Inelegível duas vezes pelo TSE, ex-presidente diz no ato em Copacabana: “Não estou duvidando das eleições, página virada”; ele também desmente envolvimento em suposta tentativa de golpe
DA REDAÇÃO*
Aliados do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) fizeram um ato público na orla da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na manhã de domingo (21). O próprio Bolsonaro usou suas redes sociais para convocar as pessoas para a manifestação.
Pesquisa do “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, da Universidade de São Paulo (USP), calculou que a manifestação teria reunido 32,7 mil pessoas. A margem de erro divulgada é de 12 pontos percentuais, para mais ou para menos. A Secretaria de Segurança Pública do Rio informou que não fez estimativa do público presente.
Participantes da organização revelaram que atos como os já realizados em São Paulo e Rio de Janeiro deverão ser replicados em outras cidades do país. O próximo deve ocorrer em Joinville (SC) e, em seguida, no Nordeste e em Brasília (DF).
Política e religião
Com falas que misturaram política e religião, aliados fizeram discursos em favor de Bolsonaro, do dono da rede social X (ex-Twitter), Elon Musk, e da liberdade de expressão, além de criticarem veículos de imprensa, o atual governo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e as investigações em relação à tentativa de golpe de Estado.
Ao falar em cima de um trio elétrico, Bolsonaro se disse vítima da “covardia” de um sistema que quer vê-lo “fora de combate em definitivo”. Bolsonaro é investigado em inquérito sobre a tentativa de golpe ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023. Seu passaporte foi apreendido pela Polícia Federal (PF), em fevereiro, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, durante a operação Tempus Veritatis.
Segundo a investigação da PF, quando ainda era presidente da República, Jair Bolsonaro discutiu com militares uma minuta de golpe de Estado, em que previa prender Moraes, o também ministro do STF Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Além disso, a minuta previa a realização de novas eleições presidenciais, usando como justificativa falsos indícios de fraudes nas urnas eletrônicas.
Para os manifestantes que estavam em Copacabana, o ex-presidente se defendeu de suposto envolvimento na elaboração da chamada minuta do golpe. “Nunca jogamos fora das quatro linhas. Alguém já viu essa minuta de golpe? Quando se fala em estado de sítio é uma proposta que o presidente, dentro de suas atribuições constitucionais, pode submeter ao parlamento brasileiro. O presidente não baixa decreto nenhum. Só baixa decreto depois que o parlamento der o sinal verde”, disse Bolsonaro no ato de domingo.
Bolsonaro também defendeu os manifestantes presos durante os atos de 8 de janeiro, quando centenas de pessoas invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
‘Página virada’
Ele voltou a falar sobre o processo eleitoral. “Que nós possamos disputar as eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa, onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Não estou duvidando das eleições, página virada.”
Em junho do ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, já que, em julho de 2022, durante a campanha eleitoral, o então candidato à reeleição convocou uma reunião com embaixadores para atacar o sistema eletrônico de votação, sem apresentar provas.
Em outubro do mesmo ano, Bolsonaro tornou-se inelegível pela segunda vez pelo TSE por abuso de poder político. Por maioria, os ministros consideraram que ele aproveitou as celebrações de 200 anos da independência do Brasil, em 7 de setembro de 2022, para benefício próprio em sua campanha eleitoral pela reeleição.
*Com informações da Agência Brasil.