Tom Jobim
Vou fazer a minha casa
No alto do chapadão
Vou levar o meu piano
Que ficou no Canecão
Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão
Vou levar Don’Aninha
Pra me dar inspiração
Vou fazer a minha casa
No alto de uma quimera
Vou criar um mundo novo
Vou criar nova megera
Vou fazer a minha casa
Com largura e comprimento
E peço ao Paulo uma sala
Pra botar Aninha dentro
Vou botar minha biruta
No taquaruçu de espinho
Vou fazer cama macia
Pra te amar devarinho
Seremos dois belezudos
Neste mundo de feiosos
As noites serão tranquilas
E os dias tão radiosos
Quero a minha casa feita
Com régua prumo e esmero
Quero tudo bem traçado
Quero tudo como eu quero
Quero tudo bem medido
De largura e comprimento
Não quero que minha casa
Me traga aborrecimento
Vou fazer a minha casa
Do alto de uma canção
E agradecer a Deus Pai
A sobrante inspiração
Sob a axila do Cristo
Neste sovaco cristão
Vou fazer a minha casa
No alto do Chapadão
E vou dar festa bonita
Com bebida e com garçom
E ao Lufa que foi amigo
Dou champagne com bombom
Vou fazer a minha casa
No centro do ribeirão
Quero muita água limpa
Pra lavar meu coração
Minha casa não terá
Nem sábado e nem domingo
Todo dia é dia santo
Todo dia é dia lindo
E dentro da minha casa
Nunca vai juntar poeira
Pelo meio dela passa
Uma enorme cachoeira
Quero água com fartura
Quero todo o riachão
Quero que no meu banheiro
Passe inteiro o ribeirão
Quero a casa em lugar alto
Ventilado e soalheiro
Quero da minha varanda
Contemplar o mundo inteiro
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido pelo seu nome artístico Tom Jobim, foi compositor, pianista, violonista, arranjador, flautista e cantor. Considerado um dos grandes expoentes da música brasileira, Jobim internacionalizou a bossa nova e, com a ajuda de importantes artistas estadunidenses, fundiu-a com o jazz nos anos 1960 para criar uma nova sonoridade, de sucesso popular. Por isso, às vezes é conhecido como o “pai da bossa nova”. Nasceu em 25 de janeiro de 1927, no Rio de Janeiro (RJ), e morreu em 8 de dezembro de 1994, em Nova York (EUA), no Hospital Mount Sinai. Fonte: Wikipédia
> Júlio Ottoboni é jornalista (MTb nº 22.118) desde 1985. Tem pós-graduação em jornalismo científico e atuou nos principais jornais e revistas do eixo São Paulo, Rio e Paraná. Nascido em São José dos Campos, estuda a obra e vida do poeta Cassiano Ricardo. É autor do livro “A Flauta Que Me Roubaram” e tem seus textos publicados em mais de uma dezena de livros, inclusive coletâneas internacionais.