Plenário cheio no primeiro dia do ano para a posse dos eleitos em outubro. Foto / Flávio Pereira/CMSJC

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Estava tudo correndo bem com o acordo visivelmente firmado antes da sessão extraordinária da tarde desta quarta-feira (1º) realizada pela Câmara de São José dos Campos para escolher a mesa diretora para os próximos dois anos.

O atual presidente, vereador Roberto do Eleven (PSD) foi reconduzido ao cargo por unanimidade, com 21 votos; Fernando Petiti (PSDB) ficou como vice-presidente, Juliana Fraga (PT) 2ª vice-presidente e Renato Santiago (União) 2º secretário, todos com 20 votos favoráveis e um em branco.

Roberto do Eleven: novo biênio na presidência da Câmara. Foto / Flávio Pereira/CMSJC

A encrenca aconteceu com a escolha do 1º secretário, o único cargo da mesa em que houve disputa. Milton Vieira Filho (Republicanos) e Lino Bispo (PL) se apresentaram como candidatos. Apurados os 21 votos, Vieira levou a melhor com 12 enquanto Bispo terminou com nove.

A derrota do candidato pelo principal partido de oposição ao novo governo do prefeito Anderson Farias (PSD) provocou revolta. Logo após o resultado, Lino Bispo disparou:

“A política é surpreendente, tem pessoas que não deveriam estar aqui [na Câmara], não têm capacidade e coragem para exercer seu mandato com transparência”, afirmou. “No grupo [do qual] participei tem pessoas que não têm caráter. Há meia hora, havia 11 votos para o vereador Lino Bispo.”

O vereador Roberto Chagas (PL), também se manifestou, dizendo que seria candidato ao cargo de 2º secretário, em disputa com Milton Vieira Filho, mas resolveu desistir. “É a terceira ou quarta vez que tomo uma facada nas costas [como vereador]”, protestou. “Vou me controlar para não falar uma coisa a mais aqui…”, concluiu.

Contra o poder…

Mais importante que a derrota de Lino Bispo é a constatação de que a oposição ao prefeito Anderson poderá não ter muitas oportunidades diante da maioria governista já constituída. Isto lembra a frase cunhada por seguidores de Joaquim Bevilacqua, eleito duas vezes prefeito de São José nas décadas de 70 e 80: “Contra o poder não há salvação”.

Mesmo assim, ainda é cedo para se afirmar que a base de Anderson na Câmara será indestrutível. Por enquanto, porém, a oposição vai dormir de cabeça quente neste 1º de janeiro e acordar com ressaca na quinta-feira.

Lino Bispo: após a posse, derrota como nome da oposição para o cargo de 1º secretário. Foto / Flávio Pereira/CMSJC

MESA DIRETORA / 2025/2026

> Presidente – Roberto do Eleven (PSD)

> 1º vice-presidente – Fernando Petiti (PSDB)

> 2ª vice-presidente – Juliana Fraga (PT)

> 1º secretário – Milton Vieira Filho (Republicanos)

> 2º secretário – Renato Santiago (União)

 

Comissões permanentes

Após a eleição da nova mesa diretora, o presidente Roberto do Eleven anunciou a segunda sessão extraordinária do dia, desta vez para escolher os integrantes das comissões permanentes, com início previsto para as 17h15.

Para os iniciados nos meandros da política, a definição das comissões poderia criar ainda mais rivalidade do que os cargos da mesa, pois a atuação delas tem grande importância na tramitação das matérias em plenário.

Assim que houver uma definição, a coluna Política & Políticos irá publicar os nomes dos integrantes das comissões para 2025/2026.

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‘Comício’ na posse

Foi bastante concorrida a cerimônia de posse do prefeito Anderson Farias (PSD), do vice-prefeito Wilker Lopes (MDB) e dos 21 vereadores eleitos em outubro do ano passado. Com início por volta das 10h30, no plenário da Câmara, a posse foi prestigiada pelo governador do estado em exercício Felicio Ramuth, duas vezes eleito prefeito de São José, que fez um rápido e caloroso discurso.

Além das autoridades civis e militares de praxe, a cerimônia teve a presença dos ex-prefeitos Joaquim Bevilacqua e Carlinhos de Almeida. O plenário foi tomado por convidados dos eleitos, principalmente familiares e assessores.

Depois de empossados, veio a surpresa. Além de Ramuth, todos os 23 eleitos poderiam discursar. Os primeiros até foram breves, porém alguns vereadores resolveram transformar o momento em comício, fazendo com que a solenidade durasse cerca de três horas e atrasasse o início da sessão extraordinária que viria em seguida para eleger a nova mesa diretora.

Felicio Ramuth, governador em exercício, compareceu à posse. Foto / Flávio Pereira/CMSJC
Wilker e Anderson fazem o juramento após terem sido empossados nos cargos. Foto / Flávio Pereira/CMSJC

Discurso longo

Discursos longos fazem lembrar uma história que passou para o folclore político brasileiro. O então governador paulista Adhemar de Barros visitava uma pequena cidade do interior quando um dos políticos locais aproveitou o grande público e tirou do bolso do paletó um calhamaço de folhas onde estava escrito o seu discurso.

Mas o velho Adhemar foi ligeiro e arrancou a papelada das mãos do orador, colocando-a no seu próprio bolso e avisando em voz alta:

– Pode deixar que eu leio em casa…

APOIO SUPERBAIRRO

Secretários empossados

Após a solenidade de posse na Câmara, a turma do Poder Executivo cumpriu outra programação na parte da tarde. No Paço Municipal, foi assinado o “termo de assunção” do prefeito e do vice-prefeito. Em seguida, no Cefe (Centro de Formação do Educador), ao lado do Parque da Cidade, todo o secretariado foi empossado.

 

*Texto atualizado às 21h49 do dia 1º/1/25.