Ritmo perfeito: o filme representa bem o cinema argentino e traz como "bônus" um final surpreendente. Foto / Divulgação 
Lançado na Argentina em 2009, “Las Viudas de los Jueves” é um ótimo suspense, disponível na Netflix. Baseado no best-seller de Claudia Piñeiro, o filme desnuda a vida perfeita de quatro casais que moram num condomínio de alto padrão em Buenos Aires. Aquela aparente felicidade das famílias abastadas oculta vícios, filhos problemáticos, inveja, dívidas e mágoas reprimidas.
As cenas iniciais mostram três corpos masculinos boiando na piscina da mansão da viúva e protagonista Teresa (Ana Celentano: “Farol das Orcas”, “Yo Nena, yo Princesa”), uma mulher elegante, beirando os 40 anos e casada com o bem-sucedido Tano (Pablo Echarri: “O que Você Faria?”, “No Fim do Túnel”). O fato ocorre numa quinta-feira, dia em que os homens habitualmente se reúnem para jogar e beber em casa, enquanto suas esposas jantam num restaurante.
O segundo casal é formado pela invejosa Lala (Glória Carrá: “Maré Alta”, “A Infiltrada”) e o frágil Martín (Ernesto Alterio: “Perfeitos Desconhecidos”, “Infância Clandestina”), que há mais de um mês esconde da esposa a sua demissão.
Recém-chegados ao condomínio, o estranho e possessivo Gustavo (Juan Diego Botto: “O Esquadrão Suicida”, “1492 – A Conquista do Paraíso”) é casado com a bela Carla (Juana Viale: “Edha”, “Cachorros”), que oculta de todos a crise no casamento. Finalmente, o par menos problemático é Ronnie (Leonardo Sbaraglia: “Dor e Glória”, “Relatos Selvagens”) e a corretora de imóveis Maya (“El Exilio de Gardel”, ”Muito Amor pra Dar”).
Transitando com perfeição entre o passado e o presente, é mérito do diretor Marcelo Piñeyro (“Kamchatka”, “O que Você Faria?”) dar ao filme um ritmo perfeito, que capta a atenção do telespectador desde o início e o encerra com um final surpreendente. Nem a pipoca vai distrair você!
Série
‘Recursos Desumanos’
O francês Alain Delambre (famoso e idolatrado ex-jogador de futebol Eric Cantona: “Identidade Trocada”, “A Salvação”) está beirando os 60 anos de idade e há muito procura um emprego. Desacreditado pela família, quando consegue uma colocação profissional se vê em meio a um jogo de manipulação desenfreada, em que é tão somente mais uma peça na crueldade corporativa. Preso, ele é defendido pela filha e advogada Lucie (Alice De Lencquesaing: “Chocolate”, ”Cyrano Mon Amour”).
Com apenas uma temporada, a Netflix novamente acerta o alvo ao nos presentear “Dérapages”, uma produção que em seis pesados episódios escancara o capitalismo selvagem.
> Tila Pinski é jornalista (MTb 13.418/SP), redatora e revisora de textos, coordenadora editorial e roteirista. Cinéfila, reside há dez anos na Vila Ema.
