Defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro quer 83 dias para responder à denúncia, em vez dos 15 dias concedidos pelo ministro Alexandre de Moraes
DA REDAÇÃO*
Em sua primeira declaração após a denúncia pela PGR (Procuradoria-Geral da República), sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado em 2022, durante um evento do seu partido em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (20) que não há nada contra ele, apenas narrativas que foram por água abaixo.
“Investiram pesadamente nesta última, golpe. Geralmente quem dá golpe é quem ganha, o golpista não perde, ou se perde, ele está lascado. O duro é quando você é golpeado e te acusam de dar golpe. Devem ter prazer, né, 38 anos de cadeia”, afirmou, concluindo: “O tempo todo [é] ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão”.
33 denunciados
A denúncia apresentada pela PGR na terça-feira (18) aponta que Bolsonaro liderou uma “organização criminosa” que, a partir de 2021, “se dedicou a incitar a intervenção militar no país” e, assim, deflagrar um golpe de Estado, permitindo que ele e seus apoiadores permanecessem no poder, independentemente do resultado das eleições presidenciais de 2022.
Ao longo de 272 páginas, a denúncia elenca fatos, evidências e depoimentos de investigados, como o do ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e conclui que o ex-presidente e outras 33 pessoas, incluindo ex-ministros e militares de alta patente, “agiram para minar a confiança popular no sistema eletrônico de votação e nas instituições democráticas brasileiras”.
Com base no inquérito da Polícia Federal (PF) que, em novembro de 2024, indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, a PGR sustenta que o ex-presidente não só tinha conhecimento, como participou de várias das ações arquitetadas para a consumação do golpe de Estado, incluindo o suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
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Defesa pede prazo
Os advogados do ex-presidente Bolsonaro pediram nesta quinta-feira (20) um prazo de 83 dias para que possam apresentar a defesa contra a denúncia. Segundo eles, é o mesmo número de dias que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, teve para escrever a denúncia. Os advogados invocaram o princípio da paridade de armas no processo criminal para requerer o mesmo tempo que a acusação teve para analisar as provas.
O pedido foi direcionado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que na quarta-feira (19) abriu prazo de 15 dias para que as defesas se manifestem contra a denúncia tornada pública no dia anterior. No mesmo despacho, ele determinou a retirada do sigilo sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que embasou a denúncia.
*Com informações da Agência Brasil e apuração da Redação do SuperBairro.
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