Que televisão, que nada, era um tal de gente passando com televisores erguidos bem alto, entre outros produtos, uma insanidade geral. Não restou nada, nada. Não comprei o que queria e sofri risco naquele inferno. Um horror.

Este, na verdade, é o menor problema da tal Black Friday, o ruim mesmo é a fraude que campeia. Os lojistas sobem todos os seus produtos um mês antes e depois dizem que reduziram, para que na realidade fiquem exatamente como estavam. É a que ficou conhecida neste país como Black Fraude, instituição bem brasileirinha.

Isto não significa que todos façam isso, ressalvo. Mas é difícil você saber se está fazendo um bom ou mau negócio. Eu fico perdidinho. Agora, resolvi comprar uma nova TV, pois a minha já está pifando, está velha e bem ultrapassada. Navegar no escuro outra vez, procurar uma honesta promoção.

Os brasileiros, aliás, adoram importar costumes alheios, macaqueando os americanos. Este da Black Friday faz sentido nos Estados Unidos, onde o capitalismo é levado a sério e quando fazem promoções é para valer. Aqui, o negócio perde a seriedade, ganha outros contornos.

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Basta ver o tal de Halloween, ou Dia das Bruxas. Começou tímido, porém já ganhou adeptos numerosos. Melhor seria reavivarem os nossos próprios monstros, como o Saci-Pererê, entre outros que abundam no nosso folclore.

Você notou que há representantes legítimas e assustadoras das feiticeiras até na política brasileira? Para elas, no entanto, não acho justo festejar dia nenhum.

Em 31 de outubro é um tal de crianças –mesmo adultos– baterem na sua porta pedindo doces que não termina mais. Nós costumamos comprar algumas balas para dar, mas a Tia Filoca nunca deu moleza:

− Que diabo de coisa de estrangeiro que se está inventando? Não dou nada não, não adianta vir esses estafermos de cara pintada. Vão ver é a cara enfezada desta bruxa aqui!

 

> José Roberto Fourniol Rebello é formado em direito. Atuou como juiz em comarcas cíveis e criminais em várias comarcas do estado de São Paulo. Nascido em São Paulo, vive em São José dos Campos desde 1964, atualmente no Jardim Esplanada. Participou do movimento cultural nascido no município na década de 60.

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