Foto / Reprodução

Wagner Matheus é jornalista (MTb nº 18.878) há 45 anos. Mora na Vila Guaianazes há 20 anos.

Tom Jobim

 

Vou fazer a minha casa

No alto do chapadão

Vou levar o meu piano

Que ficou no Canecão

 

Vou fazer a minha casa

No alto do Chapadão

Vou levar Don’Aninha

Pra me dar inspiração

 

Vou fazer a minha casa

No alto de uma quimera

Vou criar um mundo novo

Vou criar nova megera

 

Vou fazer a minha casa

Com largura e comprimento

E peço ao Paulo uma sala

Pra botar Aninha dentro

 

Vou botar minha biruta

No taquaruçu de espinho

Vou fazer cama macia

Pra te amar devarinho

 

Seremos dois belezudos

Neste mundo de feiosos

As noites serão tranquilas

E os dias tão radiosos

 

Quero a minha casa feita

Com régua prumo e esmero

Quero tudo bem traçado

Quero tudo como eu quero

 

Quero tudo bem medido

De largura e comprimento

Não quero que minha casa

Me traga aborrecimento

 

Vou fazer a minha casa

Do alto de uma canção

E agradecer a Deus Pai

A sobrante inspiração

 

Sob a axila do Cristo

Neste sovaco cristão

Vou fazer a minha casa

No alto do Chapadão

 

E vou dar festa bonita

Com bebida e com garçom

E ao Lufa que foi amigo

Dou champagne com bombom

 

Vou fazer a minha casa

No centro do ribeirão

Quero muita água limpa

Pra lavar meu coração

 

Minha casa não terá

Nem sábado e nem domingo

Todo dia é dia santo

Todo dia é dia lindo

 

E dentro da minha casa

Nunca vai juntar poeira

Pelo meio dela passa

Uma enorme cachoeira

 

Quero água com fartura

Quero todo o riachão

Quero que no meu banheiro

Passe inteiro o ribeirão

 

Quero a casa em lugar alto

Ventilado e soalheiro

Quero da minha varanda

Contemplar o mundo inteiro

 

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido pelo seu nome artístico Tom Jobim, foi compositor, pianista, violonista, arranjador, flautista e cantor. Considerado um dos grandes expoentes da música brasileira, Jobim internacionalizou a bossa nova e, com a ajuda de importantes artistas estadunidenses, fundiu-a com o jazz nos anos 1960 para criar uma nova sonoridade, de sucesso popular. Por isso, às vezes é conhecido como o “pai da bossa nova”. Nasceu em 25 de janeiro de 1927, no Rio de Janeiro (RJ), e morreu em 8 de dezembro de 1994, em Nova York (EUA), no Hospital Mount Sinai. Fonte: Wikipédia

APOIO / SUPERBAIRRO

> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.

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